quarta-feira, setembro 30, 2009 

À toa

O editorial do Público de hoje é uma peça que se presta a todos os sarcasmos.
Não sei porquê, só me deprime.
Como é possível?
O autor guia-nos através de um labirinto de interpretações bizarras de pedaços da Declaração do Presidente, apenas com o objectivo de se limpar de um caso que contribuiu para criar e do qual não tem sequer capacidade para assumir as responsabilidades.
Faz pena ver a sofreguidão como usa as frases de Cavaco para tentar tirar o rabo da chuva:
Fica-se assim a saber pelo editorialista do Público que o que o Cavaco quiz dizer foi algo de que ninguém poderia sequer suspeitar e que é necessária uma Declaração destas para tirar as dúvidas... O Presidente diz que só ele fala em seu nome... isto é, não se autoriza, quando fala, a deslizes como "Eu, Fernando Lima" e muito menos tolera que outrém profira atrevidamente "Mim, Cavaco!"...
Se a "fonte", afinal não é autorizada, se não é o Cavaco nem os Chefes das Casas Civil e Militar, o que é que tu fazes disto? Em que planeta é que pode ser considerada como "uma fonte"? Em que tugúrio não é "desautorizada" pela Declaração do Cavaco?
Cada vez te enterras mais no lodo.
Meu menino... parece uma conversa de vigaristas de meia tijela tentando safar-se dos incautos com casuística barata.
Como é que uma criatura tão estúpida pôde chegar e manter-se como Director de um jornal "de referência"?
É este o gajo que vai continuar a escrever editoriais sobre a "transparência", a "liberdade", a "competência", etc.?
É, está claro que é.
E pensava eu que o inenarrável Arquitecto Saraiva era insuperável...

terça-feira, setembro 29, 2009 

Há mais

O Pacheco EXIGE!
E o PC pede esclarecimentos ao Governo pela vulnerabilidade da segurança da Presidência da República. Dá para crer?

 

É a gripe

A deliciosa notícia do Expresso sobre a declaração do Presidente tem detalhes fantásticos.
A começar pelas frases destacadas. As mais desculpabilizantes para o papel que o Expresso e o Público desempenharam nesta história.
O ponto alto é este: "Desconhecia totalmente a existência e o conteúdo do email" (trocado entre Fernando Lima, ex-assessor, e um jornalista do Público, revelado pelo DN em Setembro).
Como é sabido, mas o jornalista do Expresso ignora, o famoso e-mail é enviado pelo jornalista do Público, Luciano Alvarez a um colega, correspondente do Público na Madeira.
(não me admira que este link vá ficar rapidamente desactualizado porque há-de haver alguém de bom senso que corrija o erro, que só existe porque o escriba que pariu a notícia não se apercebeu da incongruência do próprio Presidente)

 

Os nois pelos Bomes

Por outras palavras, e em resumo:
Não votei neste Presidente e não tenho por ele simpatia. Considero que nalguns casos até se portou bem, mesmo em confronto com o Governo. Não parece ser uma pessoa particularmente inteligente mas é, sem dúvida, hábil.
Mas hoje, francamente, não me lembro de ver um responsável político português fazer uma análise tão disparatada e incoerente. E não foi por ele não ter tido tempo para pensar...
Que cada um tire as suas conclusões: o que leva um Governante a fazer uma declaração completamente incoerente como esta? O facto de... não ter argumentos? De não ter onde se meter?
É à conta disto que vamos ter outra personagem brilhante, o Duque de Bragança, a murmurar que "numa monarquia não se passaria nada disto", excitando uma horda de forcados com problemas para lidar com o excesso de testorerona e obrigados, para aplacar o descontrolo hormonal, a trepar a paus de bandeira?
O ponto 1 refere que "não existe em nenhuma declaração ou escrito do Presidente qualquer referência a escutas ou a algo com significado semelhante". Se houvesse um mínimo de lógica, isto, só por si, deveria fechar o assunto. Todas as notícias sugerindo a existência de escutas são falsas ou provêm de fontes não autorizadas. Porque é que o Presidente não disse logo isto em Agosto?
Porém, no ponto 2..."destacadas personalidades do partido do Governo exigindo ao Presidente da República que interrompesse as férias e viesse falar sobre a participação de membros da sua casa civil na elaboração do programa do PSD (o que, de acordo com a informação que me foi prestada, era mentira)"
Até aqui tudo bem, pode aceitar-se que foi um abuso de personalidades do PS, uma calúnia política, mas Porque é que o Presidente não disse logo, claramente, em Agosto, que fossem bugiar, que ninguém tem nada a ver com o facto de personalidades da sua Casa Civil participarem ou não na elaboração do Programa do PSD e que ainda por cima isso é (foi) mentira?
O ponto 3 é a interpretação de fundo que o Presidente fez desta história: que o PS o tentou colar ao PSD e que não queria discutir os problemas do País.
Esta interpretação, respeitável, seria possível em 17 de Agosto de 2009, mas apresentá-la em 29 de Setembro de 2009, quando a questão da elaboração do programa do PSD foi rapidamente secundarizada e o que dominou a agenda mediático-política foi a questão da acusação levantada no Público de suspeitas de escutas, é intelectualmente indigente.
No ponto 4, embota-se totalmente o raciocínio:
Muito do que depois foi dito ou escrito, diz o Presidente, envolvendo o meu nome interpretei-o como visando consolidar aqueles dois objectivos. (lembremos, colar o Presidente ao PSD e fugir aos problemas do País)
Incluindo (incluindo onde? na prossecução dos objectivos?) as interrogações que qualquer cidadão pode fazer sobre como é que aqueles políticos sabiam dos passos dados por membros da Casa Civil da Presidência da República (Mas o que é que o qualquer cidadão pode deduzir sobre o que os políticos do PS sabiam, quando a Presidente do PSD disse na altura - e o Presidente agora reforça - que o que os políticos sabiam era falso?).
Incluindo mesmo as interrogações atribuídas
(as declarações foram atribuídas? Atribuídas por quem?) a um membro (afinal não haviam várias fontes? Afinal EXISTE UM MEMBRO!) da minha Casa Civil , de que não tive conhecimento prévio e que tenho algumas dúvidas quanto aos termos exactos em que possam ter sido produzidas (afinal foram "atribuídas", ou foram PRODUZIDAS, mesmo que duvidando-se dos termos em que foram produzidas? Será assim tão difícil ao Presidente chegar ao pé do Sr Fernando Lima e perguntar-lhe, ó Shôtôr, o que é que o Sr. andou a dizer nos jornais?). Porque é que o Presidente não chamou logo a fonte, esclareceu os termos em que as tais declarações foram produzidas e não desmentiu os jornais? OK, o PS poderia ter tentado tirar dividendos do caso em relação à questão do papel da imprensa e em particular do Público no mito da "asfixia democrática", mas do ponto de vista do Presidente, o caso tinha ficado resolvido.
Mas onde está o crime de alguém, a título pessoal, se interrogar sobre a razão das declarações políticas de outrem? Sim, onde está o crime? Mas o "alguém" inclui o Presidente? Então porque é que o Presidente não desmentiu o Público quando o jornal escreveu que a fonte estava autorizada a revelar a suspeita?
Porque é que o Presidente não disse logo,na altura, que "a fonte" tinha exorbitado as suas funções?
Repito, para mim, pessoalmente, tudo não passava de tentativas de consolidar os dois objectivos já referidos: colar o Presidente ao PSD e desviar as atenções. (Não se percebe: o "tudo" eram as notícias do Público ou a reacção que estas, justificadamente, sabe-se agora, suscitaram? Mas se o "tudo" são as notícias, porque é que foi o PS quem fez "uma campanha"?
O ponto 5 é indigente:
"Desconhecia totalmente a existência e o conteúdo do referido e-mail (era suposto conhecer? Eu acho que o Senhor não está bem...) e, pessoalmente, tenho sérias dúvidas quanto à veracidade das afirmações nele contidas. (respeitável)
Não conheço o assessor do Primeiro-Ministro nele referido, não sei com quem falou, não sei o que viu ou ouviu durante a minha visita à Madeira e se disso fez ou não relatos a alguém.
Sobre mim próprio teria pouco a relatar que não fosse de todos conhecido. E por isso não atribuí qualquer importância à sua presença quando soube que tinha acompanhado a minha visita à Madeira.
"
Isto é assombroso. Será que o Sr. Presidente da República não lê os jornais nem mesmo em diagonal? Ou não tem quem lhos leia? Será que o Sr. Presidente não sabe que o tal assessor já é referido na notícia do Público de Agosto? Porque é que não disse isto na altura?
O ponto 6 é incompreensível. É autista. Fala como se ignorasse as notícias do Público...
O ponto 7, é uma desculpa totalmente esfarrapada.
"o e-mail publicado deixava a dúvida na opinião pública sobre se teria sido violada uma regra básica que vigora na Presidência da República: ninguém está autorizado a falar em nome do Presidente da República, a não ser os seus chefes da Casa Civil e da Casa Militar. E embora me tenha sido garantido que tal não aconteceu, (o próprio Presidente "garantiu", no ponto 4, que tal aconteceu, considerando-a uma dúvida normal que terá sido produzida em circunstâncias quiçá não fielmente reproduzidas na imprensa) eu não podia deixar que a dúvida permanecesse.
Foi por isso, e só por isso, que procedi a alterações na minha Casa Civil.
"
O Presidente sai da sua Olímpica ignorância e reclusão, e age com base numa suspeita, apesar de "lhe garantirem" que ninguém falou em seu nome...
Isto é, gozar com o pagode. Pura e simplesmente. Ou então algo de grave se passa com a saúde do Presidente.
O ponto 9, deixa qualquer um boquiaberto:
A segunda interrogação que a publicação do referido e-mail me suscitou foi a seguinte: “será possível alguém do exterior entrar no meu computador e conhecer os meus e-mails? Estará a informação confidencial contida nos computadores da Presidência da República suficientemente protegida?” (Questão teórica? A propósito do e-mail no DN? Mas porquê? Porque o Zé Manel foi fazer queixinhas? Assombroso! Ou Ridículo?)
Foi para esclarecer esta questão que hoje ouvi várias entidades com responsabilidades na área da segurança. Fiquei a saber que existem vulnerabilidades (Olha a dicazinha para o Expresso) e pedi que se estudasse a forma de as reduzir ( já algum dos imbecis que investigam o preço das solas dos sapatos do Primeiro Ministro se pôs em campo para saber quem foi o felizardo que impingiu ao Presidente um reforço dos antivirus?).
Enfim, patético, uma vergonha.
O Presidente declara que nunca falou em escutas nem autorizou alguém a falar sobre as escutas.
Mas toda a sua intervenção demonstra o contrário da justificação que deu para o prolongado silêncio.
O Presidente esteve calado, pura e simplesmente para proteger o PSD.
Só isso. Que venha agora atacar o PS só mostra até que ponto está comprometido.

 

Esquizofrenia

Se houvesse um resquício da decência e deontologia profissional que para aí apregoam, o Público (que anunciou as escutas que o Presidente agora desmente) e o Expresso (que insistiu na história), fechavam uns dias para férias de nojo. Em vez disso, vão agora colar-se, como se nada fosse, ao Cavaco, que acaba de os denunciar implicitamente como aldrabões.

 

AVC

segunda-feira, setembro 28, 2009 

E agora...

E agora as autárquicas.
Agora Lisboa.
Força Costa!

 

O Bom Senso

À sua maneira, pode dizer-se que o PP fez uma campanha inteligente, ignorando os casos que encheram as parangonas e focando-se nos temas que percebeu que lhe dariam ganhos.
Com excepção do Partido Socialista e de José Sócrates, que venceram claramente as eleições, pode dizer-se que o grande vencedor, em todos os aspectos, foi Paulo Portas.
Claro que a votação em Portas assenta em diversos equívocos, sendo o principal dos quais a pretensão de que os portugueses que votaram no PP manifestaram uma preocupação por "menos estado".
Nada mais enganador.
Para a maioria dos portugueses que engrossaram o contingente eleitoral do PP, "menos Estado", um mantra que colhe sobretudo nos guettos ultra liberais e minoritários da blogosfera, é tão chinês como o gimmick onomatopaico, masturbatório-compulsivo das "micro-pequenas-e-médias-empresas" do Jero, à esquerda.
Os portugueses que votaram no Portas, só ouviram o discurso quanto às questões de segurança.
Esses portugueses, querem MAIS Estado, querem polícia nas ruas que efectivamente imponha a segurança no espaço público e um Estado que imponha e faça cumprir as leis que são aprovadas.
Atributos essenciais da democracia, diria.
Um discurso de bom senso que a esquerda, presa de um pavor atávico à autoridade legítima do Estado, como se ainda não estivesse convencida de que vivemos efectivamente num regime democrático, ignora e minimiza de forma suicidária.
As questões da Justiça e da Autoridade do Estado são precisamente alguns dos aspectos onde o governo socialista perdeu terreno junto de grande parte do eleitorado, estão na base de muito descontentamento gerado contra o sistema político, tolhem o nosso desenvolvimento como País e têm forçosamente que ser melhorados durante a próxima legislatura.

 

Não corram com ele...

Os resultados elitorais mostram que para além da CDU, o único partido que não capitalizou com a perda de votos do PS, foi o PSD.
A razão parece clara.
O PSD foi o partido que durante mais tempo apostou tudo no ataque pessoal e em jogadas de propaganda suja, em detrimento de ideias e propostas.
O verdadeiro derrotado nestas eleições não foi a pobre Manuela Ferreira Leite, uma Senhora respeitável que um grupo de tresloucados em má hora foi arrancar ao repouso doméstico para a submeter ao convívio forçado com uma populaça mal cheirosa, o verdadeiro derrotado foi o sinistro Pacheco Pereira, cuja valia intelectual e capacidade de trabalho há muito que descambaram num percurso cada vez mais marcado por um rancor doentio de par com a obsessão conspiratória.
O único assunto que Pacheco parece hoje dominar são as tramóias de bastidores e o exacerbar das tendências populistas mais broncas, caceteiras e revanchistas, que fazem do PSD um partido onde, vindas dos portugais profundos e outras simpatias bizarras por ex-ditadores no activo em Portugal, disfarçadas de "avaliações objectivas", surgem zonas de sombra onde o laranja assume por vezes tonalidades perigosamente acastanhadas.
O outro derrotado nestas eleições, refém desta estratégia de cheiro putrefacto, é o PSD tecnocrático e competente, o único que poderia efectivamente embaraçar a liderança de José Sócrates, mas esse é claramente minoritário e saiu de campo desde a defenestração de Marques Mendes, já estava derrotado à partida.

 

Obtuso

Em dado momento da noite eleitoral, o fervilhar aleatório do zapping apanhou-me a ouvir o Pacheco na SIC notícias descrevendo calmamente a forma como o DN está ao serviço da "campanha montada pelo PS".
Dos outros comentadores presentes apenas José Miguel Júdice (suspeito por ter votado no PS) se agitou na cadeira e murmurou algo que os microfones não captaram.
Ana Lourenço, a pivot, ouviu imperturbável, como se uma calúnia deste calibre (contra um Partido ainda vá que não vá, mas contra colegas de profissão...) fosse a coisa mais natural do mundo.
De onde se pôde aprender algo sobre a concepção do mundo segundo Pacheco :
Se um líder partidário, que por acaso é um Primeiro Ministro com maioria absoluta obtida através do voto, tece uma consideração sobre a qualidade do jornalismo de determinado órgão de comunicação, tal é considerado pelos jornalistas e pelos restantes líderes partidários (alguns acumulando com o papel de comentadores ubíquos como é o notório o caso do Pacheco), como "ingerência intolerável".
Se um líder partidário (acumulando com o papel de comentador ubíquo como é o notório o caso do Pacheco) profere barbaridades caluniosas em prime time, tudo (lhes) parece normal .
Abençoada "quase ditadura" do Sócrates.

 

Rescaldo

Foi um dia de vitórias retumbantes.
A CDU constatou uma corrente de "milhares e milhares..." rumo ao crescimento sustentado que ano após ano, eleição após eleição, tem vido a registar. Um caso ímpar.
O Bloco cresceu dramaticamente em todo o País e é, cada vez mais, a "esquerda vigilante", ao ouvir-se o seu líder ficou-se com a sensação de que tinha obtido a tão detestada maioria absoluta.
O PP teve uma vitória histórica, atingindo a maior votação "de sempre nos últimos trinta anos" na definição pitoresca de um dos seus responsáveis. A "Maioria Silenciosa" voltou, finalmente, aos dois dígitos.
O PSD teve uma vitória empolgante, aumentando em seis o número dos seus deputados, e a vitória só não foi maior porque a lista de partidos do Boletim de Votos, manipulada por forças afectas ao PS, empurrou o quadrado do Partido para um confuso meio da tabela (ainda o Pacheco não se lembrou desta...).
Juntos, todos e cada um, alcançaram uma vitória decisiva (que cada um reinvindicou humildemente para si) ao constatar-se que nenhum partido obteve a maioria absoluta.
Todos venceram e foram para a cama dormir sonhos côr de... tudo menos rosa, à excepção evidente de um deles: o grande derrotado da noite, a crer em comentadores atentos e lideres partidários responsáveis, o Partido que teve mais votos e elegeu mais deputados.
É lógico. Mais votos e mais deputados interessa para alguma coisa num acto eleitoral?

sexta-feira, setembro 25, 2009 

A grande investigação

Isto até é fácil.
Não estando ainda o povo e a dignidade profissional dos jornalistas, saciados bastante da trapalhada das "fontes" do Público, o resultado de uma semana de investigação do "jornalismo sizudo", com recurso a mais "fontes" (que nada garante que não seja o mesmo fontanário que abasteceu o Público) cheias de "impressões", assombra pela sua patética boçalidade, nulidade e irresponsabilidade.
Não percebem estes mentecaptos que com estes "trabalhinhos" se estão a tornar meros megafones ao serviço de personagens comprometidas ?
Se quiserem investigar, investiguem, agradecemos-lhes, mas queremos factos, porra, factos, o resto é conversa.
É só.

terça-feira, setembro 22, 2009 

Pacto secreto

Eu acho bem que eles se enterrem, mas mesmo assim haverá tanta necessidade de tanto insulto à inteligência?

O que levará um Partido como o PSD, que quer se goste ou não, não deixa de ser um partido central da democracia portuguesa, apostar, num momento que todos reconhecem ser difícil e a necessitar de debate aprofundado sobre inúmeras questões, num trilho de comportamentos rasteiros? É apenas porque o afastamento do poder rarefez drasticamente a densidade de cabeças pensantes?
O que levará esse partido a deixar-se rebocar por personagens como Pacheco Pereira, cuja deriva reaccionária estabilizou na identificação total com o ideário dos neo conservadores americanos de má memória, cuja duvidosa magia se fez de truques sujos e apelo aos sentimentos mais retrógrados, sem que ninguém se aperceba do beco sem saída para onde se dirige o partido, já para não dizer o País, caso o poder caia nas mãos desta seita?
Em plena fornalha do caso das escutas e tendo à vista o brilhante resultado que está a dar para a descredibilização do PSD, é difícil de entender racionalmente o que pretende um dirigente como Morais Sarmento ao aparecer com mais uma teoria absolutamente idiota sobre um "pacto secreto" entre Sócrates e Louçã, só porque alguns dirigentes do PS referiram não lhes repugnar um acordo pós-eleitoral?
Que obsessão com o "secreto" é esta? Como é que lideres partidários encaixotados em fatiotas conservadoras, e com ar relativamente lavado e barbeado, que estão em posição de serem ministros e secretários, pensam ao nível de psicopatas da teoria das conspirações influenciados pelas leituras do Dan Brown e a Colecção Mistério?
Como é que um dirigente do PSD não percebe que uma acusação altamente improvável como esta é mais um factor de descredibilização do seu partido?
Mistério.

 

Boing!

Depois de ter "acreditado" e "servido" com honradez, José Manuel Fernandes sente-se agora atraiçoado e pede explicações ao Presidente.
Pacheco, depois de ter falado pelo PR, sente-se também desautorizado.
Até há bem pouco a Direita embeveceu-se com o "silêncio do Presidente".
Um tabu. E quem melhor do que o Cavaco a gerir tabus?
Garantia de vitória.
Achavam que o silêncio do Presidente os servia, e como tal, havia razões para ele estar calado. Mostrava a "imparcialidade" que lhes convinha.
O problema é que o Presidente tem agendas pessoais diversas dos truques de polichinelo de Karl Rove de pacotilha do Pacheco, e não perde um minuto com as dores do pateta do Fernandes.
Não falou, mas "mexeu-se".
Agitou-se.
Houve "vida" em Belém.
Já Pacheco descobre que ele errou por "acção e omissão". Prejudicou o partido cujo silêncio "imparcial" beneficiara até aqui. A estratégia ruiu, ainda que Manuela continue a marrar a direito na mesma técnica.
Pacheco, Fernandes, querem que Cavaco fale! Fale!
Pelo amor da Santa!

 

Carreira de tiro

O Público e a restante "imprensa livre", tem mais cinco dias cinco para inventar qualquer coisa... revelar qualquer coisa... urgente... qualquer coisa sobre o Sócrates, entrevistar qualquer ressaibiado da democracia, arranjar qualquer indicador mortífero...
Suspeito de que vai haver uma transferência em massa da criatividade, vai ser o dia 1 de Abril em Setembro.

 

O Partido do Portas

O taxista estava exaltado com o trânsito congestionado.
"Olhe para isto, meu caro amigo!
Cada pessoa cada carro!
Está tudo rico!
Só lhe digo, meu amigo, o que faz aqui falta é o Salazar...!
Esteve lá cinquenta anos e morreu pobre!
Agora qualquer um tem carro, casa...!"

 

Firme (e hirto)

O PC tem razões para estar ressentido.
Acantonado no discurso troglodita da "farinha do mesmo saco", nas suas certezas "de Abril", foi vítima da maior obra de arte de prestidigitação política da história da democracia portuguesa, ao ser ultrapassado pela direita pelo partido que começou à sua esquerda.
O Bloco é hoje, na prática, uma força política social democrata radical que surge como a alternativa negocial mais credível num possível cenário de governo minoritário à esquerda.
É assim que o partido do inepto Jero se vê relegado para o papel cada vez mais secundário de anacronismo do anterior regime, representante de uma esquerda que fez sentido mas que está hoje completamente ultrapassada pelos acontecimentos.
Comido pelas mesmas vítimas da "doença infantil" que activamente desprezou...
Vai continuar a agitar-se no frasco de formol das manifestações do 25 de Abril e do 1.º de Maio por cuja sectarização crescente é responsável, e estrebuchar nesta ou naquela manifestação sindical.

segunda-feira, setembro 21, 2009 

Se estes são os apoiantes...

Mas afinal este não era o grupo de comunicação que segundo o Portugal Profundo estava vergonhosamente ao serviço do Governo?

 

Exercício de duplicidade à Pacheco

Para se saber quem enviou o e-mail controverso, tem de se identificar a quem interessava criar uma manobra de diversão que distraísse as atenções de um caso incendiário.
É fácil:
Ao Presidente da República, ao José Manuel Fernandes, ao PSD.
c.q.d.

 

Agarra-te ao e-mail que pode ser que flutues

Um aspecto secundário do caso das escutas, a divulgação de um e-mail interno de um jornal torna-se o aspecto principal da questão, esquecendo-se que o essencial é isto:
1 - Um assessor da Presidência da República manda investigar o Governo
2 - Um assessor da Presidência da República sugere linhas de investigação
3 - Incluindo que se fizesse crer que o início da investigação provinha da Madeira...
4 - O Público alinha no esquema sem sequer se lembrar que já poderia ser notícia o facto de um assessor da Presidência da República aparecer com dossiers sobre um personagem próximo do Governo, e querer atribuir ao Governo Regional da Madeira a responsabilidade por uma investigação.
5 - Esta atitude compaginava o comportamento de um órgão de comunicação "independente do Governo"...
4- Um jornalista percebe rapidamente que o esquema não tem pernas para andar
5- Passados quase dois anos, por insistência do mesmo personagem, o Público, sem quaisquer dados que permitissem corroborar dessas suspeitas, ocultando o facto de o seu jornalista que iniciara a investigação estar convencido da sua falta de fundamento
6 - Ninguém desmente estes factos, limitando-se o jornalista que inicialmente foi contactado e o director do Público a dar justificações atabalhoadas.
7 - Sendo assim parece provado que um assessor próximo do PR, literalmente encomendou uma notícia ao Público.
Perante isto, a imprensa mais sisuda prefere "guardar distância", até porque, a "intoxicação" até pode vir de São Bento....
Fica-se sem se perceber nesta fase do campeonato, porque é que a intoxicação "até" pode vir de São Bento, ou mesmo, porque é que, não vindo de Belém, SÓ pode vir de São Bento.
Porque não de outro lado qualquer?
É com esta cautela que tem procedido a imprensa sisuda relativamente a outros casos recentes que têm agitado a opinião pública?
E assim se chega ao paradoxo de meios de comunicação passarem da divulgação fácil de suposições, à recusa em tirar consequências dos factos conhecidos porque como hipótese teórica, não suportada por nenhum dado, o culpado "pode ser outro"...
A isto se chama isenção jornalística. Ou estupidez?

 

Corporativismo serôdio

"A revelação por parte do DN do e-mail trocado entre Luciano Alvarez e Tolentino Nóbrega, jornalistas dos Público, é uma violação de privacidade?
Não sei se o e-mail é privado ou se tem interesse público. Acho muito curioso que a imprensa portuguesa, que durante anos e anos não se preocupou com a revelação de escutas, agora que atinge os jornalistas, estes comecem a ficar preocupados.
Considera reprovável, do ponto de vista ético?
É deontologicamente censurável, mas, durante anos, os jornalistas aceitaram que isso fosse possível em muitas situações que não envolviam jornalistas. É como se estivessem a provar um pouco do seu remédio. Os jornalistas dão muita importância a si próprios. Eticamente, é inadmissível que os jornalistas queiram ser protegidos de uma forma que não se protegem os outros cidadãos.
A relação entre jornalista e fonte descrita no e-mail é...
… de uma gravidade extrema. E se é exemplo da forma como se faz jornalismo neste País, estou como Manuela Ferreira Leite: Não quero viver neste País. A aceitação da instrumentalização por parte do jornalista, se for verdade o que está no e-mail, é lamentável. Perguntas sugeridas por um assessor, fazer a notícia sair da Madeira...
Considera aceitável que o DN tenha divulgado o e-mail?
É importante que o Diário de Notícias tenha divulgado esta situação. E é importante que os jornalistas ponham a mão na consciência. Eu sou amigo do José Manuel Fernandes, mas a reacção do José Manuel Fernandes, que de manhã afirmou que o Público estava sob escuta e depois vem reconhecer que, afinal, não houve qualquer intrusão no sistema informático do jornal, é de uma gravidade absoluta. E nem pediu desculpa. Depois das suspeições lançadas devia de haver um pedido de desculpa ao País, a todos nós. A comunicação social deve pôr a nu estes métodos de fazer jornalismo. Se é grave o que Fernando Lima, assessor do Presidente da República, fez, também é grave a comunicação social sujeitar-se a isso.
A revelação deste caso desacredita o jornalismo?
Sobretudo levanta algumas questões: será caso único? Não haverá mais fretes entre políticos e jornalistas? A partir deste caso, os jornalistas deveriam aproveitar para fazer uma reflexão, com muita coragem, para estigmatizar práticas profissionais inadmissíveis. Enquanto bastonário da Ordem dos Advogados fiz isso junto dos advogados. Acho que é essencial que assim seja em qualquer actividade.
O interesse público justifica a publicação do e-mail?
Está tudo a arrancar os cabelos porque é um jornal a fazer a outro jornal aquilo que é prática da comunicação social fazer a outras entidades não jornalísticas: publicar e revelar documentos, mesmo que protegidos pelo segredo de justiça, em nome do interesse público. Esta dupla ética não é aceitável.
"

 

...

Os serviços de informação do exército desmentem que tenham feito a busca que referi no post "à procura da rolha" abaixo, citando uma notícia do Correio da Manhã que referia uma "fonte" da Presidência e tecia consideraçõos sobre eventuais "achamentos".

domingo, setembro 20, 2009 

Exemplar

Entretanto, no Público, o perseguido José Manuel Fernandes toma as suas medidas de defesa da "liberdade de imprensa", conforme conta o Provedor dos Leitores (que tudo o indica, não o continuará a ser por muito tempo, independência empresarial do jornal em relação ao governo oblige):
"Na sequência da última crónica do provedor, instalou-se no PÚBLICO um clima de nervosismo. Na segunda-feira, o director, José Manuel Fernandes, acusou o provedor de mentiroso e disse-lhe que não voltaria a responder a qualquer outra questão sua. No mesmo dia, José Manuel Fernandes admoestou por escrito o jornalista Tolentino de Nóbrega, correspondente do PÚBLICO no Funchal, pela resposta escrita dada ao provedor sobre a matéria da crónica e considerou uma “anormalidade” ter falado com ele ao telefone. Na sexta-feira, o provedor tomou conhecimento de que a sua correspondência electrónica, assim como a de jornalistas deste diário, fora vasculhada sem aviso prévio pelos responsáveis do PÚBLICO (certamente com a ajuda de técnicos informáticos), tendo estes procedido à detecção de envios e reenvios de e-mails entre membros da equipa do jornal (e presume-se que também de e para o exterior). Num momento em que tanto se fala, justa ou injustamente, de asfixia democrática no país, conviria que essa asfixia não se traduzisse numa caça às bruxas no PÚBLICO, que sempre foi conhecido como um espaço de liberdade."
Serão necessárias grandes análises?

 

À procura da rolha

No incontornável CM, uma notícia de luxo:
"A Presidência da República desconfiava mesmo de que estava a ser vigiada por membros do Governo e chegou a pedir aos serviços de informação de carácter militar (que não o SIS) para que fosse feita uma ‘limpeza’ aos gabinetes no Palácio de Belém. Procuravam aparelhos de escutas que pudessem sustentar as suspeitas de Cavaco Silva e dos que lhes são próximos. O que foi efectivamente descoberto é uma incógnita que fonte oficial do Presidente da República não quer confirmar. Apenas refere que não foram encontrados quaisquer dispositivos de escuta.
O CM sabe que o pedido de verificação sobre eventuais vigilâncias ilegais ao mais alto responsável do País não foi feito às instâncias policiais habitualmente vocacionadas para a investigação deste tipo de casos. O assunto não foi tratado nem ao nível do Ministério Público nem da Polícia Judiciária, por a Presidência da República entender que as mesmas poderiam não garantir a 'confidencialidade' do acto.
As conclusões da investigação e as eventuais descobertas que confirmarão os receios de Cavaco Silvadeveriam só ser tornadas públicas após as eleições, já que o Presidente da República não queria ser acusado de interferir com o resultado das eleições legislativas, caso as mesmas fossem desfavoráveis ao PS.
"
Lê-se e ficasse baralhado.
Primeiro, só agora se fazem buscas independentes, passados quase dois anos sobre as suspeitas.
Segundo, é insinuado que se encontrou "qualquer coisa", que não pode ser agora revelado, mas que esse qualquer coisa não são aparelhos de escuta.
(nota: Ferreira Fernandes diz na sua crónica no Diário de Notícias que " os militares, tendo sido convidados pelo Presidente a passar o palácio de Belém a pente fino, NÃO encontram nada")
Terceiro, que o "qualquer coisa" (que não são aparelhos de escuta) que confirmará (futuro? condicional?) as "suspeitas de Cavaco"... deveria só ser revelado ... depois das legislativas, para não prejudicar o PS .
Aqui pasma-se... Para não prejudicar o PS? A que título? É líquido que, no caso de existirem escutas, foi o Governo ou o PS que as colocou?
Quer dizer que o Presidente, tendo encontrado indícios que incriminavam inequivocamente o PS num assunto deste calibre, optava por "ser bonzinho", para não "prejudicar"?
E assim se dá uma "notícia" habilidosa que partindo de um único facto, o de um assessor presidencial ter confirmado que uma busca efectuada por serviços de informação militares não encontrou quaisquer aparelhos de escuta, vira o bico ao prego sugerindo que há mais "qualquer coisa" a revelar depois das eleições "para não prejudicar o PS"...
Quem é que falou em "clima de condicionamento"?
Vá lá que a crónica "A Conspiração", de Emídio Rangel, salva a honra do Correio da Manhã.

sábado, setembro 19, 2009 

Espinhas

Graças a tudo o que temos aprendido com o Pacheco conseguimos perceber como a crónica "Agora, espiões?" do Pulido Valente de hoje, no Público, é um penoso exercício de duplicidade.
O autor, "obrigado" a tratar um tema importante e actual, é compelido, com prejuízo da sua reconhecida elegância estilística, a um espectáculo de contorcionismo pouco conseguido, na tentativa fútil de resolver a fracturante contradição entre a leitura dos factos coerente com a visão do momento político do País que a ele e ao seu campo interessa propagandear e a mais elementar inteligência crítica e bom senso.
Pulido não é, felizmente, totalmente desprovido de escrúpulos intelectuais como o Pacheco.
Não consegue ser convicto enquanto distorce deliberadamente factos.
Infelizmente disso se ressente a coerência e fluidez da sua crónica.
Mais valeria ao seu estatuto intelectual que escrevera sobre futebol e concluísse com o já habitual apelo sumário à derrota de Sócrates.

 

O que nos espera

Chegou-se a uma fase da nossa vida política em que pura e simplesmente dar uma notícia que não seja imediatamente percepcionável como desfavorável ao Governo é "instaurar um clima de medo".
E quem diz isto, di-lo claramente, sem qualquer rebuço ou contenção de linguagem.´
Nos blogs, na rua, nos jornais, nos comentários dos jornais online, na televisão...
Na linha, aliás, do que se tornou habitual nos últimos meses. Qualquer insulto ou boato, desde que seja para atingir o PS ou o Governo, provado ou não, com recurso ou não a violações de segredo de justiça, foi "legítimo".
Que o Governo rejeite acusações, é "intolerável pressão" sobre a "liberdade de informação", o Primeiro Ministro teceu considerações sobre a qualidade do jornalismo de um programa televisivo e foi processado.
Que se insulte e impeça a participação do candidato do partido do governo numa manifestação política, é normal.
Que uns banais provocadores disfarçados de "artistas" impeçam o Primeiro Ministro de fazer um discurso, é "liberdade de expressão", é normal.
Para o PSD, o partido que está no governo porque teve uma maioria absoluta nas últimas eleições deve, pura e simplesmente, comer e calar. E arde de vingança pela afronta que sofreu por ter constituído a oposição mais anémica de que há memória, pela total ausência de ideias claras.
Não que no PSD não faltem pessoas capazes, falo do Partido que em matéria de dirigentes passa do populismo relativamente ingénuo de Santana Lopes/Filipe Meneses para uma modalidade ainda mais perversa feita de ressaibiamento e consciente falta de escrúpulos dos Pacheco Pereiras /Balbino Caldeiras.
Para o Bloco de Esquerda, presa de uma estranha lógica de "imparcialidade", isto é normal.
O PC, em estado de catatonia, alimenta este cenário activamente porque supõe que um cenário de hipotética demolição do PS lhe trará a transfusão de sangue de que necessita para se manter à tona como Partido com um mínimo de influência.
Isto indicia o que nos espera depois das próximas eleições.

sexta-feira, setembro 18, 2009 

Um hábito salutar

José Manuel Fernandes não tem nenhum dado concreto para explicar como foi entalado mas... acha "que é um trabalho dos serviços de informações ou de alguém desse género", isto é, do SIS, isto é, do Governo... ou alguém desse género. Who else?
Jerónimo de Sousa, uma velha raposa que a sabe toda quanto a serviços de segurança, está plenamente de acordo: o que é lamentável nesta história de se descobrir que um assessor do Presidente (com conhecimento, ou não, deste) pôs o Público a investigar um caso de alegada espionagem do Governo que após investigação de um jornalista caiu pela base, algo que o jornal achou supérfluo referir, é “o estado a que tanto o PS e o PSD (sic Público) deixaram chegar os serviços secretos e de informação”... vá lá, um niquinho de imparcialidade, fala do PSD, quanto mais não fosse para justificar o micro-pequeno-médio slogan da "farinha do mesmo saco".
Recapitulando:
Um assessor do Presidente faz asneira, seja por paranóia, seja com desígnios inconfessáveis.
Um jornal faz uma notícia tentando comprometer o Governo em actos gravíssimos dando cobertura a uma boca sem qualquer base de sustentação.
E a culpa de quem é?
Do SIS... e de quem mais? Do Governo, não é óbvio?
Ao José Manuel, ainda o percebo, considerando a alhada em que se meteu.
Mas o Jerónimo... é triste, é desprezível.
Se calhar, sabem do que falam.
Mas interessa relevar que todos estes procedimentos, cartas anónimas, divulgação de conversas telefónicas, vasculhar contas, registos de exames, compras de casas, libertação a conta gotas de informações em períodos adequados, filmagens obtidas clandestinamente e divulgadas para a televisão não se sabe bem como ... têm sido o pão nosso de cada dia na criação de um clima de histeria demencial anti-sócrates que aflige desde há meses um significativo sector da opinião pública.
Órgãos de comunicação respeitáveis, incluindo o Público, contribuiram dessa forma para inculcar junto de uma certa camada da população, acossada pela crise e procurando na vertigem populista e cega, uma válvula de escape, a sensação de que isto era o "jornalismo de investigação", e a "liberdade de imprensa"...
Como é que se indignam agora que UM e-mail (alegado, chamam-lhe algures) tenha ido parar a OUTRO JORNAL?
E logo, Santo Deus, à conta de manobra do SIS, a mando do Governo... What else?
Convenhamos que se trata de argumentos ridículos de pessoas desorientadas que neste momento parecem estar apenas a falar para a plateia de dementes robotizados saídos do filme "Eu sou a lenda" que regorgita insultos nas caixas de comentários do Público.

 

Escândalo

Também no Sol, uma notícia gravissima que confirma a inoperância cósmica do actual Governo que não pára enquanto não nos arrastar a todos para as trevas, onde nem uma luz, sinistra que seja, se vê.
A mais longa tempestade do sistema solar, em curso no planeta Saturno, desmente cabalmente as afirmações irresponsáveis de Sócrates sobre os sinais de apaziguamento da crise.
Sócrates tenta tapar Saturno com a peneira, em conluio com os espanhóis, mas já não consegue enganar os portugueses habitantes de Saturno.

 

Até quando?

No Sol, a notícia de que morreu a mulher mais velha do Mundo.
Preocupa-me a frequência com que nos jornais é noticiada a morte da pessoa mais velha do mundo.
Todos os anos morrem várias destas pessoas.
Parece evidente que se trata de um problema grave de saúde pública a que as autoridades deviam dar maior atenção mas que os Governos ignoram pelo menos enquanto este não for um tema passível de capitalizar eleitoralmente.
Para quando legislação adequada que obrigue as pessoas em situação de risco, como parece ser o caso das mais velhas do mundo, à utilização de equipamento especial de protecção?
Para já apenas resta desejar continuação de boa sorte à nova "mulher mais velha do mundo".

quarta-feira, setembro 16, 2009 

Escuro

 

A lata

Não chegavam os disparates de Verão, chegam as imbecilidades do Outono:
O Pacheco "exige" de Sócrates uma “afirmação unívoca”(sic notícia do Público) de que defende “os interesses portugueses.
Como é que o papagaio da seita Bush/Cheney/Rumsfeld se julga em condições de exigir declarações de "patriotismo" seja a quem for, depois de quase uma década a fazer a figura de Grande Inquisidor da "vigilância" a tudo o que cheirasse a "anti-americanismo"?
Será que ele é tão burro que acredita que um Primeiro Ministro tem tempo para perder com este tipo de "afirmações unívocas" avulso, lá porque a substância das campanhas eleitorais recentes do PSD (e não só...) não passa delas?

segunda-feira, setembro 14, 2009 

Em stand by

A seguir atentamente o blog do Provedor dos Leitores do Público sobre a notícia publicada nesse jornal que iniciou o caso das escutas em Belém.
Começa assim:
É discutido o caso do famoso "penetra" do PS que segundo o ainda anónimo "membro da Casa Civil do Presidente" (apesar de já ter sido nomeado por Louçã) teria sido o primeiro indício que teria levado à suspeita de espionagem do Governo sobre o Presidente.
Para já julgo prudente não tecer comentários e esperar pela continuação da análise dessa notícia que será publicada na próxima crónica do Provedor do Leitor.
Teremos assim de esperar pelo próximo Domingo.

domingo, setembro 13, 2009 

Cuidado. Ela Adora-nos

Manuela Ferreira Leite diz-nos que José Sócrates "só gosta de quem gosta dele" (até faz lembrar uma música do "Rei").
Terrível ameaça, compreendo-a.
O pior é que esta crítica sugere da parte da líder do PSD um comportamento alternativo.
Acho que vou ter pesadelos só de pensar que a Dra. Manuela gosta de quem não gosta dela.

 

Pedra

Uma equipe contratada pela EPAL procede à reparação da superfície em pedra dos arcos do Aqueduto das Águas Livres.
Só mesmo com a ajuda de desportos radicais...

 

Por tabela

Ainda não arrefeceu por completo o escândalo criado pelo "condicionamento" da liberdade de expressão ordenado pelo actual Governo contra um programa "incómodo", e já surge no horizonte uma antevisão da forma como os "apóstolos da verdade" vão lidar com condicionamentos democráticos à "verdadeira liberdade de expressão", caso ganhem as eleições.

A ideia é clara.

A TVI foi "incómoda" para com o Governo com a sua informação "isenta e objectiva".

A SIC foi, como todos sabem, um apêndice do Governo. Parece que não convidou Balbino para Director de Informação, e teve mesmo o desplante de "numa passagem de um vídeo", atenção, ter usado de ironia excessiva para com a Dra Ferreira Leite.
O desplante...
Grave, muito grave...

Vão levar por tabela. Em nome da verdade, em nome da liberdade de expressão...

 

Opaco ruído

Helena Matos admirou-se por não encontrar na Imprensa uma notícia sobre a saga de Balbino Caldeira para tentar, debalde, publicar uma investigação sobre a vida académica de José Sócrates de verdadeiro interesse nacional neste momento de crise e de necessidade de modernização do nosso sistema político.
Segundo os critérios de Helena, rigorosamente objectivos, não se justifica a dificuldade em publicar o livro uma vez que nada faz supor que seja pior do que as restantes toneladas de lixo inútil publicado continuamente em Portugal.
Constatando o "opaco silêncio" à volta da saga, a nossa "muckraker" viu a vantagem competitiva.


Evidentemente que para fugir à Censura Rosa foi preciso usar de uma linguagem metafórica que iludisse o famoso "lápis rosa", realidade bem presente em contraste com os exageros pouco objectivos com que uma certa esquerda procura minimizar o trabalho notável da Comissão de Censura pré-74, foi preciso usar habilmente o ardil de negar o que se pretende afirmar:


"Não me parece provável que as editoras pelas quais passou O Dossier Sócrates tenham recebido algum recado do gabinete do primeiro-ministro desaconselhando a publicação do livro, quanto mais não seja pela prosaica razão de que tal não é necessário: o país é pequeno, os negócios não vão bem..." para evidenciar o que todos os portugueses (pelo menos os de boa vontade...) sabem: O Primeiro Ministro tem um Gabinete Secreto (pago pelos contribuintes) cuja missão é precisamente essa, a de impedir a publicação de qualquer livro incómodo para o Governo, em particular os de António Balbino...

Foi difícil, trouxe chatices.

Para concluir o corajoso artigo, Matos sofreu "pressões", enfrentou o espectro do desemprego e do exílio... foi necessário fintar as brigadas de esbirros socialistas que invadiram o jornal e apreenderam edições...

No fim, tudo acabou em bem:

Balbino, um idealista pragmático disponibilizou o livro na Internet.

De borla, conseguindo até agora para cima de 10.000 downloads, o que permite ajuizar do êxito editorial que seria se vendido no Super ou nas bombas de gasolina, um novo Equador, é bem possível.

Matos publicou o artigo no Público, não se sabendo se recebeu a respectiva avença ou se recebendo-a a terá destinado ao Balbino e às outras vítimas da "quase ditadura" de Sócrates, ou destinado a apoios ao Movimento Manuela Volta em homenagem a uma heroína tombada na luta pela "liberdade de expressão" em Portugal.

 

Venha a instabilidade

Quem lê a crónica de Vasco Pulido Valente no Público de hoje fica com a sensação de que o Partido Socialista chegou ao Governo por golpe de Estado.
Talvez que a frase "vontade de libertação" seja na realidade uma forma de admitir que esta é a única característica que podemos designar como "política" desta campanha que tem tido a ver menos com "projectos" ou "argumentos" políticos do que com o descontentamento difuso de diversos sectores da população afectados pela crise mas incapazes de articulação de projectos políticos coerentes e consolidado por uma campanha de destruição da imagem pessoal do Primeiro Ministro.
De outro modo não se compreende a forma como os comentadores, quando admitem o óbvio, a abissal, embaraçosa, e quase aterradora, pelo que anuncia para os próximos meses, diferença de preparação demonstrada entre o actual Primeiro Ministro e os restantes candidatos, na ronda de debates televisivos das últimas semanas, explicam o facto com questões "de imagem", e "técnicas", do ponto de vista da eficácia da linguagem televisiva.
Segundo Pulido Valente, desta vontade de libertação resultará um Governo dependente dos equilíbrios que consiga alcançar num Parlamento que recuperará assim a sua dignidade e a instabilidade consequente gerará o interesse dos cidadãos comuns pela política, mesmo sabendo dos perigos das tentações autoritárias em Portugal como forma de resolução de instabilidades políticas em tempos de crise grave.
Caso o resultado das eleições não permita a recomposição de um Governo PSD/PP, o que resolveria só por si o problema do "déficit democrático" para parte significativa dos crocodilos lacrimejantes que actualmente o lamentam, vamos ver como essa recuperada dignidade será tratada por Pulido Valente nas suas crónicas dos próximos meses.

quinta-feira, setembro 10, 2009 

Os novos "objectivos"

Qual é a razão pela qual se acusa o PS de estar por detrás do afastamento de Manuela Moura Guedes? Algum facto conhecido? Que se saiba não. A razão é apenas uma: o PS beneficiaria "objectivamente" do caso.
Onde é que eu já ouvi isto? Este tipo de análise não era "estalinista" ainda há bem pouco tempo?

quarta-feira, setembro 09, 2009 

Cenas da luta de classe

Com mais ou menos classe, com luta de classes para aqui ou para lá, Manuela Ferreira Leite e Jerónimo de Sousa estiveram de acordo no essencial, no debate de hoje à noite:
O "condicionamento" democrático é "preocupante". No Continente. Já na Madeira, tudo corre às mil maravilhas.
Manuela deu-se mesmo ao luxo de concordar com Jerónimo, particularmente em questões sindicais...(!!!)
Agora percebo porque é tanta gente acha o Jerónimo "simpático".
Até agora, o chefe do Partido Comunista limitara-se a passear a sua atroz ignorância, debitando vacuidades massacrantes em todos os debates. Hoje, finalmente elegeu o seu "Inimigo Principal".

domingo, setembro 06, 2009 

Quem vê TV

"Sofre mais do que no WC", dizia o refrão dos Taxi.
O mesmo se dirá acerca de alguma crítica de TV.
"PS de Sócrates é contra a Liberdade", a feliz escolha do título da última crónica de Opinião/Crítica de TV do Público, da autoria de Eduardo Cintra Torres, típica do que será banal esperar encontrar-se no cabeçalho de um jornal num "País amordaçado", dá um bom lamiré sobre os "filmes" que o autor tem andado a ver nos últimos tempos.

 

Má hora

Apanhado de surpresa logo pela manhã com a notícia da morte de João Vieira, com apenas 74 anos.
Há muitos anos, já ele era um pintor consagrado, frequentei um curso na Sociedade Nacional de Belas Artes em que ele dava uma disciplina.

Ao contrário do guru distante que eu esperava conhecer, encontrei uma pessoa extremamente afável, séria e disponível, que dedicava a cada aluno, independentemente da sua formação intelectual e do ecletismo das suas opções estéticas, toda a atenção e encorajamento, sugerindo sempre novos caminhos e vias de desenvolvimento mas com total respeito pela perspectiva de cada um.

As suas aulas eram um espaço de reflexão criativa e libertação e ainda hoje me lembro da minha frustração porque duravam um tempo limitado...

sábado, setembro 05, 2009 

A grande evasão

O editorial do Correio da Manhã, "Um apagão desastrado", é bem um produto dos "tempos interessantes" que atravessamos.
Até ontem, as teses do Chomski sobre o perigo dos poderes discricionários das administrações dos grandes meios de comunicação, eram motivo de ridículo. Hoje, os mais veementes defensores da "iniciativa privada" como garante da independência jornalística, indignam-se com as consequências desse poder.
E porque se indigna Octávio Ribeiro, logo secundado pelos habituais comentadores para quem "É triste que neste Pais tinhamos chegado a este ponto"?
Porque o aparente mandante da pressão que levou à demissão foi "um espanhol".
Qualquer dia "seremos uma província da ibéria", geme outro comentador do Correio no espartilho dos 120 caracteres de comentário permitido...
Mas espera, nos últimos parágrafos da crónica, Octávio Ribeiro, depois de sabiamente cogitar(apresentar factos resultantes de investigação jornalística está quieto...) sobre as razões de decisão tão tresloucada , encontra uma "explicação lógica": "Nenhum argumento ditado pelas leis de mercado pode ser chamado para justificar o apagão da pluralidade que se deu no ecrã da TVI. A decisão do grupo Prisa só pode ser entendida à luz da política." Passando de largo sobre a questão essencial nada ter a ver, para Octávio, com critérios informativos mas sim com "Leis de mercado", o que faz sentido, porque até agora nenhum jornalista ou opinador dos jornais apresentou um único facto credível que nos informe sobre o porquê do que se passou e os jornais, quais "anónimos" blogs, limitam-se a divulgar biscas e bocas, parece que afinal reside aqui, cá bem no fundo do túnel, alguma luz que nos aqueça: é que afinal os espanhóis mandam na TVI, sim, mas a mando do nosso Primeiro Ministro. Foi o Sócrates quem deu a ordem, está tudo claro, e eles limitaram-se a cumprir. O Sócrates é muito malvado, isso confirma-se, mas salva-se a independência ao País. Afinal, a invasão deles é aparente, somos nós, nózinhos quem dita as regras dos critérios informativos na Ibéria.
Com calma, ainda vamos ser a Capital, a Castela do século XXI.

sexta-feira, setembro 04, 2009 

Medo de quê?

Achei estranho o tom da entrevista de Manuela Moura Guedes de ontem.
Apesar de a notícia do DN dar como certo o regresso do noticiário que apresenta, a frase "Só se fossem estúpidos é que me tiravam do ar" soou-me a tentativa de condicionamento de algo de que já se suspeita que está prestes a acontecer, tal como se pode depreender desta outra notícia.
A posteriori, não deixa de ser curioso o timing da entrevista, o tom da notícia..., mas enfim, como em Portugal só o Governo é que actualmente monta cabalas e monta-as sobre tudo...
Na minha opinião, que não percebo nada de audiências e shares e o que me interessa é o que consigo ou não suportar, a Manuela Moura Guedes é das pessoas que mais contribuiram em Portugal nos últimos anos para o abandalhamento de um serviço noticioso para gáudio ou anestesia do público mais imbecilizado. Uma palhaçada que nem tem sequer a ver já com "informação espectáculo" e que se transformou nos últimos tempos numa obsessão, em que parte da classe política portuguesa se revê apenas pelo mais rasteiro oportunismo.
Aparentemente é agora vítima de uma guerra que tem mais a ver com lógicas empresariais em Espanha do que com condicionamentos da opinião pública em Portugal.
Deveria parecer lógico para quem o conceito de "liberdade" é antes do mais um conceito de liberdade empresarial.
A Manuela Moura Guedes é um ícone desta forma de ver a imprensa.
O que não impede que se possa discordar do processo usado para a substituir, o que fizeram de forma coerente o Sindicato dos Jornalistas e a ERC, entidades que ela tratou, a seu tempo, de ridicularizar à boca cheia.
Mas para a ralé, o principal não está aí. Noutas alturas, o problema seria o da "independência Nacional", mas na conjuntura actual, como não podia deixar de ser, vamos agora aturar a histeria de que foi mais uma manobra do Sócrates, seria assim se a senhora fosse atropelada, tivesse um enfarte ou partisse um salto.
Criou-se em Portugal a paranóia de que o Sócrates é assim uma espécie de "Illuminati".
Parece que estamos em dia de votação do Big Brother.
Um despedimento numa empresa privada vais ser agora mais uma bóia para que se mantenha à tona a patética campanha eleitoral do PSD.
Só me apetece imaginar um cenário em que o patrão de Manuela não cede e o PSD forma Governo. Irá a outra Manuela manter o "levantamento popular" para a recondução desta?
A esquerda, está claro, tem também tem culpas no cartório nisto, porque há uns anos atrás não hesitou, também por puro oportunismo, em ir a reboque da rábula das "pressões" ao Professor Marcelo.