terça-feira, julho 27, 2010 

Os zombies

Afinal enganei-me. Nas caixas de comentários do Público há ainda resistentes desesperados que não aceitam outra coisa, não conseguem conceber, senão o cenário de falência generalizada do nosso sistema financeiro e revoltam-se com todas as suas forças contra qualquer indício de que a coisa não é bem assim.
Isto apesar de ser patente pelo tipo de linguagem que não percebem patavina de economia ou do que quer que seja. A culpa é do Sócrates, é dos "ladrões"... já não se sabe que culpa? de quê? apenas interessa que É. E é do Sócrates...
O acesso a alguma informação criou uma camada da população radicalmente solipsista capaz de criar o seu discurso sobre a realidade e incapaz de aceitar qualquer narrativa minimamente divergente.

 

Não há meio

Que chatice. As notícias não trombeteiam que os bancos portugueses submetidos ao temido "teste de stress" estão em risco. Parece que passaram... parece que estão entre os melhores "do sul da Europa".
Ok, este está visto, não interessa falar mais, vamos lá procurar outras "fragilidades" rapazes, outros "índices", é urgente que continuemos na cauda da Europa.

quinta-feira, julho 22, 2010 

Temos homem

A perspicácia do líder do PSD é extraordinária.
Com 10% do país no desemprego propõe que se "flexibilizem" os despedimentos...
Os adeptos têm razão quando acham que a proposta foi... extemporânea, no mínimo, mal "comunicada".
Está visto que a proposta de revisão constitucional só deveria ter sido feita de surpresa e de forma a apanhar o pessoal todo de calças na mão depois de uma maioria absoluta do PSD... agora, não sei o que vai suceder...
Claro que a reacção do PS foi "aproveitar" o pretexto para "desviar a atenção" dos "problemas do País"...
Mais uma vez se comprova que a "central de informação do Sócrates" domina tudo... até a agenda do líder do PSD. Prova disso é que a proposta disparatada do Passos Coelho NÃO foi abafada.

domingo, julho 18, 2010 

Porto porto


Uma pele granítica de onde sobressaem uma espécie de barbas de baleia em ferro forjado...
definindo as formas, os vazios e os cheios, os ossos e as artérias, o drama e o espectáculo da urbe,
a fronteira envidraçada entre a sombra e a luz, o privado e o público.

 

É pr'amanhã

Um dos últimos do números da Scientific American traz um artigo intitulado "12 Events that will change everything" .
São analisadas as probabilidades de até ao ano 2050 se verificarem uma série de acontecimentos naturais ou provocados pelo homem que por si sós podem transformar completamente a nossa sociedade.
No artigo é analisada a possibilidade de ocorrência de catástrofes naturais como o grande terramoto da falha da Califórnia e a colisão com um asteróide,  ou provocadas pelo homem, como uma guerra nuclear ou ainda acontecimentos extraordinários como o contacto com extra-terrestres.
Incluída na lista, a chamada "fusão nuclear", promessa de um futuro brilhante de energia limpa e ilimitada.
Em relação a este maná que viria finalmente levantar os grandes obstáculos que se colocam a uma utilização barata e segura da energia nuclear, podemos sentir-nos como um burro a quem agitam uma cenoura pendurada num pau a poucos centímetros do nariz.
Há vinte anos, previa-se que essa tecnologia estaria disponível dali a... vinte anos, vaticínio que de uma certa maneira não deixa de se manter válido. Isto é, actualmente prevê-se que essa tecnologia estará disponível daqui a... vinte anos...

sábado, julho 17, 2010 

Sintomático (2)

No café discutia-se a crise e o homem de ar austero, vestido de cinzento, explicou a raiz do problema:
"A culpa disto é do 25 de Abril.
Dantes não havia reformas nem nada dessas facilidades... queriam comer, viravam-se, iam trabalhar, mais nada... agora andam por aí de costa alta com exigências..."
Fiquei baralhado. É que se isto é assim é muito fácil resolver a crise.
Se calhar o Governo tem amplo apoio popular para acabar com uma série de benesses que andam normalmente à trela do "Estado Providência" e que pesam significativamente no déficit.
Mas então porque é que se acusa o Governo por alegadamente as suas políticas desastradas de anos anteriores obrigarem a medidas de austeridade que nos poderão levar ao maravilhoso mundo de antigamente?
Paradoxos...



 

Sintomático (1)

O taxista era daqueles que empurrava o taxi para o chegar à frente na bicha.
Entrei e fui varrido com a rajada habitual:
" O serviço que há hoje, não dá nem para comer nem sequer para o desgaste do motor de arranque.
Esse sacana do Sócrates é que arruinou o País...Já viu como isto está?"
Não me restou mais do que engolir em seco e preparar-me para o rosário de desgraças. Dizem que "o cliente tem sempre razão", mas nisto dos taxis aconselha-se ponderação.
"Em primeiro lugar isto do aumento dos impostos é I-N-C-O-N-S-T-I-T-U-C-I-O-N-A-L, frisou sincopando as letras e espetando o dedo indicador,  estive a falar com o meu filho que é formado em Economia e ele confirma..."
O capachinho até vibrou com a veemência do discurso.
À medida que a corrida se desenrolava o panorama foi-se colorindo:
" Isto aqui não dá para comer...
O que me vale é que o taxi é meu...
Se não fosse a minha reforma do Luxemburgo, um País credível...
Com a da minha mulher são 2.500 Euros...
E temos uma moradia na terra... com dezanove metros de comprido e 12 de lado...
De maneira que lá nos vamos aguentando..."
Vidas cerceadas... de um País em crise, onde "já não dá para comer"...

domingo, julho 11, 2010 

Guru

Já se tem visto pior...
O planeta inteiro suspenso das opiniões dum polvo.