segunda-feira, dezembro 31, 2007 

Derivas de fim de ano

Tenho ocupado o trajecto de casa para o trabalho com a leitura das Maquinações e Bons Sentimentos, onde se recolhem algumas crónicas literárias do Fernando Venâncio.
Apesar de eu ser um ignorante em literatura, o livro é mais um pretexto para conviver com a escrita viva de Venâncio. Escrita viva e viciante. Por causa dela, por causa do Venâncio, já ia sendo várias vezes atropelado, razão para se poder dizer que pode fazer mal à saúde. É assunto para a ASAE. Consta que há um projecto de Lei proposto por um obscuro deputado do PS ao Parlamento que visa proteger leitores imaturos, vedando-lhes o acesso a estas leituras ambulantes e insalubres que afectam a sua capacidade cognitiva e capacidade de orientação, levando-os a atravessarem as ruas em diagonal e fora das passadeiras, por vezes mesmo cambaleando em risos descontrolados que sugerem outros psicotrópicos já sobejamente tipificados pelas autoridades.
Literalmente na passada, fui aprendendo com o Fernando que terei de rever uma série de referências de que apenas recordo de uma ou outra mirada de passagem pelas estantes das livrarias.
José Martins Garcia, por exemplo. Por causa das Maquinações, ou dos Bons Sentimentos, não sei, tenho procurado este autor em várias livrarias, incluindo a babélica Byblos que agora escancarou as suas fauces aqui a poucos metros da minha casa. Debalde.
É bizarro que sendo para vários críticos, como Fernando Venâncio e David Mourão Ferreira um escritor tão importante, Garcia tenha desaparecido das livrarias sem deixar rasto.
Continuo à procura de Revolucionários e Querubins, agora ainda mais espicaçado por saber que a capa é do grande Nuno Amorim, personagem de referência das artes gráficas e da BD portuguesas, um dos magníficos da Visão, uma revista como infelizmente não se voltou a fazer em Portugal ( indispensáveis os posts de Geraldes Lino em Divulgando Banda Desenhada).
Procurei na net.
No Castelete Sempre encontrei nova referência a Garcia e o excerto de um texto.
A busca por Garcia levou-me também ao blog "Sons da Escrita" de José António Moreira. Ali se transcrevem os textos, alinhamentos musicais e as letras das músicas do podcast com o mesmo nome.
O formato deste podcast lembra-me o de um excelente programa de rádio feito, salvo erro, por Paulo Morais e patrocinado pelo Círculo dos Leitores, que passou há muitos anos e que combinava excelente música dos anos 60/70 com poesia.
Nunca mais esqueci a voz de João Perry dizendo "vou-me embora para Pasárgada..." porque foi a primeira vez em que me ocorreu que a poesia não era uma coisa completamente absurda e desinteressante e dita, podia ter efectivamente uma musicalidade própria.
Ora é precisamente a excessiva presença de música dos anos 60/70 que me parece o aspecto menos bom dos Sons da Escrita. Admito que esta opinião se deva a problemas do meu metabolismo, propenso a agonias e náuseas quando submetido às sonoridades dos Supertramp ou dos Barclay James Harvest.
Mesmo reconhecendo que na sua selecção se evita o recurso ao cliché fácil da musiqueta que já se não pode ouvir de tanto mastigada pelas rádios e pela pimbalhada nostálgico/lamecha dominante, penso que o programa ganharia com uma actualização musical devidamente temperada com uma ou outra pérola da época dourada.
Mas o essencial não é isto. O essencial é serem divulgados poemas e textos de escritores contemporâneos portugueses, muitos deles mal conhecidos.
Embora tenha aportado aos "Sons..." à procura de José Martins Garcia, um dos escritores que mais me surpreendeu ali encontrar foi Miguel Barbosa, que tive o privilégio de conhecer há uns anos.
Lembro-me de como na altura me causou admiração o facto de aquela pessoa afável e totalmente isenta da mais leve manifestação de pretenciosismo ser afinal pintor e amigo de grandes pintores, autor de uma obra literária complexa e diversificada e um paleontólogo amador que mantinha em casa um pequeno museu com peças de todo o mundo que trocava com uma rede de correspondentes.
Bom, já reparei que me desviei, estou-me a esticar, o post perdeu tino e nexo, os telefonemas de fim de ano à espera e a encantadora Família a ficar de trombas de impaciência.
Mas não é assim a blogosfera?

Até para o ano, então.

 

Lapsus graphicae

No sobe e desce da última página do Público de hoje, sobe, como não poderia deixar de ser para quem ler o post abaixo, Miguel Cadilhe...
Sabe-se o valor que estas coisas têm ou não têm, mas... sinceramente o que é que interessa se Cadilhe concorre à direcção do BCP? Em que é que isto "melhora" ou "piora" a situação de quem quer que seja, para além, eventualmente, de Miguel Cadilhe?
Ao lado da subida de Cadilhe, o Papa, certamente como resultado de uma "gaffe" gráfica, desce... por pedir o desarmamento nuclear.

domingo, dezembro 30, 2007 

Lodo, não cais?

É verdade que apesar de bombástico o título, as ressonâncias e musicalidade pachecóide deveriam pôr-me de sobreaviso mas, eterno "optimista", dispuz-me a ler o editorial de José Manuel Fernandes da passada quarta feira no Público com alguma expectativa, já que não é todos os dias que algum corajoso proclama "O dever de dizer alto o que por todo o lado se sussurra".
"Ah caraças, é o regresso dos "muckrakers", os jornalistas incorruptíveis com consciência social que vêm denunciar os podres do sistema e abanar esta pasmaceira" pensei, sempre presa deste registo "soixante huitard" "hors saison" que se me cola como lapa nestes momentos mais épicos.
Lembrei-se de casos recentes. Por exemplo, susurrou-se em tempos que o interesse principal da invasão do Iraque era o petróleo, mas foi preciso passarem quase quatro anos da invasão para que o guru Alan Greenspan o dissesse alto e bom som para toda a gente ouvir. Um dever que Greenspan cumpriu mas não foi seguido pela corja neo-conservadora americana de nacionalidade portuguesa.
Voltemos à nossa história.
Depois de uma introdução para os jovens frequentadores de um workshop de jornalismo, entrou-se no osso e o osso tinha pouco tutano para dar. Por outras palavras, a montanha pariu um rato.
Afinal, no meio de tanta miséria que aflige o mundo e arredores, o motivo da proclamação voluntarista não é nenhum escândalo envolvendo políticos e financeiros corruptos, é mais uma vez o triste não-assunto do "politicamente correcto".
O que causou a indignação de Fernandes não foi a forma como a UNESCO combate a SIDA e a mutilação sexual feminina, foi a linguagem utilizada para descrever estes flagelos.
No mesmo dia, Rui Tavares escreveu no Público sobre algo bem mais preocupante, a referência feita pelo Cardeal Patriarca ao ateísmo como "o maior drama da humanidade". Qualquer ateu consciente de que o proselitismo ateu não tem grandes lições de moral a dar aos cristãos, tem a obrigação de tolerância relativamente aos dislates dos lideres de qualquer seita religiosa, mas é curioso que o Director do Público tenha ignorado esse tema e tenha escolhido como alvo das suas preocupações questões tão acessórias e se dê ao trabalho de frustrar as expectativas dos seus leitores com títulos pomposos para assuntos da treta.
Dá para pensar: se uma linguagem tão ridícula como a do vulgarmente designado "politicamente correcto" incomoda tanto reaccionários notórios como a Helena Matos, o JMF e o Pacheco Pereira, será que fará afinal algum sentido?
A terceira parte do texto foi ainda mais séria e grave, porque é mais uma manifestação da estranha tendência de José Manuel Fernandes para tomar partido em certos conflitos entre grupos de interesses que se degladiam para tomar o controle de sectores da nossa economia, que, julgar-se-ia interessarem a um jornalista apenas como matéria de investigação independente.
Primeiro foi o caso da OPA à PT e a defesa apaixonada que fez do patr... ooops da Sonae.
Seguiu-se um patético chafurdar num hipotético problema com as qualificações académicas do Primeiro- Ministro, que, quer se queira quer não, teve todo o ar de uma révanche.
Veio depois a questão do novo aeroporto em que tomou partido, sabe Deus baseado em que conhecimentos técnicos, pela proposta de localização da CIP baseada em estudos encomendados por esta comprovando o que o respectivo presidente já defendia antes.
Agora, a propósito da débacle do BCP, ficou escandalizado porque a nova direcção do banco resultou de uma solução "patrocinada pelo PS".
Pasme-se.
Não foi pelo facto de este caso deixar antever alguma da podridão existente no mundo da alta finança e a promiscuidade entre a política e esse mundo materializada no vai-vem de politicos para a banca e da banca para os ministérios, mas sim porque o BCP será de futuro alegadamente controlado por personagens ligados ao PS.
A minha memória de elefante para estas coisas recorda-me de um debate televisivo há uns anos atrás. Quando alguém chamou a atenção para os lucros dos bancos, JMF, qual representante da classe, garantiu com convicção que tal se passava porque os bancos eram um sector que fizera "um grande esforço de modernização".
Assim mesmo. Nada de referências ao poder indiscriminado, aos autênticos roubos sistemáticos e continuados aos clientes através dos mais diversos mecanismos, nada de referência à forma como os trabalhadores faziam ( e fazem, suponho) horas extraordinárias não pagas, aos impostos ridículos que os bancos pagavam na altura, nada... foi tudo o resultado de um esforço de modernização...
Lembrando-me deste episódio, não posso deixar de achar curioso que este personagem venha agora indignar-se com a "regulação"...
Quer dizer, os bancos "modernizaram-se", um deles entrou em colapso porque as "vítimas" tinham um determinado estatuto mas mais problema menos problema trata-se de "mecanismos" comuns a todo o sector, e Fernandes chuta para o lado com a "regulação".
O que o indigna não são estas jogadas, o que o indigna é terem-se tornado públicas e a possibilidade do PS passar a "controlar" o banco.
Ao menos Luis Filipe Meneses foi mais expedito... chamou o Miguel Cadilhe que chamou o Bagão Félix, tudo personalidades independentes dos partidos...
Mais uma batalha para o jornalista José Manuel Fernandes: tomar partido por uma das listas concorrentes à direcção do BCP...

 

Para quê?

Apesar dos bons ofícios do Hugo Chavez, continua a rábula dos reféns colombianos.
Provavelmente porque a guerrilha quer mandar mais alguma "mensagem", fazer ronha, hipoteticamente mostrar que não são empregados do Chavez, qualquer coisa, porque nestes casos nada acontece por acaso.
Todos sabemos que a realidade da América Latina é muito diferente da europeia.
Só assim se compreende que ainda tenham alguma legitimidade certos movimentos de guerrilha que se reclamam da esquerda como é o caso das FARC, para não falar dos famosos governos "populistas" que agora incomodam tanto impoluto democrata.
A conotação com a esquerda e a tentativa de pôr em cheque a tutela dos Estados Unidos e das suas empresas (o que vem dar quase ao mesmo) sobre os recursos naturais e por consequência sobre a vida política da região é a diferença que gera a pele de galinha pró-democrática nos defensores da mais maquiavélica "real politik" quando os protagonistas são "amigos". Quando se trata de regimes que com maior ou menor democracia formal mantêm o essencial na mesma, ou seja as oligarquias e os seus privilégios intocáveis e os interesses dos Estados Unidos inatacáveis, nada há, para os intelectuais "liberais", a reclamar.
Não há "climas asfixiantes", não há "ditaduras democráticas", desde que haja umas eleiçõezitas e "alternância de poder" está feita a check list democrática, nada há a reclamar.
Repare-se na Colômbia.
O Presidente que tenta "normalizar" o País domando a guerrilha, faz uns discursos inflamados sobre as patifarias dos guerrilheiros mas é incapaz de, no mesmo impulso, referir as centenas ou milhares de sindicalistas e outras pessoas de esquerda que em tempos recentes procuraram a normalização democrática e o diálogo na legalidade e acabaram assassinados. Destes assassinados ninguém fala, ou poucos falam nos media, não interessam ao Pai Natal, comparados com um refém dos guerrilheiros que seja. São, pelo facto de serem esquerdistas na América Latina, "mortos naturais", gente que em última análise, merece o que lhe acontece.
Dito isto, não pode uma pessoa normal evitar a interrogação:
Mesmo sabendo que a luta política não é exactamente um mar de rosas, que os protestos dos direitistas do quintal não passam de uma estratégia suja e hipócrita, o que lucra politicamente e mesmo que seja materialmente, uma guerrilha como as FARC em manter prisioneira uma pessoa como Ingrid Betancourt?
Estejam as FARC, como naturalmente estarão, nas tintas para o que pensa um qualquer europeuzeco, e sigam uma estratégia que nas circunstâncias em que vivem só pode ser inflexivel, o que ganham em qualquer tabuleiro que seja com manter reféns inocentes em seu poder? Repare-se que não se fala de inimigos, fala-se de pessoas inocentes.
Será assim que pretendem "chamar a atenção" para um problema?
Que imagem dão estes homens de si e do seu movimento?
Que garantias dão, ao assim proceder, de que o que lhes interessa é mais do que perpetuar a situação em que já vivem e que portanto não se trata já de ganhar ou de perder o que quer que seja mas meramente exercer a força de que dispõem? E em que medida é que pensam que isto os torna sequer interlocutores válidos de alguém, quem quer que seja, que queira efectivamente desmilitarizar o País e normalizar a vida política do País?
Infelizmente, o que toda esta situção que se tem arrastado ao longo dos últimos anos parece revelar, é que este tipo de movimentos acabam sempre a seguir a mesma linha de degenerescência autoritária e criminosa.

sábado, dezembro 29, 2007 

Pessimismo

Se há quem veja "o mercado" como uma gigantesca ágora onde os cidadãos interagem e "votam" em tempo real, a notícia do Público da passada 4.ª feira de que o aumento de volume de compras dos portugueses até ao dia 25 de Dezembro em relação ao ano passado foi de 5,6 por cento é esclarecedora.
Bem podem estatísticas duvidosas garantir que o "índice de confiança" dos portugueses é dos mais baixos da Europa e que somos os mais pessimistas mas os dados objectivos dizem o contrário. Os portugueses acima da fasquia da miséria estão felizes e optimistas. Ou então são doidos. Mas... não dizem os políticos que o "povo tem sempre razão"?
Quem, por qualquer motivo, passou por algum dos inúmeros centros comerciais e assistiu ao espectáculo da sofreguidão consumista, pode ter intuitivamente a percepção do que é o tal "pessimismo".
A minha dúvida é se são "os portugueses" pessimistas ou a minoria visível relativamente significativa com direito a um nível de vida razoável e a uma opinião que está vedada à multidão de excluídos inexistentes politicamente que apenas abandona a penumbra mediática quando sobre parte dela incide a luz fosca de alguma iniciativa paternalista promovida por uma televisão ou um mecenas decidido a abater uns dinheiros em impostos.

sexta-feira, dezembro 28, 2007 

Palavras de Benazir

Não gosto de fazer posts à custa de palavras dos outros e sem contextualizações ou enquadramentos, mas o que de melhor há a fazer em memória da Benazir é deixar as suas palavras.

 

Morte de uma mulher corajosa

Não queria acreditar no que diziam na televisão, fiquei chocado.
Um mulher que acreditou num País que parece ser a fonte do caos.
O clima político em que se movia fazia prever o pior a qualquer instante mas a confiança que demonstrava e inspirava parecia imunizá-la contra o perigo.
Era como se navegasse num mar encapelado mas mantivesse sempre o controle do veleiro.
Desconhecia os detalhes do programa político de Benazir.
Não havia muito que conhecer, aliás, para se perceber como era uma mulher corajosa que enfrentou no terreno, desarmada, o fundamentalismo e o terrorismo.

terça-feira, dezembro 25, 2007 

Pág. I

Angels & Devils, pág. 1
S.Clay Wilson, 1972, Zap Comix

 

Anjos & Demónios

Em atenção aos seus escassíssimos mas sempre exigentes leitores sempre ávidos de qualidade, o Bidão comemora a Quadra com a divulgação de Angels and Devils, uma BD dedicada pelo fabuloso S. Clay Wilson a Rick Griffin e publicada em 1972 no n.º6 dos Zap Comix.
A divulgação das 8 pranchas da história será feita numa base semanal.

 

Como se não soubessemos

A CNN informa-nos que na sua última inavasão do Líbano, Israel usou bombas de fragmentação de acordo com a Lei.
Se perplexidade pode existir é apenas por se colocar a questão.
Israel é um Estado que põe o mais absoluto cuidado em assegurar a legalidade de todas as barbaridades que comete. Lembram-se de como o Director do Público teve o cuidado de contabilizar criancinhas mortas para estabelecer um criterioso escalonamento de massacres e se enterneceu com os avisos prévios do exército israelita aos palestinianos com casas prestes a serem bombardeadas...
Israel É a Lei?
Se Israel é a Lei faz algum sentido duvidar da legalidade de algo feito por Israel? Ainda por cima no Natal...

domingo, dezembro 23, 2007 

A caminho de São Bento

A entrevista de Luis Filipe Meneses ao Expresso é de uma imbecilidade assustadora.
Quem se queixa da situação actual, do "ambiente asfixiante", etc., é bom começar a perceber o que nos espera se este senhor chegar a algum lado a Sul de Gaia. É pior do que nos anunciavam o Pulido e o Pacheco.
Dois momentos portentosos: o do "desmantelamento do Estado em seis meses" à "moda do Sarkozy" e a resposta à pergunta sobre o Jardim da Madeira.
No primeiro demonstrou que pensa que governar um País é como adoptar o penteado da estação. Pobre Sarkozy, depois de ter elogiado um Sócrates que se existisse em França lhe roubaria espaço político, terá agora à perna um "discípulo" ainda mais estulto. Mal andou o Ministro das Finanças quando "reagiu" classificando-o como "anarquista"..... Anarquista? Anarquistas são gente séria, pá, isto é só a gozar.
No segundo, com uma resposta lapalissiana que tresanda a medo de atiçar a fera, garantiu que os portugueses estão habituados ao estilo do cacique.
Ai estamos, estamos...

 

Política e Higiene

Por incrível que pareça, o nazi responsável por isto não foi imediatamente defenestrado pelos alunos.
A chamada "sociedade civil", reagiu como pode, com todo o civismo que o politicamente correcto em vigor lhe permite, através de uma carta do grupo parlamentar do Bloco de Esquerda ao Ministro da Ciência e Tecnologia. Não se sabe a resposta.
É que anda toda a gente preocupada com o excesso higienista da ASAE.
Proibição de propaganda política ainda vá que não vá, agora a minha biquinha em chávena escaldada ninguém ma tira.

 

Conservadorismo e punkismo

A Pública de hoje agride-nos com a fotografia de uma pavorosa velha gaiteira ao lado da qual a celebrada Lili Caneças faz figura de Top Model brasileira, na capa.
A imagem que acorre ao pensamento é a contra-capa do álbum "Miles Davis Live/Selim Sivad Evil".
O pretexto, para além da graxa inevitável a quem tem muito dinheiro, parece que é celebrar uma hipotética "evolução" da senhora, de punk quando foi necessário fazer de tudo para desenterrar o graveto a conservadora, alcançado o tal "lugar ao sol".
O problema é que entre punk e conservadora, não ficam claras as diferenças.

 

180 graus

E de aflição em aflição com o "politicamente correcto", eis-nos chegados a um ponto em que a direita já só consegue discutir com ela própria.
Atira os foguetes e apanha as canas.
Embora estúpidas, as afirmações como a do Dr. Espada reproduzida no post abaixo, não são de todo supérfluas. Há que continuar a agitar fantasminhas do "politicamente correcto" enquanto for necessário reclamar por "reformas" que nos levem de volta aos tempos áureos da Revolução Industrial em matéria de harmonia social e liberdade .

 

Sem assunto

No Expresso deste fim de semana, o Dr. Espada interroga-se "se num mundo dominado pelo politicamente correcto", "podemos ainda desejar Bom Natal".
É, realmente, uma questão que preocupa.
Responda quem souber...

terça-feira, dezembro 18, 2007 

Juizes em causa própria.

Uma das armas propagandísticas mais eficazes dos vendedores de OGM consiste em afirmarem que esses produtos são aprovados por entidades reguladoras acima de qualquer suspeita.
Fica-se com a ideia de que os produtos GM são testados por circunspectos cientistas independentes trabalhando para instituições públicas e independentes.
Ora isto é uma rotunda mentira e é difícil de perceber como é que os governos europeus têm vindo a ceder-lhe.
Na realidade, as entidades reguladoras não fiscalizam nada.
Limitam-se a aceitar como boas as garantias dadas pelos fabricantes baseadas em estudos que não divulgam para proteger os seus "direitos intelectuais".
A situação é sintetizada pelo investigador Bill Freese:
Um desenvolvimento maior deste tema pode ser lido aqui.