quinta-feira, maio 21, 2009 

Ler devagar

A Plataforma Transgénicos Fora do Prato criou uma biblioteca virtual sobre os transgénicos.
Boas leituras.

quarta-feira, maio 13, 2009 

Miau

A julgar pela quantidade de "vidas" que recentemente surgiram à venda nas livrarias, o ex-beato e agora São de pleno direito Nuno Álvares Pereira (um primo afastado...) é um gato.

 

O Bloco

Parece que a questão do Bloco é neste momento Central na política portuguesa. Ando a meditar no caso.

 

Literalmente do avesso

O que interessa é o "interior", já me dizia a minha Mãe(zinha).
Nos Estados Unidos, a Miss Califórnia correu o risco de perder o título porque naquela sessão de perguntas estúpidas para encher tempo respondeu que o casamento é uma coisa para sexos diferentes. O bastante para passar num ápice de menina linda a estafermo reaccionário.
Para evitar a controvérsia sobre o "delito de opinião" tão cara ao Mário Crespo, e afastar o espectro de algum eventual "brutal condicionamento", acabou por se descobrir que a rapariga (que eu, à cautela, hesito em avaliar do ponto de vista estético), terá posado em lingerie excessivamente, para não dizer extremamente, reveladora, assim violando as regras do contrato que a obriga a ser "avançada" por dentro e boazinha mas relativamente púdica por fora.
Tudo nas mãos do detentor dos direitos do concurso, o inevitável Donald Trump, que assim teve direito a escolher entre dois mundos: correr com a Miss e tornar-se ícone progressista ou mantê-la, demonstrando que não passa daquilo que realmente é, um especulador imobiliário sem escrúpulos.
E foi uma escolha tão simples e acertada... em todos os sentidos.

terça-feira, maio 05, 2009 

Toca a todos

Achava graça àqueles filmes animados de autores do Leste meio experimentais que ele passava na Televisão.
Falei com o Vasco Granja uma vez. Abordei-o na rua para lhe falar com entusismo da banda desenhada underground norte americana. Robert Crumb, os Zap Comics, por aí fora....
Torceu o nariz.
Careta.
Nunca mais.

 

The Lone Ranger

Numa passagem de um artigo para a Foreign Policy, Robert Kaplan um dos ódios de estimação aqui do Bidão confessa que "existem coisas piores do que a mais extrema tirania e no Iraque fomos nós a sua causa. Digo isto apesar de ter apoiado a guerra"(1).
Praticamente já só o José Manuel Fernandes, o Pacheco Pereira e uns energúmenos dos Insurgentes, do 31 da Armada e do Blasfémias continuam a achar que a invasão do Iraque foi uma vitória da democracia.
(1) trad. livre da minha responsabilidade: there are worse things in the world than extreme tyranny, and in Iraq we brought them about ourselves. I say this having supported the war.

segunda-feira, maio 04, 2009 

Para acabar

Parte III– Outros comentários
1- Foi pouca porrada, apenas uns empurrões e uma garrafita de água desperdiçada.

De um ponto de vista pragmático deve reconhecer-se que efectivamente poderia ter sido pior. Ainda bem que o não foi. Apesar disto o representante do maior partido português e seu cabeça de lista às eleições europeias foi impedido de participar numa manifestação.
Se ninguém acharia normal que um representante de um partido minoritário, o Jerónimo de Sousa, por exemplo, fosse impedido de participar numa manifestação, alguém pode achar natural que o representante do maior partido português o seja?

2- Foi despropositada a exigência de pedidos de desculpa.
O que seria normal teria sido que o Secretário Geral da CGTP o fizesse, pelo seu pé, mas isso, pelos vistos, é pedir demasiado.
Quanto ao PC, é abusiva a exigência, uma vez que se tratava de uma manifestação sindical e não do PC, e se o PC tem obrigação, como qualquer partido que literalmente “faz o jogo” democrático, de repudiar a acção, o que não fez, não é líquido que tenha de responsabilizar-se pelas acções de caceteiros entre os seus militantes. Já lhe fica suficientemente mal o não ter repudiado os caceteiros.

3- O “aproveitamento” da cena por Vital Moreira...
Eu gostaria que os animais que atacaram o Vital, o tivessem feito, por mera hipótese e apenas nesta medida e para este efeito, ao Marcelo Rebelo de Sousa ou a outra figura mediática do género. Seria na mesma inaceitável mas serviria para dar a esse pessoal uma noção do que significa exactamente “aproveitamento”.

4- Marcelo tem uma justificação sólida para falar de aproveitamento.
Imagina o que conseguiria fazer com um facto político que não precisa de ser inventado e indigna-se com o "desperdício" que é, nas mãos inábeis de Vital.

 

Os valores dos xico-espertos

Parte II - Os xico-espertos que se topam uns aos outros
Quais são as reacções de muitos comentadores, numa estranha identidade transversal ao espectro político?
1- Vital Moreira teve o que merecia por se ter ido "pavonear" para uma manifestação sindical (ninguém lembra o facto de ter sido - eventualmente por equívoco - convidado).
Talvez que o convite feito ao partido do governo fosse uma questão meramente formal e não fosse para ser seguido à letra. Há gajos que não sabem etiqueta.

2- Se calhar até fez de propósito para se vitimizar...

3- Quem insultou o Vital Moreira "fez um favor ao PS", uma interpretação repugnante comungada por Marcelo Rebelo e Jerónimo de Sousa, ambos do mesmo apelido político.

3- Antes do grande "MAS", alguns lá arranjam um tempinho para prestar "lip service" à treta de que estas coisas são "lamentáveis" e "não devem acontecer em democracia" - percebe-se depois que é sobretudo porque correm o risco de favorecer o PS que pode aproveitar o caso para se "vitimizar".

3- Outros não têm sequer os tomates "revolucionários" de dizer claramente que "sim, o vital moreira é um traidor à classe operária que se passou para um partido burguês e como tal deixou de ter acesso às liberdades e deve levar nos cornos dos legitimos representantes do povo português em todas as circunstâncias - tal como, aliás, todos os membros dos partidos burgueses. Sempre."

4 - A situação é apresentada por alguns como uma prenda” ao PS.

5 - Neste cenário esperar-se-ia que Carvalho e (ou) Jerónimo não criticassem o acto “em si”, “em abstracto”, mas que pelo menos criticassem os autores das injúrias porque “objectivamente” actuaram como “provocadores” ao serviço do PS. É possível mas nunca o saberemos.

6 - Se - oxalá que não- assistirmos noutras circunstâncias a cenas de pancadaria em que as vítimas sejam sindicalistas da CGTP espero que o Carvalho da Silva, o Jerónimo, o Marcelo (quanto a este confio que não o fará) e alguns dos comentadores e bloggers da nossa praça para quem no campo do xico espertismo da baixa politica vale tude e tirar olhos nunca venham com histórias sobre os "valores universais".

 

Valores Universais (a slight return) I

Parte I - Quem anda por aí a passar certificados de autorização para desfiles no 1.º de Maio?
Depois venham falar da corrupção. Sobretudo de "corrupção moral".
Uma central sindical convida um partido para estar presente num desfile. O partido em causa envia uma delegação. Ora acontece que da delegação faz parte um indivíduo que em tempos militou numa força política próxima da tal central sindical e a sua presença "provoca" os ânimos de alguns dos militantes da central que o insultam e agridem.
Cabe perguntar: quando uma central sindical convida um partido para estar presente num desfile, será que deve indicar logo que há pessoas cuja presença será considerada "provocação" embora pertençam a esse partido?
Se foi este o caso, o partido em causa torna-se responsável por ou recusar o convite ou escolher melhor o seu representante.
Se não foi esse o caso cabe perguntar de novo: tratou-se de um convite ou de uma armadilha?
E a circunstância de o indivíduo em questão ter pertencido a um partido cujo apoio à central sindical é conhecido? Será a razão que o tornou mais "provocador" do que qualquer um dos políticos de outros quadrantes com quem esses militantes "provocados" se cruzam diariamente?
Porque é que os militantes de um partido que se diz democrático se comportam como membros de um gang?

domingo, maio 03, 2009 

Valores universais

Em tempos de "brutal condicionamento" da opinião pública, Marcelo Rebelo de Sousa, comentando em prime time no mais condicionado canal de televisão público, acaba de advertir os militantes do pc e do bloco de que qualquer acto de violência contra elementos do PS ou do governo em tempos de campanha eleitoral, serve "objectivamente" (les bons esprits se rencontrent) os interesses do Governo.

sábado, maio 02, 2009 

Fait divers

Para além do fait divers, as circunstâncias do ataque a Vital Moreira no desfile da CGTP do 1.º de Maio, obrigam a reflectir na relação que existe hoje entre a esquerda e as comemorações do 25 de Abril e do 1.º de Maio.
A perspectiva de alguma esquerda, sobretudo aquela mais ligada ao PCP, do que é a comemoração do dia da Liberdade é simples: vai à manifestação do 25 de Abril quem se identifica com a "conquista da liberdade". Mas se lá for carecendo do reconhecimento dessa qualidade por parte dessa esquerda, e sabemos como ela é avara em atribuir essa honra a quem não faz parte da sua órbita, é tratado como visita, desprezado, ou mesmo agredido. Se lá não voltar, é porque não valoriza a Liberdade. Como Queria Demonstrar.
Por consequência, o que se comemora no dia 25 de Abril actualmente, não é a Liberdade alcançada no dia 25 de Abril de 1974 e celebrada euforicamente por todo o País durante aquela semana até ao 1.º de Maio, mas sim a liberdade de alguns dos que se opuseram ao anterior regime ou dos seus continuadores garantirem um forum onde podem auto-congratular-se em paisagem simbólica tranquilizadora e sem perigo de contraditório como pano de fundo .
Esta visão do que é "preservar", palavra já de si suspeita quando aplicada a algo que se pretende vivo e dinâmico, como a Liberdade e a Democracia, a "pureza" do legado do 25 de Abril, é a melhor forma de o isolar, matar e fossilizar.
Se quem tem a "legitimidade" para desfilar é apenas quem trabalhou para "tornar possível" o 25 de Abril, a consequência é que o 25 de Abril deixará de ter significado quando o último dos sobreviventes "legítimos" desse momento histórico deixar de poder andar. Na melhor das hipóteses desfilará ainda, sózinho, por mais uns anos, de cadeira de rodas ou ligado a uma máquina operada por enfermeiros de pedigree assegurado.
Ao invés de ser inclusivo, e significar a liberdade para todos os portugueses, incluindo os que não se opuseram activamente ao anterior regime e aqueles que vieram depois, o desfile e as comemorações tornar-se-ão cada vez mais sectários e gerontocráticos.
Tornar-se-ão numa fantochada deprimente, um ritual vazio, traduzido já hoje por tiques como palavras de ordem da idade da pedra, (fascismo nunca mais...haja Deus) e a persistência do patético quadrado dos "ilustres".
A comemoração do dia da Liberdade e do Primeiro de Maio, pelo significado particular que este último tem no caso português, como o dia em que efectivamente se celebrou a Liberdade com a participação entusiástica de todo o povo português num momento único e irrepetível de unidade que ultrapassa em anos luz o âmbito das CGTPs ou da UGTs ou de outra qualquer força política ou sindical, só fará sentido se for aberta a todos os que se identificam com o facto de o 25 de Abril ter aberto uma porta e ser, relativamente às liberdades (e não apenas no conceito de liberdade de Álvaro Cunhal) um corte total com o regime anterior. Sejam eles da esquerda, da direita ou do centro. Guardiões, mesmo que em nome da Liberdade, não podem nem devem ser tolerados.

sexta-feira, maio 01, 2009 

Como elas se cozem

O debate sobre os transgénicos reveste aspectos que requerem conhecimentos especializados. Isso dificulta uma maior compreensão da opinião pública pelos problemas em jogo .
Por isso transcrevo integralmente, com autorização da autora, um texto da Prof.ª Margarida Silva, professora universitária e membro da Plataforma Transgénicos Fora!, sobre o relatório que permitiu à EFSA (autoridade europeia para a segurança alimentar)fundamentar a decisão de não ver nenhum impacto negativo para a saúde pública no cultivo e utilização alimentar do milho transgénico MON 863 produzido pela Monsanto.
Como penso que se pode aprender muito no confronto com opiniões contrárias, junto também um link para a opinião contraditória de um activista pró-OGM sobre o mesmo relatório.
Eis o texto de Margarida Silva:


"A história já é antiga... Após guerra em tribunal que durou vários anos a Monsanto é obrigada a tornar público - tal como previsto na legislação - um estudo relativo ao impacto de um milho transgénico na saúde, o MON 863 (que está actualmente em circulação na UE). O que se conhecia antes disso era apenas que o estudo existia e que nem a Monsanto nem a EFSA, a autoridade europeia de segurança alimentar, encontravam nenhum impacto negativo no consumo daquele OGM.
Um grupo francês, encabeçado por Séralini, pegou nos dados em bruto agora públicos, refez as estatísticas e publicou esse trabalho numa revista científica. A EFSA, incomodada pelas conclusões que demonstravam efeitos negativos nos ratos alimentados a MON863, encomendou a um outro grupo uma re-reavaliação, também ela publicada numa boa revista científica. Neste último trabalho a conclusão era de que o milho não tinha problema nenhum.
Há dias, por acaso, encontrei este artigo feito a pedido da EFSA e fui finalmente ver como é que tinham conseguido chegar à conclusão de inocuidade. E o que li foi revelador. Estes cientistas não puseram em causa as estatísticas do Séralini, que consideraram correctos ("statistical findings"). Onde eles discordaram foi nas conclusões, depois da estatística arrumada. Para estes autores as diferenças entre os ratos de teste e os ratos controlo só podem ser consideradas como relevantes se houver:
- uma relação dose-resposta,- reproduzibilidade (reproducibility) ao longo do tempo,- associação com outras mudanças relevantes (como histopatologia, etc)- ocorrência nos dois sexos- ocorrência fora do intervalo de variações encontrado na espécie- plausibilidade em termos de relação causa-efeito.Para quem quiser ir ver, a referência é: Food and Chemical Toxicology 45 (2007) 2073-2085.
Estas condições que os cientistas colocam equivalem a má-fé científica, e são profundamente manipulatórias, para além de inaceitáveis face à lei. Colocam a bitola de demonstração de impacto num ponto inatingível, e sem qualquer fundamentação para tal.
Vejamos um exemplo. No caso deste milho foram encontradas diferenças entre os sexos. Estas diferenças resultam muitas vezes de efeitos hormonais que, como todos sabem, são sinais que podem ser interpretados de modo diferente consoante os sexos. Aliás, precisamente por os sexos serem diferentes é que se incluem os dois, em separado, nas experiências. Mas neste artigo, como havia diferenças entre sexos, os autores descartam esses dados porque só impacto encontrados nos dois sexos é que podem ser relevantes. Com esta lógica, um poluente que cause cancro da mama só em mulheres não é problema, porque para ser problema tinha que causar o mesmo cancro em homens!...
Quanto à relação dose-resposta, a história é equivalente. Há substâncias que são mais nocivas a baixa concentração do que a concentrações maiores. Isso tem a ver com o limiar para activação de enzimas, etc, e é algo perfeitamente pacífico em toxicologia. Mas para estes autores, se o efeito não aumentar à medida que se aumenta a dose, nada feito. Alguém disse que os cientistas eram todos honestos?
O argumento mais engraçado é o da plausibilidade. Se o impacto que se observa não for plausível, isto é, se não tivermos uma boa explicação para a tal relação dose-resposta, então também não pode ser relevante. Ou seja, se eu inventar um veneno que mata toda a gente, enquanto não soubermos como é que actua e através de que mecanismos é provável que cause essa mortandade, então está tudo bem e pode ser aprovado.
Todos os critérios que estes cientistas enunciam são, quanto a mim, manipulações científicas desavergonhadas, que descredibilizam os próprios, o método científico e a revista que os publicou, a EFSA (que depois se apoiou neste artigo para descartar o do Séralini) e todo o processo de aprovações europeu. Não são ciência, mas sim um vergar definitivo do que devia ser honesto e independente aos interesses económicos de uma empresa que manda muito.
Saúde,
Margarida Silva"

nota: formatação, links e ilustração da minha responsabilidade. O conteúdo do texto não sofreu qualquer alteração.

 

Atentados

Se por acaso o protagonista principal de ontem na Holanda fosse um muçulmano em vez de um discreto holandês, tínhamos direito a romance para meses, escalpelizações geo-estratégicas e alertas sobre o total controlo que a AlQaeda já exerce sobre toda a civilização ocidental.
Assim, apenas resta depositar esperanças nos especialistas de teorias da conspiração que em breve nos desvendarão como se tratou de mais um episódio da denodada busca (de há séculos) pela obtenção do Graal pela tenebrosa seita secreta "A Irmandade do Carro Japonês" e como o Graal foi escondido num pneu do autocarro da família real holandesa - marcado com um G invertido escrito em tinta especial e benzido - por um enviado de D. Nuno Àlvares Pereira.
No entrementes, Mário Crespo, o homem que há cerca de ano e meio classificou como "violência intolerável" um pontapé de raspão dado por um activista durante a breve escaramuça gerada no decorrer de uma acção do movimento Verde Eufémia contra uma plantação de cereais transgénicos na zona de Silves e há dias classificou o actual clima político como de "condicionamento brutal da opinião pública", encontra-se a braços com um problema de adjectivação.