domingo, novembro 26, 2006 

Falha

Falha-nos o Mário. O gajo que ameaçou processar quem lhe fizesse uma estátua deixou-nos.

 

Compressa

Acendi a TV por uns minutos e aterrei no meio do Eixo do Mal quando a Clara Ferreira Alves punha finalmente na ordem o neocon de serviço ao programa, um José Júdice jornalista que eu apreciei em tempos e que a invasão dos body snatchers transformou num zombie sionista irreconhecível. Já era tempo de ouvir dizer preto no branco na televisão, em voz alta, claramente e sem hesitações que os pseudo apoiantes de Israel não têm autoridade nenhuma para chamar de anti semitas, cúmplices do terrorismo ou o que quiserem seja a quem for.

 

O fardo do homem brando

A direita que durante algum tempo animou a blogosfera com o seu optimismo juvenil, está a ficar chata, pessimista e derrotista.
Pouco mais de três anos e um meio revés militar bastaram para a transportar dos delírios triunfalistas do "nation building" e da expansão da "democracia liberal", para a melancolia de artigos como "Por quem os sinos dobram" de Rui Ramos publicado no Público e reproduzido no Atlântico.
Alinhando uma série de "indícios" em que mistura alhos com bogalhos e dilui responsabilidades relativamente ao Iraque, Ramos tenta explicar às massas a grande novidade de que não estamos sós... e acusa-nos de caminharmos alegremente para o desastre convencidos de que ainda mandamos no mundo, acabrunhados pela "culpa do homem branco" enquanto somos lentamente invadidos pela barbárie.
Surpreendentemente para um historiador, Rui Ramos coloca no mesmo prato factos como o desenvolvimento dos impérios ocidentais ao longo dos dois últimos séculos feito em grande parte à custa das colónias e anedotas e teorias da conspiração sobre o 11 de Setembro.
A sua reflexão sobre a presente situação política, ele que alguns consideram um "farol" da direita continua a reduzir-se à dicotomia acéfala do "fazer guerra ou não ao terrorismo" e a lamentar quanto ao Irão a "relutância dos EUA em aproveitar o devaneio nuclear para uma daquelas incursões por conta própria de que, há uns anos, foram acusados de ter o gosto". Repare-se nas palavras "Há anos..." e "foram acusados"... injustamente, claro.
Atira uma farpa às teses do "esquerdista" pró-guerra Paul Berman sobre a génese do "fascismo islâmico", sem avisar que serviram galhardamente na barragem de fundamentação teórica com que os neoconservadores venderam a guerra que ele Rui Ramos comprou.
Quanto à "teoria" do racista americano Samuel Huntington sobre "o choque das civilizações", Ramos apenas lamenta que seja uma daquelas teorias que "só servem para darem a toda a gente o consolo de as refutar".
Talvez involuntariamente, Rui Ramos faz uma constatação talvez contribuisse para compreendermos melhor o nosso papel no mundo e a forma como os outros nos vêem:
"Gostamos de pensar como se não houvesse mais ninguém no mundo. Não queremos admitir que os outros tenham razões e objectivos para além das queixas contra nós. Assim nos convencemos de que está nas nossas mãos, sem demasiados sacrifícios, apaziguá-los." Um bom princípio se o "apaziguá-los" não fosse um eufemismo para "pacificá-los".
Uma vez que se passou a última década a debater aquilo que se designa como a "globalização", defendendo alguns que esse fenómeno é uma expressão da missão civilizadora do capitalismo e da liberalização económica que estaria já a produzir frutos ao arrancar da miséria mais extrema a maioria da população do planeta, não se percebem agora estes queixumes de que estamos a perder o controle .
Num mundo "efectivamente globalizado" como poderá escandalizar e entender-se como sintoma de decadência, que representando o conjunto dos países da União Europeia "6 por cento da população mundial" se verifique que "em 2005, pela primeira vez desde há dois séculos, os países mais ricos do mundo não produzem a maior parte da riqueza"?
Qualquer inocente pensará que sendo a globalização um benefício global, esta tendência seria o natural resultado da correcção de excessivas assimetrias passadas provocadas pelas dificuldades da livre circulação de bens.
Textos como este do Rui Ramos e outros como o Niall Ferguson (verdade seja dita que contrariando a tendência normal quando intelectuais portugueses tentam vender aqui na terra de cegos teses que "beberam" de congéneres mais cosmopolitas, o tom introspectivo de Ramos é bem mais digerível do que a rançosa prosa de catequista integralista ressaibiado do escocês) revelam o descontentamento de gente que se começa a sentir "enganada".
Defenderam com unhas e dentes a "liberalização" enquanto esta não punha aparentemente em causa o que viam como o natural e incontestado domínio geoestratégico do Ocidente, e permitia às classes que servem uma porta de saída para derrubar o que resta das conquistas dos trabalhadores conseguidas entre os finais do século dezanove os primeiros dois terços do século vinte.
Gostando "de pensar como se não houvesse mais ninguém no mundo", viram só as vantagens: um gigantesco exército industrial de reserva e um mercado em expansão, esqueceram-se de que tudo isto tem implicações políticas profundas, que levarão o mundo tal como o conhecemos numa outra direcção.
"Imprevisível" gostam de dizer os direitistas quando se trata de discussões teóricas e convencer a populaça de que deve abdicar de direitos adquiridos em prol da "aventura do futuro".
Na prática, agem como gente "ponderada" que tenta por todos os meios "acautelar" esse futuro.
Nessa mudança acelerada em que nos encontramos, o maior perigo não é "o terrorismo" em nome do qual continuamos a ser cúmplices das maiores crueldades sobre populações miseráveis e praticamente indefesas.
O maior perigo somos nós próprios.
Maior perigo é, por exemplo, o défice americano que o "menino guerreiro" Bush deixou duplicar, muito por culpa das aventuras militares, mas também da necessidade de "aligeirar" o Estado dos impostos dos mais ricos, capaz a qualquer momento de provocar um colapso de grandes dimensões, também elas "imprevisíveis". Nada que assuste os gurus que em Portugal exigem "rigor" orçamental.
Maior perigo é aproveitar a desculpa dos chineses para nos equiparar a eles em (des)protecção social e pretender que em seguida subsistam razões para defender a "nossa" "civilização".
A possibilidade da combinação entre uma arrogância imperial fora de tempo e um arsenal infinito como corpos estranhos sem correspondência com o restante tecido económico e social, perante uma China que sempre foi e se considerou um Império e vai aos poucos readquirindo os meios para "dialogar" em termos militares, é a receita potencial para uma grande catástrofe.
Se calhar, há coisas em que temos de pensar colectivamente.
Poderemos fazê-lo?
Duvido mas vamos esperar para ver.

sábado, novembro 25, 2006 

O regresso do filho do Nuclear

Foi de pé atrás que comecei a ler o livro Nuclear de Jorge Nascimento Rodrigues e Virgílio Azevedo editado pelo Centro Atlântico.
É que já começa a cheirar a esturro esta insistência em debater o nuclear.
Cheira a esturro porque o "debate" em que se tem insistido em Portugal nos últimos meses, mais não é na maior parte das vezes do que a tentativa de vender ao público um solução de central nuclear para Portugal, enquanto se faz pressão sobre o Governo .
Cheira a esturro porque parece ser consensual a opinião entre muitos dos especialistas com formação e autoridade no assunto que o nuclear "em si", não é sequer uma solução que se "debata", é um campo de investigação científica importantíssimo que poderá no futuro contribuir para reduzir parcialmente a nossa dependência dos combustíveis fósseis.
Cheira a esturro porque é consensual a opinião entre muitos dos especialistas com formação e autoridade no assunto que a solução proposta no princípio do ano por um grupo de investidores é pouco clara em vários aspectos e que essa solução concreta para a opção nuclear é prematura e merece reservas quanto à sua viabilidade técnica e financeira, sobretudo desde que sejam contabilizados todos os custos associados ao seu ciclo de vida completo.
Cheira a esturro porque desde há cerca de seis meses que se tem vindo a insistir na "necessidade" de "debater o nuclear", ignorando, como se fossem "transparentes" todos os debates entretanto levados a cabo e nesses debates os argumentos avassaladores contra a solução concreta de central nuclear em Portugal "agora" ou a muito curto prazo.
Embora eu não tenha até agora conseguido ler o livro na sua totalidade, (do capítulo "as opiniões que contam" ainda só li as entrevistas a Delgado Domingos e a Pedro Sampaio Nunes ) a impressão que tenho até ao momento é positiva.
Os autores e os seus convidados fizeram um levantamento bastante interessante quer dos argumentos pró e contra o nuclear quer em geral quer relativamente a uma solução "portuguesa" devidamente contextualizados com outras alternativas possíveis e os desafios que se colocam à humanidade no campo dos recursos energéticos.
Até ao momento, a maior surpresa foi a intervenção de Delgado Domingos.
Um veterano da investigação nuclear portuguesa, é habitualmente cilindrado nos debates que tenho visto na televisão pelo superior savoir faire e experiência mediática de Pedro Sampaio Nunes um defensor do projecto nuclear português, de tal forma que eu já pensava que o JJ era, por excessiva veterania, uma carta fora do baralho neste "debate".
Enganei-me. Longe das câmaras e das permanentes tácticas de interrupção cirúrgica de Sampaio Nunes, Delgado Domingos alinha uma série de argumentos arrasadores para o nuclear, quer em aspectos técnicos, de segurança e por consequência económicos.
À medida que for avançando na leitura do livro, que de acordo com o lema do blog é feita entre casa e o trabalho, darei mais opiniões.

 

O partido do Povo

No Blogue da Revista Atlântico, Henrique Raposo continua a sua busca obstinada de uma "via portuguesa" para o liberalismo.
Depois de uma leitura atenta do seminal "Que fazer ?", o Henrique tem já congeminado um sistema de alianças...
Tudo meticuloso. E não o critico porque eu também gostaria de ter muitos amigos destes, pois da burguesia, só interessa a proprietária, aos outros faltarão pedigree e (suspeito eu) fundos.
Do sector privado interessa sobretudo "o sector" que olha com desdém para a função pública ( malta que não bebe água da torneira, por exemplo, só toma banho com champagne, declara receber abaixo do ordenado mínimo nacional e nunca pôs os pés num hospital...).
Quanto à "classe mais sensível" na definição de Estaline, Raposo, num deslize comprometedor parafraseia um escritor esquerdófilo: "Ninguém fala à jovem geração".
E ainda dizem que Marx morreu e que não há luta de classes...

 

Sublimações


N'o Divã, Henrique Raposo está no seu melhor... fascinado com "o ar de reconforto de algumas pessoas ao verem o caos do Iraque".
A sério? Há caos no Iraque? Olha que novidade...
Não sei com que tipo de gente o Henrique se dá, mas não conheço ninguém "reconfortado" com o que se passa no Iraque.
Não conheço mas leio ocasionalmente algumas pessoas que, cá, do café ou do blog, viram o aproximar desta tragédia anunciada com um entusiasmo "reconfortante" e durante muito tempo mantiveram que "valeu a pena"...
Podia esperar-se que o Henrique e outros, como o impagável Zúquete ( sempre às voltas a remoer a monomania do "anti-americanismo", outro caso de divã...) e a maioria do povo "atlântico" aproveitassem este caso edificante para meditarem honestamente sobre os mecanismos que podem levar pessoas inteligentes, cultas, informadas a apoiarem actos como a invasão do Iraque.
E sobre as consequências locais ( para os desgraçados dos iraquianos) e globais ( para todos nós) desses actos.
É pedir muito, eu sei.
O mais que saem é "divans" destes... fruto de um "desconforto" ressentido de quem incapaz de assumir um erro de análise, está mais preocupado em salvar a face.
Em vez de uma reflexão séria é mais fácil a fuga para a frente, a tentativa infantil de tirar desforço da "bela esquerda", à custa de um reconfortado de proltrona que provavelmente não passa de um fantasma inquilino do sótão do Henrique.
O fantasma do "reconfortado" pode juntar-se ao "anti-americano" no coro de "vozes" que a direita "ouve" com insistência na sua própria cabecinha.
Faz um esforço de memória ó Henrique: a "bela esquerda", por muito nas lonas que esteja, e apesar de o não ter feito só, das poucas coisas positivas de que se pode orgulhar nos últimos tempos é ter, na sua esmagadora maioria, AVISADO. O resto...

terça-feira, novembro 21, 2006 

Os novos monstros

O Jantar das Quartas é um simpático blog de extrema direita.
Basta dar uma olhadela a meia dúzia de posts para se ver que o "programa" é simples e claro.
E completo...
Racismo, antisemitismo, revisionismo, e antidemocracia, intolerância geral para resumir.
Recomendo vivamente uma passagem pelas caixas de comentários para se ter uma percepção do que intra-muros pensam e escrevem os aficionados desse blog transportados por uma elevação só ao alcance de devotos dos refinados valores espirituais que dão nobreza e carácter à nossa civilização.
Não que eu tenha por hábito envolver-me em discussões ou polémicas com a extrema direita.
É improfícuo.
Nem eles me convencem a mim nem eu os convenço a eles, pelo menos dentro da normal da vivência democrática que tanto lhes desagrada.
A única razão que me leva a referi-los é a singela e apropriada homenagem que fazem a um dos grandes Papas do ultraliberalismo, o recentemente desaparecido Milton Friedman, mesmo junto a um outro excelente post de "serviço público" sobre o camisa negra ( e grande poeta ) Ezra Pound.
Cumprimento-os pela sua invulgar clarividência quanto ao "liberalismo" do senhor Milton e o tipo de "liberdade" que defendia.

 

Jogos infantis

Causou alarido a admissão pelo Tony Blair, durante a entrevista que deu à edição inglesa da Al-Jazeera, de que a situação no Iraque é um “desastre”.
Admitiu, não admitiu...pergunto eu:
O que é que isso interessa?
1-Alguém precisava da confirmação?
2-Alguém acha realmente que alguma vez o Blair, ou o Bush ou alguns dos seus patéticos papagaios vai admitir que cometeu um erro trágico?
Sendo assim, penso que a explicação dada posteriormente por Downing Street é correcta. A “concordância” de Blair resultou apenas duma expressão verbal de cortesia no contexto de uma conversa e não significa aceitação da caracterização da situação feita pelo entrevistador.
No máximo será um lapsus linguae. Ora tentar marcar pontos num debate político deste tipo a partir de um lapsus linguae é colocarmo-nos no plano do adversário político.
O mal, a "guerra preventiva", o caos instalado, está feito, já não interessa especular mais sobre o assunto.
Mais: neste caso, o facto de um político como Blair, responsável directo pelo que se passa admitir o óbvio, de certo modo “enobrecê-lo-ia”, uma hipótese de concretização duvidosa.
O que perturba é que a causa do desastre reside na explicação dada por Blair para o falhanço do "plano".
"It has, but you see what I say to people is why is it difficult in Iraq? It's not difficult because of some accident in planning, it's difficult because there's a deliberate strategy - al Qaeda with Sunni insurgents on one hand, Iranian-backed elements with Shia militias on the other - to create a situation in which the will of the majority for peace is displaced by the will of the minority for war."
Para o Blair e restantes apoiantes da guerra, o que correu mal não foi o tal "plano”, o que correu mal foi o magano do inimigo não se ter conformado com ele ( era tão, tão bom...).
Por incrível que possa parecer, para estes estrategas da guerra do Raul Solnado, a grande surpresa foi o inimigo não ter "colaborado"!
Para os líderes que provocaram a guerra, o inimigo não tem personalidade ou vontade, é plasticina que se “molda” ao sabor da sua vontade.
Isto não é um caso isolado, é a essência da actual linha do "pensamento único".
Pregando aos quatro ventos a contingencialidade de tudo na vida, em particular a segurança na saúde e o posto de trabalho, os nossos líderes "democratas liberais" tomam decisões militares como se todo o adversário que lhes dá na cabeça afrontar fosse um sparring partner, um maduro suficientemente coriáceo pago para levar uns punchs bem afiambrados sem ir logo ao tapete e ripostar quando possível mas com suficiente cuidado para que o campeão não se lesione até ao confronto a sério.
Não é que eu deseje um “confronto a sério”. Não quero estar cá ( nem eu nem ninguém que eu conheça) se um dia houver um confronto “a sério” com a Rússia ou com a China, o que é muito provável que venha a acontecer.
O que eu desejaria é que nunca tivesse vingado a teoria nojenta da preemptive war, por várias razões:
1- por uma questão de princípio. Viola princípios que são a base de uma tentativa séria de prevenir pelo diálogo a eclosão de conflitos militares entre países.
2- por uma questão de pragmatismo. É ineficaz a vários títulos para a nossa protecção contra os avanços do fundamentalismo islâmico e outros.
3- deu no que deu. Já se viu. Os inimigos irredutíveis, fizeram afinal o seu papel e defenderam-se com TODOS os meios ao seu alcance, incluindo o recurso à barbárie mais abjecta.
Quem tinha obrigação de pensar nisto? Quem?
A cada dia que passa mais transparentes parecem os objectivos e as razões que levaram a este desastre. Ignorância, irresponsabilidade, ganância e uma arrogância infinita.

domingo, novembro 19, 2006 

Impotência

É o que sinto ao ver esta reportagem de Joana Amaral Dias e Edgar Pêra publicada no cinco dias que encontrei ao visitar o Blue Lounge.

 

Reinvindicação

Com todo o mérito o Bidão Vil reinvindica para si o estatuto de um dos blogs mais preguiçosos da blogosfera ( e olha que não são poucos, são muitos milhões, não ando aqui a brincar).
Sempre pronto a dar à sola, a baldar-se...
Este post é, por esse motivo, emblemático.

sábado, novembro 18, 2006 

O Buraco

Num post do Baixa-Chiado, António Mega Ferreira refere que existem 250.000 m2 de área devoluta na zona abrangida pelo Plano de Revitalização.
Estimando que o Plano abrange cerca de 200ha, temos no centro da cidade uma "não urbanização" equivalente a algumas das tão faladas novas urbanizações no Litoral Alentejano.
Se no Litoral Alentejano se pode dizer que a densidade de construção é baixa, no centro da cidade essa não urbanização é um valor absurdo.
A culpa disto tudo é da lei das rendas?
Será que não é de interesse público dar de novo vida a esses espaços abandonados à espera que vingue a teimosa expectativa dos especuladores imobiliários?

 

OK Corral

Enquanto no Brasil dão acções de formação, em Portugal basta encaminhar a pachorrenta manada para o curral.
Foi o que eu senti ontem quando, incauto, resolvi atravessar a pé e à chuva a zona outrora aprazível do Saldanha e me vi enfiado com os outros peões num dédalo em chapa metálica.
Tentando levar a coisa para a positiva, talvez se trate afinal de uma instalação do conhecido artista alemão Erich Honecker.

 

Formação

Via Babilônia cheguei ao blog do Cláudio e da Jéssica que divulga uma emocionante acção de formação cujo programa segue abaixo.
Quem sabe não se arranja por entre quem passa por aqui algum candidato?
É o que se pode chamar uma "entrada dinâmica" .

 

Com que então, o amigo ligou e eu não estava no trabalho...

Há pessoal que vive um vidão bem longe do "bidão" que pensa que o subtítulo ali em cima, "de casa para o trabalho" é gozo.
Infelizmente fossar 10 a 12 horas diárias que é o que me acontece em média não é gozo nenhum.
É a realidade dura e um frete do caraças.

quinta-feira, novembro 16, 2006 

Novos links

Resolvi actualizar a lista de links.
São incluídos:
O blog do Rui Tavares porque é bom ter sempre à mão os textos publicados no Público pelo cronista mais interessante da imprensa portuguesa da actualidade para além de outras reflexões. O aspecto gráfico é excelente, na linha do saudoso Barnabé e até parece que em breve se poderão deixar comentários.
Dois blogs sobre Lisboa:
O Baixa Chiado, blog criado pelo Diário de Notícias a pretexto do plano de revitalização da Baixa Chiado. Tem apresentado posts interessantes, muitos deles de pessoas com actuais ou passadas responsabilidades na gestão camarária de Lisboa como Gonçalo Ribeiro Telles, Santana Lopes, Rui Godinho, etc...
O Carmo e a Trindade. Muitas expectativas relativamente a este blog de pesos pesados, pluralista, bem informado e atento ao que se passa em Lisboa.
Nota curiosa, algo inesperadamente aqui o Bidão faz parte da lista de blogs linkados, provavelmente herança do simpático Olissipo que terminou a sua actividade precisamente por o seu autor se ter transferido para "o Carmo".
Mais curioso ainda: será que o Jorge Ferreira do Olissipo é o mesmo do Tomar Partido a quem tenho aqui comentado diversas vezes? Se for gabo-lhe o "fair play" e a pachorra para me aturar.

quarta-feira, novembro 15, 2006 

Outros quinhentos

Deus não existe.
É uma conclusão que se impõe a muitos de nós.
Não se trata de dizer que "não existe para mim".
Isso seria admitir que apenas um, o "meu Deus", não existiria.
Não. Deus não existe tout court.
A separação entre Estado e Religião permite-nos pensar e afirmar isto sem dramas.
O ateísmo dispensa também o proselitismo.
O proselitismo ateu arrisca-se a parecer uma espécie de credo religioso anti-religioso.
Ainda por cima o ateísmo não tem lições de bondade ou de superioridade moral a dar a ninguém. Felizmente (ou infelizmente) temos exemplos históricos de sobra que nos poupam da tentação de pretender o contrário.
Imaginar que uma "nova racionalidade" abençoada pelo ateísmo resolverá grande parte dos problemas do mundo, equivale a defender a igualdade das mulheres com a expectativa de que tudo ficaria melhor com a "sensibilidade feminina" no poder .
Deus não existe, tout court.
O resto são outros problemas que convém não misturar.

terça-feira, novembro 14, 2006 

Atrás de mim virá...

E finalmente tenho de reconhecer que há pior do que aquilo que eu tinha dito que está a acontecer na Polónia...

 

Estaca Zero

Um dos mais conhecidos neoconservadores, Eliot Cohen, concluiu agora que a melhor solução para o Iraque não é "democratizar" mas "estabilizar".
A melhor forma de obter a estabilidade, disse, será através de uma Junta de militares modernizadores.
Nada de original, trata-se afinal de uma solução muito típica do "intervencionismo idealista" da grande nação, aplicada num passado recente a diversas situações incómodas em países estrangeiros.
Passando ao largo do facto de estes imbecis "académicos" e "especialistas em ciência política" ainda pretenderem que apresentam soluções seja para o que for (algo que faz pensar na suposta excelência do fabuloso sistema de educação americano), sabemos muito bem onde isto das Juntas militares leva.
E como sabemos, é bom alertar desde já os Estados Unidos antes que se consume o enforcamento do melhor homem para estabilizar o Iraque.

domingo, novembro 12, 2006 

O Irão para quê?

Para muitos sábios portugueses, os nossos estreitos limites geográficos começam a revelar pequenez para conter os seus talentos.
Uma das coisas em que somos bons e pretendemos exportar é na produção de análises estereotipadas que acabam sempre na conclusão de que estamos "no caos".
Daí que desde há uns tempos para cá, sobretudo desde que a França decidiu criticar o unilateralismo arrogante adoptado pela seita do Bush como princípio de "diplomacia( fiquemo-nos por este eufemismo) externa", têm surgido nos jornais, na TV, na rádio e nos blogs as vozes dos sábios alertando para o desastre em que se encontra a França.
O caos... estão aqui estão a falar do Eça a propósito dos franceses...
Não se percebe bem porquê, uma vez que a Inglaterra não parece estar melhor, os Estados Unidos apresentam um "crescimento económico" com pés de barro com "índices" muito interessantes mas acompanhado pela real degradação da qualidade de vida da maioria dos trabalhadores americanos, e por aí fora.
Inspirado ao que parece pelas pretenciosas análises da revista ultra liberal "independente" e "imparcial" Economist que acabam sempre a bater na mesma tecla, João Cândido da Silva elaborou ele também no Público de ontem sobre a catástrofe iminente em França e na necessidade de dez (ou 20!) Thatchers para esconjurá-lo.
Compreendo-o.
Um governo em França inspirado pela repugnante criatura, tornaria irrelevante pelas suas consequências na vida dos franceses, os esforços do Irão para conseguir a tecnologia nuclear.
Deixaria de ser necessário um Ahmadinejad a governar a França.
Oxalá nunca vejamos nem uma nem outra coisa.

 

Anti americanismo - do mais primário

Num artigo do Público do passado Domingo, 29 de Outubro assinado pelo assecla José Manuel Fernandes, Robert Kagan é apresentado como "um dos intelectuais mais influentes dos Estados Unidos".
Eu acho que isto é um atentado que visa claramente menorizar a importância e a pujança da produção intelectual da grande nação americana.
Para quem não se lembra, Robert Kagan distinguiu-se como o autor da boutade que compara os Estados Unidos a Marte e a Europa a Vénus glosada no seu livro Paradise and Power, um inteligente golpe da propaganda neoconservadora destinado a aquecer a claque pró-guerra do Iraque tanto na Europa como nos Estados Unidos .
Kagan tem a suprema lata de ver no feroz expansionismo que desde sempre caracterizou a América desde os tempos da "conquista do Oeste" até hoje, como "idealista" e "humanitária".
A propósito do seu novo livro justamente intitulado Dangerous Nation, Edmund S. Morgan observou na New York Review of Books que na narrativa de Kagan "os americanos emergiram de todos os seus recontros como outras nações como "os bons" e nem poderia ser de outra forma, pois ao defenderem a sua honra defendiam a honra de todas as repúblicas, servindo os seus interesses, serviam os interesses universais da humanidade"(1).
Conveniente.
Talvez alguns ainda se lembrem ( JMS relembrará com certeza) de como ainda não há muitos anos o internacionalismo proletário via na União Soviética, na China e na Albânia faróis que iluminavam o caminho da humanidade para um futuro radioso que passou por um sem número de intervenções militares via movimentos mais ou menos de libertação um pouco por todo o mundo com os resultados que se sabe.
Hoje, quando se tornou impossível esconder a realidade da intervenção no Iraque pode dizer-se sem se passar por "relativista":
Para bom entendedor...
(1) - trata-se de um excerto traduzido por mim de forma muito livre. Quem quiser verificar o original assine a versão online da revista, compre o artigo, ou... peça-mo....
Aviso já que o artigo vai muito mais longe na desmontagem do livro de Kagan e vale a pena lê-lo na íntegra.

 

Capital

Super Mário em grande evidência na página 50 do El País.

sábado, novembro 11, 2006 

O furo

José Sócrates abre Congresso com discurso sem novidades
O jornalismo vive disto, da novidade, de notícias empolgantes .

 

O culpado fantasma

Daí o título do artigo... "Justiça iliba gestores mas arrasa gestão do Estado ".
Está assim esclarecido o problema. Os gestores, pessoas concretas, teoricamente responsáveis, que receberam os seus ordenados, etc., foram ao que parece vítimas de praticarem negligência e não terem sido devidamente fiscalizados.
A gestão do Estado, essa magana, é que é a culpada.
Onde é que ela pára? Prendam-na, ponham-na a ferros.
Quanto aos juízes que chegaram a tão brilhante conclusão não são responsáveis por ela, quem tem a culpa de tudo é a Justiça. (Prendam-na, ponham-na a ferros.)
nota: sublinhados meus

 

Baixa Chiado

Uma boa ideia que vou tentar seguir aqui do meu observatório estratégico do Bidão.

 

Coisas da vida

Alguns dos apoiantes da guerra do Iraque por idealismo, interrogam-se agora como foi possível ter-se chegado a esta situação caótica, na fronteira da selvajaria total.
Como foi possível que se tivesse avançado "sem um plano"?
Esquecer-se-ão por acaso que tudo decorreu conforme o planeado?
Todas as fases foram implementadas.
A invasão e acções subsequentes foram um mimo das potencialidades do pensamento ultraliberal ou neoconservador, o que se queira, aplicado à prática.
Quando até o exército americano foi em grande parte privatizado para quê falar do resto?
As objecções colocadas na altura a esse messianismo então de vento em popa foram varridas do mapa.
Quem detinha o poder irrestrito tinha pressa de aplicar um programa em gestação há décadas. O afã com que o exército de propagandistas voluntários ou a soldo que diariamente e durante anos tentou justificar as etapas deste desastre anunciado, faz espécie mas é um efeito menor, "sound bytes", para usar uma expressão que alguns deles apreciam.
Vão reler as preciosas peças da Economist, um dos órgãos de comunicação que durante muito tempo acompanhou de forma mais inteligente todas as fases do desenvolvimento do plano, sempre chamando a atenção para a importância de se cumprirem milestones como as palhaçadas das eleições, a constituição, essas cenas todas.
É claro que a Economist também junta a sua voz ao coro dos desiludidos do Plano, numa pecinha sobre o despedimento de Rumsfeld, aponta-lhe agora cobardemente os inúmeros "erros".
Como sempre acontece nestes casos, os preconceitos ideológicos tornaram surdas as pessoas.
Não perceberam, não queriam perceber, que não se tratava ( não se trata) de planos. Tratava-se de que o que se queria fazer e se fez foi mais uma das aberrações que o "Ocidente" praticou sobre povos do Terceiro Mundo, ou o que se lhes queira chamar.
O que se fez foi mais um exemplo da arrogância imperial do homem branco.
Foi a tal "atitude" que levou entre outras coisas ao 11 de Setembro, mas que de então para cá se tornou tabu mencionar.
Palavras como colonialismo, neocolonialismo, imperialismo foram varridas do mapa pela queda do muro e pela emergência sobretudo em África das cleptocracias sanguinolentas genuinamente locais que substituiram as cleptocracias coloniais também fundadas em episódios sanguinolentos mas mais digeríveis para o nosso palato sofisticadamente racista.
Mas os desiludidos do plano iraquiano, ou da sua inexistência, como preferirem, já que um plano lunático pode bem equivaler-se à sua ausência, que não desmoralizem.
Quando o Muro de Berlim caiu não foram poucos os que só então descobriram que o que se passava do lado de lá não era o paraíso que julgavam.
E o problema é este.
A nossa espécie parece ter dificuldade em encontrar soluções colectivas racionais que beneficiem a longo prazo o maior numero de pessoas, mas revela uma grande constância na tendência em que os grupos humanos têm em organizar-se quase automaticamente em slots ao longo de um espectro de opções ideológicas independentemente dos dados disponíveis para se compreender determinada situação.
Tanto no caso do muro, como do plano da pólvora para o iraque, uma grande percentagem de pessoas fixa-se numa opção e alguns até conseguem defendê-la brilhantemente, por maiores que sejam as evidências do seu erro.

quinta-feira, novembro 09, 2006 

Spleen post colonial

Autor do famoso Política guerreira que fascinou os nossos opinion makers de direita há uns anos atrás, o fabuloso Robert Kaplan é bem um sinal dos tempos.
Há ainda não muito tempo, este émulo de Jean Larteguy e do nosso saudoso Ferreira da Costa fantástica estrela das "Crónicas de Angola" dos tempos da Guerra Colonial, tornado famoso pelas suas eruditas defesas do Império, Kaplan fazia parte do grupinho que ridicularizava qualquer comparação entre o Iraque ( uma história de sucesso) e o Vietname ( um erro devido ao facto de os políticos se imiscuirem nos assuntos militares) .
Passados anos como jornalista embedded ( um oximoro, eu sei...) modelo ou como agente dos serviços psy ops do exército norte americano, conforme a perspectiva, em que foi relatando com brilhantismo e objectividade patrióticas ( um oximoro, eu sei...) os enormes progressos feitos pelos "aliados" na democratização do Iraque, Kaplan, num súbito volte face , é agora mais um exemplo da angústia que aflige a facharia neoconservadora.
É sintomático o primeiro parágrafo de um dos seus últimos artigos.
Onde antes se lia "In ancient Rome..." a propósito de tudo e de nada, lê-se agora o lamento saudosista:

 

Karamba

Alguns alarves interrogam-se aqui e ali sobre a ausência de "soluções" dos democratas americanos e do resto do povo anti-guerra, para o problema criado no Iraque por aqueles que os mesmos alarves em geral veneram.
Colocada desta forma é uma questão idiota.
Pelos vistos ninguém tem uma ideia vaga de como sair lá do buraco, quanto mais uma solução.
Houve uns sábios que há uns dois ou três anos tiveram uma ideia: invadir a todo o custo.
E houve uma ralé esquerdófila que avisou, impotente: vão criar problemas para os quais não há solução.
Sabemos da imponente montanha de literatura de cordel que a cultura da nossa civilização deve à glosa do "anti-americanismo" a propósito desse aviso do mais elementer bom senso.
Os sábios andam hoje à deriva, mas para deixarem o poder "exigem" à "ralé" o plano da pólvora que eles não tinham quando se lançaram na previsível catástrofe.
O tal plano da pólvora para cuja impossibilidade a ralé alertou e que os sábios afinal não tinham, não têem, nem terão.

 

FIAT

Em "Dia negro para Bush", o Daniel Oliveira do Arrastão considera que estamos todos um pouco melhor .
Que candura!
Fiat na virgem...
Tudo vai continuar exactamente na mesma.
Basta ver quem é a estrela ascendente.
Hillary.
E toda a gente sabe de quem depende o sucesso nas angariações. Do lobby pró-israelita.
A maior angariadora de fundos para a campanha democrata apoiou a guerra, e está tudo dito.
Quando muito os USA tornar-se-ão mais "dialogantes" com a Europa que, feliz, retribuirá compreendendo toda a linha do raciocínio estratégico americano.
Livres da labreguice javarda do "nova europa e velha europa", e do " a Líbia e a Alemanha", vamos todos entender-nos às mil maravilhas no belicismo do costume.

 

A linha justa

Para os répteis que discutem no Arrastão problemas de "história", o que se passa actualmente nos territórios ocupados, e descrito no post que linkei abaixo é irrelevante, o que interessa são considerandos de duvidosa legitimidade histórica.
Há alguém nas novas gerações capaz de criticar o nazismo e o estalinismo?
É que se falarmos não em quantidade mas em qualidade, o estado Israelita e os seus apoiantes comportam-se exactamente como fascistas.
Ou como estalinistas, como preferirem.

 

A rotina do dia a dia

Há uns meses atrás, o rapto de dois soldados israelitas pela sinistra milícia fundamentalista Hezzbollah foi a grave provocação, a gota que fez transbordar o copo da "paciência israelita" e desencadeou a destruição do Líbano.
Israel "tem direito" a defender-se foi o refrão dos funcionários de serviço.
Nos últimos dias, depois do regresso da "paz", o exército israelita tem intervido regularmente nos territórios palestinianos provocando mortos, invariavelmente .
Não raramente de mulheres e crianças, civis desarmados.
Isto não é motivo para novas guerras.
Primeiro, os palestinianos mesmo que o queiram não têm qualquer poder para combater Israel.
Depois, tudo isto nada mais é, afinal, do que o rame rame do dia a dia.
Tudo pacato...

quarta-feira, novembro 08, 2006 

In America today

"In America, in America today, its no longer about just smaller government, no taxes, its about everybody counts, and everybody matters.
Its about coming together as one people, its about saying no,
no,
a natural disaster will not result in a political disaster down in New Orleans.
We're gonna look after all of our people.
We're gonna take care of all people, we're not gonna let our fellow americans down on the rooftops in a natural disaster that never had to happen.
We're not gonna let anybody cut benefits in the middle of a war, we're not gonna let them.
We're not gonna let them, no,
no we're not gonna let them force our seniors into choosing between groceries and medicine,
no ...

Let me tell you right now,
we,
we have got to say that the common good is a good idea.
The common good
What we all need, what we all share, what we all gotta have,
We all gotta have peace in this world
What we all gotta have, we all gotta have our health care provided,
We all gotta have to be undistinct, no more leaving out uninsured, no more lucky enough fourty million americans
We have to be coming together and take care of each other we all
And let me tell you, and let me tell you this,
that if you say
That everybody matters, that everybody counts,
and the commomn good is a good idea,
that the tax burden should be shared
and we shouldn't have tax cuts for the wealthy and burdens on the rest
We gotta have a society in which everybody counts and everybody matters,
well we stick up for our Constitution
well we stick up for our Constitution
Its gonna be about sticking up for the rights for everyone
Its gonna be about sticking up for the rights of our women, to make a choice about what they do with their bodies
Its gotta be about...
And we don't divide, we don't divide, we unite.
We bring people together."

Keith Ellison do Minnesota é o primeiro muçulmano eleito para o Congresso Americano.

 

The night they drove old Dixie down

and da da da - da da...

terça-feira, novembro 07, 2006 

Expectativas

Muita gente anda entusiasmada com o facto de se vislumbrar para breve um abrandamento do controle total que as facções mais egoístas, reaccionárias e militaristas do partido republicano detêm sobre a vida política nos Estados Unidos e por extensão sobre todo o resto do planeta.
Não parece que haja razão para muitos optimismos.
Olhe-se como termina em catástrofe o breve período de governo da "esquerda" israelita, que nem se exime já à vergonha de se coligar com um fascista.
Quando muito assistir-se-á a uma melhoria na situação interna norte-americana.
Quando muito.
Talvez o único divertimento de tudo consista na possibilidade de admirar o clamor dos "liberais" portugueses condoídos com a ineficácia despesista concretizada em programas de apoio aos mais desfavorecidos que alegadamente roubarão aos americanos muito ricos liberdades e garantias várias ( uma espécie de discurso do Cunhal invertido), mensuráveis em jactos particulares e maybachs.
Quanto aos grandes conflitos mundiais, tudo ficará na mesma, suspenso da lógica patrioteira da Norte América.
E quanto a candidatos a Presidente para substituir o Bush, meus caros... estão todos reféns!
Inicialmente até o John McCain pareceu simpático. Eventualmente se fosse Presidente não teria iniciado a guerra em curso. Mas uma vez o processo iniciado, recuar é a palavra que ele não quer ouvir, é traição, e aquilo que se poderá esperar deste patriota de gema é o reforço do esforço de guerra.
Quanto à senhora Clinton, o mais provável é que se transforme numa Thatcher com rosto humano. De qualquer forma, nunca fará nada que cause a minima beliscadura na sua carreira política.

 

Plágio blogosférico em directo

Cheguei ao texto do Arrastão que linkei no post abaixo depois de passar pelo Lâmpada Mágica.
Achei importante referenciá-lo logo e fi-lo tão rapidamente que me esqueci completamente de referir a "fonte".
Pior, arranjei o título que me pareceu mais óbvio no momento só agora reparando que o título do post do Lâmpada Mágica que remete para o Arrastão, "Palestina em discurso directo", é praticamente igual ao que escolhi, talvez "subliminarmente" influenciado .
Por uma questão de coerência não altero o meu post mas aqui fica o registo da ocorrência e os respectivos protestos de inocência e pedidos de desculpas.

segunda-feira, novembro 06, 2006 

Discurso directo

Vale a pena ler no Arrastão a reportagem do Daniel Oliveira na Palestina.
Não embedded é outra coisa.

domingo, novembro 05, 2006 

Separar águas

É confrangedora a opinião de Miguel Sousa Tavares sobre as novas formas de convivialidade, debate e expressão de ideias propiciadas pelas tecnologias de comunicação.
MST não se interessa, não sabe, ou sabe pouco e dispara sem hesitar uma rajada de ignorância no tom peremptório do costume.
É uma questão de estilo pessoal e ele tem as suas limitações e preconceitos como qualquer um de nós. Também é natural que alguém importante no mundo dos media convencionais ache tudo isto uma estupidez, sobretudo quando reage a quente depois de sofrer um ataque.
Que me lembre, dos monstros sagrados da nossa imprensa, apenas Pulido Valente e Constança Cunha e Sá tiveram uma atitude normal durante a sua infelizmente curta actividade bloguista. Interventivos e polémicos, mas sem os tiques e as arrogâncias de primadonas tão comuns em personagens de terceira ordem de visibilidade ou relevância na vida "lá fora" perante a manada dos anónimos de segunda categoria .
Áqueles que se sentem suficientemente indignados para alinhar na reacção corporativista habitual na blogosfera quando bloggers de todos os quadrantes se "unem" para enfrentar uma "ameaça comum", basta lembrar que estas diatribes de MST acerca dos anonimatos não são diferentes dos ataques feitos aos anónimos dentro da blogosfera, motivados pela mania de consagrar num meio essencialmente igualitário e nivelador, formas artificiais de hierarquização.
Sendo um caso típico, o Pacheco Pereira é apenas a face visível do iceberg; segue a quantidade de gente, mais ou menos conhecida na blogosfera politizada ( uma percentagem ínfima de blogs ), transversal a todo o espectro dos posicionamentos políticos, que quais sapos blogosféricos tentando passar por bois mediáticos, despreza os comentadores anónimos, para não dizer mesmo todos os comentadores, como seres de segunda ordem neste universo.
Uma coisa é clara para mim.
Prefiro sem qualquer hesitação o MST e as suas bacoradas sobre a blogosfera e os chats, mas capaz de escrever tudo o que ele tem escrito sobre a guerra do Iraque, a "cosmopolitas" atentíssimos ao papel dos novos meios de comunicação que só disseram ( e continuam a dizer) asneiras graves e criminosas sobre essa questão crucial.

 

Barrado

Tentei comentar no Estrago da Nação, mas depois de ter executado todas as operações verifiquei que o comentário não entrou. Olhei o ecrã com mais atenção, e lá estava o aviso: "Comentários permitidos apenas aos membros do team...".
Má onda...

sábado, novembro 04, 2006 

Acredite... se quiser


Inacreditável... estes gajos não têm uma ponta de vergonha na cara.
Graças a Deus que a administração Bush ainda pode contar com a coerência obstinada do fiel Pacheco Pereira e meia dúzia de bloggers "liberais" portugueses.

 

Faz falta mais

Para o Tomar Partido "até na corrupção o sistema de Lula é de esquerda, porque aposta na redistribuição da riqueza."
Muita da entourage de Lula envergonha a esquerda.
Mas equiparar corrupção e distribuição da riqueza diz tudo sobre a "doutrina social" da direita.

 

Mecânica celeste

"...it made me realize how perfectly natural religion is. We have a religious module in our brains, and with little kids you can actually watch it waking up and developing, like their speech or social habits. The paradox is, that to the degree that you see religion as natural, to the same degree it becomes harder to see it (and by extension its claims) as supernatural".

 

Plantai árvores

É inevitável que surjam as tentativas para combater as causas das alterações climáticas de forma "leve", de forma a manter imperturbado o nosso rame rame consumista enquanto a consciência permanece leve. E se criam novas áreas de negócio.
A questão dos créditos para emissão de CO2 é uma das que me têm intrigado.
Ainda não consegui perceber bem como funciona, qual a sua efectividade e qual é o seu verdadeiro objectivo.
Teoricamente, e assumindo que isto é possível de fazer de forma credível, a ideia é contabilizar as emissões de CO2 resultantes de uma qualquer actividade e investir na criação de meios de retenção de quantidades de CO2 equivalentes.
Talvez hajam outros processos, mas aparentemente o mais habitual é investir-se na plantação de árvores.
Até onde vai a eficácia deste sistema? Não faço ideia. Suponhamos que eu tenho uma frota de camiões e estimo que durante um ano os meus camiões emitem x toneladas de CO2.
Como pretendo manter a consciência despoluída, contacto uma empresa que me faz as contas e me serve de agente junto dos produtores florestais para que eu possa investir na plantação de x hectares de uma árvore qualquer. Admitindo que eu planto as árvores amanhã, enquanto os meus camiões rolam já a caminho dos seus destinos, quando é que o "meu" CO2 começará a ser retido?
Claro que tem de ser ver isto numa perspectiva global.
É preferível fazer alguma coisa do que não fazer nada.
Ao fim de uns anos, atingir-se-á, penso que é essa a esperança, um equilíbrio. Esse dia irá ser retardado por outros processos como a inexorável destruição da Amazónia ou das florestas de Sumatra, mas talvez chegue, um dia. Mas quando? E quando chegar servirá já para alguma coisa?

 

Valores destes...

O Ministro da Educação polaco, do partido católico Liga das Famílias Polacas (LPR), um partido minoritário que integra a coligação conservadora no governo, quer que a teoria da evolução deixe de ser ensinada nas escolas e seja substituída pelo criacionismo.
Muito se tem debatido sobre os valores que fundaram o sentimento colectivo de pertença a um espaço geográfico e cultural comum a que chamamos "a Europa ".
Quando se discutiu o projecto de constituição europeia houve polémica sobre a inclusão ou não da referência ao cristianismo e quando ou se eventualmente se referendar de novo um projecto de constituição essa questão estará certamente em cima da mesa.
Marcados pela evolução recente da Igreja em Portugal e noutros países europeus que renegou para um plano mais discreto os clérigos fascistóides ao estilo do famoso Cónego Melo, quase todos, incluindo agnósticos e ateus, atribuem essencialmente ao cristianismo as raizes da nossa tolerância.
Optar pela inclusão da referência significa logo à partida menorizar regiões onde essa influência foi secundária ou inexistente como em grande parte da Turquia.
Turquia essa que a Europa tem sido reticente em aceitar como membro, entre outras razões, por se achar que é ainda insuficiente o grau de laicismo desse país apesar dos muitos e violentos esforços que ao longo do último século se fizeram para "modernizar" o país.
O senhor Miroslaw Orzechowski vem lembrar-nos que em matéria de "fundamentalismo" não há monopólios.
Resta esperar o entusiasmo dos blogs "liberais" pela coragem do ministro em afrontar o "politicamente correcto".