Na droga
Há uns dias atrás houve uma manif pela legalização da cannabis.
É uma reinvindicação estúpida.
Há décadas que só não fuma marijuana quem não quer mesmo, apesar das proibições.
A solução deveria há muito ter sido ditada pelo bom senso a Governos e polícias que ao que se diz se debatem com falta de recursos, quanto à manutenção obstinada de um "combate" a uma substância que qualquer um pode comprovar ser, em termos práticos, inofensiva.
Se, por outro lado, a polícia e o Governo cumprem o papel que lhes cabe, isto é, serem estúpidos e conservadores como lhes compete, e consumir essa droga leve passa por ser um acto de rebeldia, é um absurdo procurar a sua legalização. Há que assumir, com os devidos cuidados.
Mesmo assim surpreendeu-me que num telejornal qualquer, tenha sido chamado a comentar a tal manif, não um dos seus proponentes, mas um Dr. Pinto Coelho.
O Dr. exibiu um artigo publicado na prestigiada Lancet que é um requisitório concludente contra o consumo da "erva".
Disse que o princípio activo da marijuana é hoje "20 vezes" mais potente do que há vinte anos, o que tornaria o consumo dessa droga perigosíssimo, herdando o estatuto de causador dos maleficios que há uns séculos se atribuiam à masturbação. Esquizofrenia garantida, talvez cegueira, impotência, claro, aqueles defeitos que se sabe...
Admitindo que o peso da Lancet possa fazer alguns reflectirem, ocorreu-me perguntar duas coisas:
1- Porque é que o tal princípio activo aumentou de potênciaem vinte anos? Manipulação ou mutação genética?
2- O que pensava do assunto há 20 anos, quando o princípio era menos activo, o Dr. Coelho?