segunda-feira, novembro 23, 2009 

Ao papel

Uma sugestão aos militantes do PC.
Rapidamente e em força para os caixotes do lixo junto ao Palácio da Justiça onde parece que se acumulam documentos  que podem vir a ter interesse em processos futuros.

domingo, novembro 22, 2009 

O espírito Stasi

Pelo sim, pelo não, o PC quer manter as gravações de escutas, com vista a "processos futuros".
Parece que está já tudo organizado.
Com imaginação qualquer coisa se há-de arranjar.

 

Distopia


A ler a tradução francesa de A Supposedly Fun Thing I'll Never Do Again do David Foster Wallace, isto é, "Un truc soi-disant super auquel on ne me reprandra pas", editado pela "Au Diable Vauvert", que se pode encontrar, por enquanto, na Ler Devagar.
A peça central do livro é a tradução da reportagem  publicada na Harper's em Janeiro de 1996, com o título "Shipping out". Contratado pela Harper's, DFW, embarca num cruzeiro de sete dias às Caraíbas, num superpaquete hiperluxuoso. A vida a bordo está minuciosamente programada para proporcionar ao viajante o requinte absoluto e preocupações zero.
A empresa que organiza o cruzeiro pensa em tudo, até na formas disponíveis para o cliente descrever a sua experiência. Um exército aparentemente inesgotável de tripulantes e empregados vela para que ele não tenha o menor aborrecimento em nenhum momento.
É, literalmente, o sonho realizado da "abolição do trabalho". O Pays de cocagne em movimento, o Santo Graal da nossa era. Uma antevisão da Matrix.
O reverso da medalha deste mundo ideal, tão ideal que é pressurosamente negada aos que o experimentam, a necessidade, sequer, de o interpretar, o que o torna possível, é a sociedade rigorosamente estratificada e disciplinada dos tripulantes, exército sorridente de formigas humanas dirigida sem falha pelos responsáveis do navio e da companhia que o explora.
Um desdobramento de metáforas que poderia transformar este texto como o ensaio, hoje possível, sobre a luta de classes e as relações de produção a nível planetário, sobre os pressupostos existenciais em que asssenta a nossa civilização.
Sinistro... e hilariante.
nota:
A foto é do meu exemplar do "Truc..." e apanha a  fotografia de DFW da autoria de Marion Ettlinger, publicada na contraguarda da edição da "Au Diable Vauvert".

 

Atrofia do verbo

Formados na escola dos caprichosos, idólatras do fragmento e do estigma, fazemos parte de um tempo clínico em que apenas contam os casos.
Primeiras palavras de Cioran, Silogismos da Amargura, ed. Letra Livre 2009, trad. Manuel de Freitas.
Título original: Syllogismes de l'amertume, Gallimard, Paris, 1952.

 

Salut Jorge Ferreira

Dia triste para a blogosfera com o desaparecimento prematuro de Jorge Ferreira, o criador do blog Olissipo, de onde migrou, tal como outros blogs sobre Lisboa, para O Carmo e a Trindade.
O Olissipo foi provavelmente o primeiro blog a linkar-me e julgo que o link d'O Carmo e a Trindade provém da sua lista.
Criou posteriormente o blog político Tomar Partido, que actualizou até aos últimos dias.
Esta descrição seca, esconde a impotência que nos assalta nestes momentos em que somos forçados a tomar consciência de que tudo isto passa muito rápido.

quinta-feira, novembro 19, 2009 

Onde pára o Wally?

N'O Portugal dos Pequeninos (great minds ... together)

quarta-feira, novembro 18, 2009 

O regresso do filho de Estaline

Na caixa de comentários do 5 Dias tenho assistido a discussões interessantes. A mais surpreendente tem a ver com a reabilitação de Estaline que aqui e ali vai reencontrando o seu caminho até à superfície. Tal como os nazis e os seus rapazes ultra informados nos detalhes historiográficos mais minuciosos que comprovam que eventualmente terá havido os seus abusos mas que historietas como os campos de extermínio são apenas a história escrita pelos vencedores, isto é, as democracias corruptas, tal como Pides e antigos retornados vão pouco a pouco arranjando lata para irem publicando umas obrinhas reabilitadores do regime fascista português, verifica-se que também os estalinistas fizeram o seu trabalho de casa e recompuseram ao longo da última década um pequeno arsenal argumentativo para reabilitarem os "avanços do socialismo".
Neste momento coabitam em paz, que a luta de classes ainda não cria necessidades prementes de delimitações de território intelectual, três correntes :
A ortodoxa dos que defendem que com as correcções introduzidas pelo relatório Krutchev tudo estava a correr às mil maravilhas. Limitam-se a defender a realidade vigente à data da queda do muro e optam, face ao Gulag e a Estaline uma atitude de crítica cautelosa. É a linha oficial de face relativamente benigna do PC.
Os que defendem que os crimes do Estaline e o Gulag foram "erros" "grandemente exagerados" pela propaganda anti-comunista, mas necessários à construção do socialismo, e que o caminho para a desgraça se iniciou com a adopção da "linha revisionista de Krutchov"... a linha, afinal, que segundo reza a fábula foi a linha do PCP, tendo dado origem a expulsão dos que se lhe opuseram e tudo...
No meio apoiantes do PC obviamente fascinados com o discurso mais radical.

 

A comissária

Estava agora a ver um programa de tv em que se debatia o caso Face Oculta (que já não é discussão nenhuma do caso Face Oculta, é um pretexto como outro qualquer para se discutir a tentativa de envolvimento de Sócrates num caso qualquer).
De um lado Emídio Rangel, do outro a Santa Aliança contra-natura (para os incautos) "esquerda"-direita, Carlos Abreu Amorim da Esquerda e Joana Amaral Dias da Direita, ou vice versa porque o discurso é intermutável.
Discutia-se o que CAA classificava como as "afirmações mais graves" que já ouviu a um responsável político em democracia, a afirmação do Ministro Vieira da Silva sobre a espionagem política a que tem sido sujeito o primeiro ministro.
Rangel explicou as razões que justificam a afirmação.
Joana Amaral Dias comentou que neste momento apenas os "comissários políticos" defendem o Primeiro Ministro.
Não explicou que tipo de "comissários" é que acusam o primeiro ministro de algo que não se sabe bem o que é porque alegadamente se encontra em segredo de justiça, mas que eles, e só eles, sabem insinuar que sabem o que é.

 

4 Anos 1000 posts

Parece um incrível acto de bruxaria.
Não sou muito de efemérides mas não sei porquê, recordei-me do primeiro post do Bidão.
Só então reparei na data. Faz hoje exactamente 4 anos.
E quando abri o editor verifiquei que este seria o post mil!
Não sei o que quer isto dizer, mas que quer dizer alguma coisa, lá isso quer...
Os meus agradecimentos à meia dúzia de incautos e/ou calões que contribuiram para as 17 mil e tal visitas feitas ao Bidão até este momento. 17 mil visitas! Em linguagem blogosférica não é nada, mas para este buraco semi anónimo é uma barbaridade.

domingo, novembro 15, 2009 

Ensinem a esse senhor um mínimo de sentido de Estado

O comunicado do Procurador Geral da República prova sem margem para dúvidas que Augusto Santos Silva MENTIU DELIBERADAMENTE quando violou o segredo de justiça referindo numa entrevista existirem 52 cassettes com escutas de conversas de Sócrates, no intuito de desviar a atenção da opinião pública dos graves problemas do País para questões menores que só interessam a intriguistas de meia tijela.
Afinal trata-se de CDs, e porradões deles, perco-me a contá-los.
A manobra é óbvia, a resposta só pode ser uma!
DEMISSÂO, JÁ!

 

Chega

Steven Colbert via Jugular. E não vou dizer mais nada sobre o assunto.

 

Ouve esta

É sobre as cassettes e prova que o Santos Silva violou de facto o segredo de justiça: acrescentou duas ao número de cassettes anteriormente referido pela SIC. Grave, gravíssimo...
Na peça, o Procurador Geral da República refere que os orgãos de comunicação "têm divulgado uma série de notícias que não são exactas, são mesmo, algumas delas, completamente falsas. Eu penso que essa inexactidão não será culpa dos jornalistas, eu penso que será das ditas fontes, anónimas, que se escondem e que provocam notícias inexactas dando eles informações não exactas".
Claro que quem diz isto vai contra a corrente do latir da canzoada, e como tal, está ao serviço do Sócrates. Como poderia ser de outra forma?

 

Um dos mais prolixos bloggers do 5 Dias, Carlos Vidal, apressou-se a retomar a ideia da "violação do segredo de justiça" pelo Ministro Santos Silva por este ter afirmado que haveria 52 cassettes com escutas de Sócrates.
Eu não percebo. A comunicação social conhece (pelo menos a maioria dos postadores e comentadores, numa irmandade bonita que vai do 5dias ao Blasfémias passando pelo Portugal dos Pequeninos, não duvida de que conhece, e tanto que não duvida que não hesita, no caso do 5 dias, em apelar ao Presidente da República para extrair consequências políticas) o CONTEÚDO das conversas do Sócrates, isto é, o que está dentro das cassettes e supostamente em "segredo de justiça", e não sabe contá-las?
Não é crime de violação de segredo de justiça divulgar o conteúdo das cassettes mas é violação de segredo de justiça dizer quantas são?
"Violação do segredo de justiça" é classificação apenas aplicável às informações de processos em segredo de justiça que não sejam previamente triadas pela "comunicação social" deixando de o ser desde que a mesma informação provenha de "fonte autorizada", isto é, alguém da comunicação social ou por ela paga ou controlada?
Se o Santos Silva, em vez de fazer a referência numa entrevista, tivesse mandado um bilhetinho a um cretino qualquer da imprensa a dizer laconicamente (e sem se identificar): Só do Sócrates são 52 cassettes! e esse número tivesse sido escarrapachado em "primeira mão" na capa de um pasquim qualquer, justificar-se-ia esta preocupação, ou contribuiria apenas para que os basbaques ficassem mais boquiabertos com mais uma "revelação" que daria peso e escala à "extensão do problema"?

sábado, novembro 14, 2009 

Mudança acelerada

Somos insistentemente bombardeados com teses académicas e artigos de jornais e revistas teorizando sobre a ideia da rapidez alucinante com que tudo muda nas nossas loucas (e decadentes) sociedades contemporâneas.
Pensei nisto há minutos, quando me cruzei na rua com um sujeito vestindo uma T-shirt dos Nirvana...

 

Só sábios eramos muitos

Pois a causa pró-nuclear ganhou subitamente mais um sábio, o Presidente Ramalho Eanes que dá um ar de sua graça na página 29 do Expresso de hoje com o habitual discurso do "tabu" e etc., confessando de passagem que há questões menores, como a (in)segurança das centrais EPR sobre as quais "vai ter de se informar melhor".
Na mesma página, o Expresso dá notícia da situação caótica em que se encontra a produção de electricidade no País da Europa que mais investiu em energia nuclear para assegurar a sua "independência energética".
Com este novo posicionamento pró-nuclear, o Presidente Eanes granjeou a admiração de um outro personagem brilhante: o advogado do Bibi da Casa Pia, especialista em questões radioactivas que pretende transmutar, por via de um linguarejar patrioteiresco recheado de sortilégios e encantamentos tão místicos quanto anacrónicos (Condes Andeiros, Miguéis de Vasconcelos, traidores, etc.), o mítico forno da Padeira de Aljubarrota em Reactor Nuclear, a Bem da Nação.
Também no Expresso de hoje, no caderno de Economia, o Eng.º Mira Amaral, que é agora apresentado como um "acérrimo defensor" do nuclear, perora sobre a inevitável indispensabilidade da opção nuclear, enquanto outro artigo na mesma página, intitulado "2015 o ano da autonomia energética", explica como se pode alcançar essa autonomia nos próximos 5 a 6 anos. Sem nuclear, claro...

 

O Vento, a Água e o Sol

O número deste mês da Scientific American inclui um importante artigo que discute a via para suprir as necessidades energéticas da humanidade, apenas com recurso a energias alternativas, dentro de duas décadas.
O mix energético, designado no artigo como WWS ( Wind, Water and Sunlight) dispensa, depois de analisá-las como alternativa, soluções pretensamente "verdes" como o Nuclear ou os Bio combustíveis. Embora o conteúdo do artigo seja reservado a assinantes, o site da revista disponibiliza uma apresentação multimédia sobre ele, bem como o pdf do draft de uma versão mais desenvolvida do texto publicado.

 

Sem pachola

Um dos assuntos importantes do momento é a questão do "casamento dos homossexuais".
Há causas que nos movem mais, outras menos.
Esta é uma questão que compreendo e aceito mas que não me emociona particularmente.
Nunca concebi outra coisa que não seja viver, se se "vive" com alguém, em "união de facto", estando-me nas tintas para a necessidade de encontrar uma designação para "a relação", e ainda mais para a sua legalização. Quer perante Deus, criatura inexistente, quer perante os homens, pata que os pôs, metam-se na sua vidinha.
Aliás, estou-me nas tintas para o próprio conceito de "união de facto", que não passa de uma forma de normalizar e enquadrar algo que pertence ao reduto mais único e individualista de cada um de nós, pelo menos, de mim.
De forma que o facto de alguns homossexuais necessitarem de se casar, e outros, mesmo que não sintam essa necessidade, acharem que devem ter esse "direito" por "uma questão de princípios", é algo a que não posso nem quero de todo opôr-me, mas em que também não me interessa ter mais intervenção do que a que resulta de ter votado num partido que tem no seu programa de governo a resolução desse candente problema. E esse partido ganhou as eleições...
Que os oponentes do casamento homossexual me venham com as desculpas mais imbecis é que já me chateia um bocado.
Já me chateia um bocado aturar a hipocrisia do pessoal que se está nas tintas para o caso mas que se casa para dar o golpe do baú à lista de casamento ou para regularizar os impostos e me vem com conversas da treta sobre os "princípios" ou a "definição" de "casamento".
Já me chateia um bocado a conversa homofóbica e a cheirar a bafio de sacristia, ainda que nalguns casos a sacristia seja laica, perversamente preocupada com questões de merda que nada têm a ver com o caso, como o suposto "incentivo à pedofilia" e à "bestialidade", quiçá a abertura das portas à possibilidade, vejam lá, da concretização dos sonhos húmidos de tanto hipócrita como a poligamia e a poliandria.
Enfim, pretextos para a manipulação mórbida de assuntos pretensamente tabus, à custa dos homossexuais. Tirem-me desse filme.

 

Afinal havia outras

Escutas.
Numa entrevista à SIC Notícias, o ministro Santos Silva disse que "as escutas a José Sócrates decorreram ao longo de quatro meses e envolvem 52 cassetes".
Durante o período, portanto, em que se discutia acaloradamente a possibilidade de o Governo estar a fazer escutas ao Presidente da República.
Esta revelação, e não a do conteúdo das escutas, que anda por aí a saltitar por entre meias revelações a conta gotas e tiros no escuro, apenas faltando escolher o momento propício para que sejam reveladas ao público com pompa e circunstância as passagens que dentro dos mais variados contextos sejam mais rentáveis para quem as comprou, motiva alguns franzires de sobrolhos sobre uma hipotética "violação de segredo de justiça".
Para estes adeptos "éticos" da "liberdade de informação", 52 cassettes são um banquete de informação de toda a ordem demasiado rico para que possam, tal como qualquer vulgar bando de abutres, passar ao lado.
Como era de prever a questão das escutas abriu uma caixa de Pandora que o sistema político e judicial é impotente para combater.
À boleia da sua "necessidade" para efeitos de investigação instaurou-se, via promiscuidade corrupta entre jornalismo sem escrúpulos e "fontes", o generalizado desrespeito pela privacidade das pessoas. Por este andar deixa de ser necessário haver investigações policiais. Basta escutar. E depois fornecer a informação para os jornais servirem de acordo com as conveniências comerciais e políticas, suas, ou de quem os manipula, acompanhadas de frases retóricas e ocas sobre a "presunção de inocência", "segredo de justiça" e outras lérias.
Para algumas pessoas isto tem a ver com "liberdade de informação" e "dever de informar". Sobretudo porque a vítima é o "vizinho", neste caso o Sócrates. Para mim é uma ameaça grave ao estado de direito que a classe política e os jornalistas aceitam sem pestanejar. Um acto de corrupção de que são cúmplices aqueles que ganham a vida a falar de corrupção.
Uma outra evidência é que as escutas estão a ser feitas por pessoas que não têm credibilidade técnica e ética para as fazer. Não se trata de saber que este ou aquele magistrado que as autorizam são ou não monumentos à seriedade, interessa que fazem parte e não podem ignorar que fazem parte, de um sistema que não só permite as fugas como as promove activamente.
A continuar a autorizar as escutas, todos os implicados no processo, do Juiz ao porteiro, devem passar a ser responsabilizáveis criminalmente em caso de fuga. Enquanto isto não puder ser assegurado, esqueçam as escutas. Proibam-nas.
Não deixa também de ser surpreendente a facilidade com que agentes políticos dos mais diversos sectores estão dispostos à cumplicidade nestas traficâncias.
Em nome da "eficácia" contra a "corrupção", acordam-se os adeptos das democracias populares, saudosos dos bons exemplos da STASI e os "liberais" adeptos dos métodos patrióticos do consulado bushista.
As necessidades da luta política estão, assim, a empurar o sistema democrático para um impasse no que respeita à gestão da justiça. Os direitos que a democracia construiu ao longo de décadas arriscam-se a ser afogados numa enxurrada de "democracia directa" manipulável através do doseamento da informação e que só parará no regresso do estado policial.
E ainda cá não houve nenhum atentado terrorista.
No dia em que isso acontecer, o Patriotic Act americano vai parecer uma brincadeira de crianças.

 

Ui!

O simples facto de um jornal dar um mínimo de destaque a algo que alimentou as criazinhas durante meses, é, por si, motivo para novas e enriquecedoras ilações.

 

Sol Nascente

Com a recente crise da economia mundial a recolocar no mercado das ideias a "hipótese do comunismo" e as concomitantes reabilitações do Gulag e do estalinismo, o PC português fez uma espécie de contra-aggiornamento e lançou um novo órgão de agit prop.

 

O Estado de Sítio

O Primeiro Ministro é acusado nos jornais, isolada ou cumulativamente, de várias coisas:
- cumplicidade (se não mesmo ligação directa ) no caso Face Oculta;
- tráfico de influências;
- tentativa de conspiração relacionada com o controle de grupos de comunicação social;
Estas acusações são fundamentadas em escutas a telefonemas que um dos arguidos do caso Face Oculta terá tido com o Primeiro Ministro e cujo conteúdo, embora virtualmente em "segredo de justiça", foi, como habitualmente, passado para a imprensa, mesmo a mais séria, sem se notar qualquer reflexo dos recentes escrúpulos "éticos" ou outros acerca da divulgação de comunicações "privadas".
Sem se preocupar com um fenómeno recorrente, que é a ilegalidade do conteúdo de escutas supostamente em segredo de justiça ser sistematicamente passado para os jornais, o que por si só, já deveria há bastante tempo ter alertado os responsáveis pela justiça portuguesa para a leviandade com que o assunto é tratado por pessoas que manifestamente não têm credibilidade para lidar com "segredos", a líder do PSD, literalmente sem ideia do que há-de dizer sobre a vida política do País, "exige" que o Primeiro Ministro "clarifique" algo que não tem nada que justificar.
Mas quando alguém, comenta o caso sem ser para atacar o Primeiro Ministro, deverá ser, no entender da cabecinha pensadora do PSD, obrigado a retratar-se...
E porquê? Ora, é óbvio! Então não é que o processo está em "segredo de justiça"?
Pois...

 

A grande conspiração

O caso Freeport foi arquivado em Inglaterra.
Alguns descrentes da justiça em Portugal, habitualmente muito susceptíveis contra intrusões "estrangeiras" naquilo que é "nosso" mas dispostos a engolir tudo pela boa causa de tentar prejudicar a qualquer preço o actual Primeiro Ministro, depositavam esperanças em que essa investigação fosse mais um empurrãozinho suficientemente ambíguo para explorarem o caso.
Como tal não sucedeu e até o famoso Charles Smith foi mandado em paz, está aberto o período de investigação "independente" para apurar como é que Sócrates controla a justiça inglesa.
Que telefonemas fez ao Gordon Brown, aos juízes, o que disse, o que prometeu em troca, etc., etc., etc..

terça-feira, novembro 10, 2009 

Rasca

Para chamar rascas a gajos destes é preciso usar de muita indulgência.

domingo, novembro 08, 2009 

No pasa nada

Personagens respeitáveis como o Bastonário da Ordem dos Médicos alertaram contra o "alarmismo".
Personagens menos respeitáveis tão dispostos a alertar hoje para os "custos excessivos" da prevenção, quanto preparados para verberar a "ineficiência" do estado em caso de tragédia, espojaram-se em ditos espirituosos acerca da "Ministra da gripe".
Psicopatas da teoria da conspiração que não vêem na televisão como é que o exército americano abate ao activo diariamente umas centenas de afegãos ou iraquianos, berraram ai Jesus, agora é que vem a vacina assassina da CIA para matar uns biliões de uma penada.

 

Listas

Aguardo com alguma curiosidade que os jornais publiquem as listas completas dos contactos telefónicos feitos ou recebidos ao longo dos últimos meses pelos arguidos do processo Face Oculta. É que até ao momento ainda só ouvi falar de um deles, e certamente que a opinião pública merece saber muito mais.

sábado, novembro 07, 2009 

Pontapé nos núcleos

Recorde-se que estes reactores são do mesmo tipo que um grupo de investidores tem vindo a promover em várias iniciativas ao longo dos últimos anos destinadas a impôr o nuclear como a salvação para os problemas energéticos do nosso País.
É por isso estranho que a notícia tenha passado quase completamente despercebida em Portugal.
No Expresso de hoje, há uma nota de 5 linhas na página 29, resumindo uma notícia mais completa do Expresso online do passado dia 3...
Na sua edição do passado dia 5, o Público foi um pouco mais longe. Um artigo assinado por Lurdes Ferreira recolhe os comentários de Pedro Sampaio Nunes, um dos responsáveis pelo "debate" do nuclear em Portugal.
Segundo o artigo, o reactor em construção em Olkiluoto, na Finlândia, já leva uma derrapagem de dois anos em prazo (sobre dois anos de construção, o que é caso para dizer que ainda a procissão vai no adro ) e dois mil milhões de euros no orçamento.
Isto só me faz lembrar a "ordem" dada pelo presidente da CIP, Francisco Vanzeller, há uns meses atrás, para que os partidos políticos incluissem o nuclear nos seus programas de governo.

 

Zuche da caximónia

Aquando da surpeendente dúvida levantada pelo deputado do PC Bernardino Soares sobre se a Coreia do Norte seria ou não uma democracia, acreditei ingenuamente que essa "dúvida" se tratava de um caso isolado e que ele não queria dizer bem aquilo que disse, tratar-se-sia de uma ironia idêntica à de Manuela Ferreira Leite sobre a interrupção da democracia.
Porém, nas discussões em que tenho participado nas caixas de comentários do 5 dias percebi a minha ingenuidade.
Para uma série de gente, a Coreia do Norte não é apenas UMA democracia, a Coreia do Norte é A democracia.

domingo, novembro 01, 2009 

Recompensa

Não se pense que Vilarigues está isolado quando se baseia, para reflectir sobre o Gulag, nas investigações de um sujeito "profundamente conservador" .
Esta "visão" de personagens credenciados na hierarquia da esquerda para quem as opiniões de reaccionários são mais credíveis do que as dos esquerdistas é relativamente comum.
Basta lembrarmo-nos no Mao que achava o Nixon mais credível do que os americanos de esquerda que o bajulavam.
Coisa de dar que pensar aos "militantes de base".