domingo, maio 27, 2007 

Asfixia

Não concordo inteiramente com ele por causa daquela história do Brecht ( depois levaram o meu vizinho, mas ele era comunista, e tal... enfim, é uma daquelas coisinhas tão já do senso comum que não há mente preocupada com os destinos da Humanidade e de caminho tenha uma certa sensibilidade lírica que a não tenha já reproduzido por tudo quanto é sítio na net), e por causa de um certo tom populista, mas o BS da Baixa Autoridade tem uma certa razão...
"Asfixiante" é o meme que a rapaziada do marketing político com destaque para o impagável pacheco arranjou agora para escarrapachar em todas as croniquetas e que significa por outras palavras:


Já tentámos todos os truques de merda do costume ( as cenas da "licenciatura" com uma certa imprensa séria a fazer a figura de tropa de choque, as exigências pela oposição de demissões de ministros por dá cá aquela palha, de preferência pelas razões mais imbecis, como as declarações de Pinho na China, e a história do deserto do Lino), mas o Governo continua de pedra e cal nas sondagens e não há meios de lhe encurtar a vida, mesmo que a imprensa desesperada por inventar novos factos políticos já lhe tenha retirado o "estado de graça".
Estes gajos são todos um pequeno clube, o pacheco pode ser a face mais visível do pró-bushismo mais irredutível, irresponsável e belicista, mas mesmo quando estão supostamente do outro lado da barricada, parece que escrutinam o ventre dos jornais com o afã de áugures à procura de uma linhazeca com que possam concordar com pacheco, e não perdem anzol que não enterrem goela abaixo, agora foi a asfixia.
Se isto fosse verdade tinhamos matéria para uns bons combates políticos, e no entanto...

No entanto o que é Asfixiante e limitador da liberdade de expressão e informação é a imbecilização e instrumentalização progressivos dos media.
A asfixia está nos media, nos jornalistas, nos gestores, nos patrões deles, nos anunciantes e nas audiências. Sobretudo na total promiscuidade entre jornalistas, políticos e negociantes, que é como quem diz "empresários" e "investidores".

O Governo? O Governo dará uma mãozinha, como todos os governos, e daí?

É o governo que ordena que os telejornais passem horas a seguir os passos dos pais McCann, desde que se levantam até que se deitam?

É o governo que manda a imprensa ocupar-se durante semanas de um não assunto como um vulgar problema de saúde do Eusébio, apenas com o pretexto de propagandear um hospital privado?

 

Firmes

Os americanos continuam a sofrer baixas no Iraque.
O Road Map para a Paz...
Os 70% da população americana que quer um calendário para a retirada são anti-americanos?
O que vale é que nós por cá temos dos últimos americanos genuínos, homens de fronteira.
Aguenta Bush... nem tudo está perdido, se te vires aflito tens aqui um exército de voluntários dispostos a fazerem todo o "trabalho sujo" ( que alguém tem de fazer...).

 

O touro enraivecido

A candidatura de Carmona Rodrigues apenas pode compreender-se por uma obstinação que raia a psicopatia.
Caso se desse o milagre de ele vencer as eleições, algo que apenas poderia acontecer por milagre de gosto duvidoso, com quem pensa ele que geriria a Câmara?
Se a generalidade dos outros candidatos enerva pelo oportunismo político e a desfaçatez com que cai de pára-quedas na gestão autárquica, desprestigiando de passagem o papel dos partidos políticos, em Carmona e na sua "equipa" o que irrita é a atitude meramente revanchista e de total desprezo pelos problemas da cidade.


 

Piada vegetal

Foi um acidente, um acaso e uma partida da natureza que não voltará a repetir-se.

 

Paz Social

Ora estava eu com o saldo de 0,89€ na minha conta, refastelado no lugar do morto do Chrysler 300C rolando pacatamente auto-estrada fora a 180kms/h ouvindo Baby Gramps regurgitando canções de piratas no album Rogue's Gallery, quando o dono do carro me diz, sonhador:

"Se tivesseMOS dinheiro, podíamos produzir um disco assim".

quarta-feira, maio 23, 2007 

Conselhos práticos

Qual é a tua Coligação?
O Bidão tem umas cenas sisudas contra o "artisme" desenhado para épater le bourgeois e preparar chorudo tacho futuro.
Feitios.
O que não quer dizer que não seja importante seguir os ecos do "underground", a tal contra-cooltura que tanto fascina e aterroriza os conservadores neos e de todos os bordos.
O Bidão é um bocado pró "le cool".
E tu devias também, independentemente da tua cooligação.

 

Conselhos sensatos

Eles foram a principal animação das comemorações do 25 A deste ano, pelo que deve destacar-se a bela reportagem fotográfica feita no calor da rua e sem maquilhagens que os tem como protagonistas.

segunda-feira, maio 21, 2007 

Arte contemporânea - Vanguarda 3

Num modesto apartamento às Amoreiras, um workshop que é também um work in progress.

A participação nO workshop restringe-se a um núcleo de artistas plásticos alheios a qualquer noção de compromisso.

Partindo de objectos comuns do quotidiano, um grupo de pessoas inspirado pela arte recombinatória experimenta diariamente montar diferentes instalações.

O projecto final consiste numa obra colectiva de reconstituição do quotidiano apaixonante de uma pequena comunidade pequeno burguesa ao longo de um determinado período de tempo, reconstituído ou ficcionado a partir das posições relativas dos objectos nos intervalos de amostragem fixados numa sequência de fotografias.

Sairá em livro, como um blog.

domingo, maio 20, 2007 

Arte Contemporânea - Vanguarda 2

Na mesma exposição..., ou seja, na mesma rua. Criatividade que a Ordem dos Arquitectos e as revistas de cromos da especialidade ocupadas a incensar a mesma meia dúzia de nomes e o mesmo pastiche hiper-modernista, semana após semana, mês a mês, ano a ano, não podem descobrir.
nota: Aguardo contacto do autor do número 3 - ao qual se deve, em verdade, a força evocativa da imagem por algo que se perdeu, para me passar o respectivo recibo pelo pagamento de copyright.

 

Arte Urbana - Vanguarda 1

O centro da capital é uma exposição permanente de arte contemporânea.
Não à custa, como berram os conservadores, mas apesar d'o Estado.
Esta instalação, de autor anónimo senhor da sua arte e desprezando o show-off megalómano de artistas do sistema, tipo Pedro Cabrita Reis, tem o mérito por atender à preocupação daqueles para quem as centenas de metros quadrados de área de construção devoluta no centro da cidade são uma almofada contra a especulação imobiliária.
nota: tentei, em vão, procurar o artista que detém a patente do 5 que aparece na figura para pagar o respectivo copyright.
Desculpe o mau jeito, amigo.


 

a Traboule de Lisboa



Bem, uma pelo menos eu sei que tem...


A traboule lisboeta não é, porém idêntica às lyonesas, uma vez que nestas, o acesso às habitações se processa pelo pátio, ou seja pelas "traseiras" da casa e naquela a entrada é pela fachada principal.



Assim sendo, dificilmente poderia ter Lisboa como cenário o mito urbano segundo o qual a Resistência usou as traboules para despistar os nazis, entrando o indivíduo seguido num prédio e saindo na outra rua, enquanto os seus seguidores ficavam à espera que ele voltasse a sair pelo mesmo sítio. A não ser que o lisboeta andasse de sapatos com as solas furadas e a precisar de ir ao sapateiro.

 

Primeiro passo, dado

A candidatura de Helena Roseta já obteve as assinaturas necessárias para a propusitura, com margem de segurança suficiente para cobrir eventuais erros e a tempo de as entregar na próxima segunda feira, pondo-se assim ao abrigo das críticas (hiócritas) de favorecimento, que não tardariam a chover caso demorasse mais um dia que fosse.
Da breve passagem que fiz pelo centro de apoio à candidatura para preencher o meu impresso retiro as seguintes notas:
1- Esta pequena vitória é a resposta lógica àqueles que colocaram em dúvida a onda de entusiasmo que a candida tem gerado em muitos sectores de lisboetas.
2- Dito isto, há que refrear o reflexo do acossado. Esta não é a candidatura "dos pequenos" , contra "o sistema". É a candidatura com um programa definido e positivo para resolver os problemas de Lisboa e ponto final.
3- Helena Roseta deve dar prioridade absoluta à apresentação do seu programa para dirigir Lisboa, sem esperar que os outros candidatos o façam.
Desconheço quais serão as suas intenções, mas esse programa, deve ser autónomo, coerente e amadurecido por si, e não pretender, ou pior, fingir pretender erigir uma espécie de "patchwork" baseado nas "contribuições" dos "cidadãos".
É pressuposto da sua candidatura ser uma candidatura diferente de uma pessoa que vem ao longo dos anos amadurecendo ideias para a gestão da cidade. E só com base nesse programa será possível discutir ideias e até negociar acordos com outros candidatos.
É, pelo menos, aquilo em que eu acredito.

sexta-feira, maio 18, 2007 

Independentes e eleições

Já escrevi que considero Helena Roseta a melhor candidata à Câmara de Lisboa.
Pelo perfil pessoal, e pelo posicionamento político, capaz de ganhar os votos da esquerda sem repelir os eleitores do centro.
No entanto, para que sejamos minimamente realistas, há que reflectir sobre as limitações das chamadas candidaturas independentes.
Que ninguém se iluda acerca da viabilidade dos candidatos "independentes", "fora da política" e tecnicamente competentes. Esse mito, sempre renovado a cada crise política, se ainda convencia alguns analfabetos, espera-se que tenha caído por muito tempo com Carmona.
Os candidatos independentes podem ganhar eleições, mas exercer o cargo, e não nos esqueçamos de que estamos a falar de gerir uma cidade de mais de um milhão de habitantes que, muita gente o diz - e é de certo modo visível a olho nú- se encontra perto da ruptura financeira, apenas é possível com uma coligação que envolva a participação dos partidos.
Uma coisa é eleger a Helena Roseta, outra é fornecer-lhe a infra-estrutura técnica, política e logística de que necessitará para gerir a câmara.
Uma coisa é ter a seu lado no período limitado de uma campanha, pessoas entusiastas apenas unidas por um objectivo concreto e sem necessidade de grandes provas dadas, outra é cumprir um programa a longo prazo para o qual se exige disponibilidade total e consistência técnica e política.
Os "movimentos de cidadãos", se essenciais para o exercício da cidadania, apenas se justificam em períodos de tempo determinados, com regras e objectivos muito claros e concretos.
Caso contrário, ou se transformam em Partidos com programas estruturados, ou entram com o tempo na deriva pessoal e política, transformando-se na fonte dos piores disparates, dos piores oportunismos, no alimento das piores corrupções - e quanto mais "justiceiros", mais "anti-corrupção" se afirmam, mais perniciosos.
Por isso mesmo, não me agrada nada uma certa ideia de "movimentos de cidadãos", de preferência "de boa vontade", como a expressão de revolta dos cidadãos honestos contra os partidos.
Penso que Helena Roseta deveria estar atenta este facto.
Uma coisa é ter assumido uma atitude independente e rompido com o cada vez mais patente controleirismo "socrático".
Outra coisa é deixar insinuar na sua candidatura este tipo de ideias "contra os partidos" que já afloraram na candidatura de Alegre à presidência e que apenas servem para reduzir as suas possibilidades de agregar grande parte dos habituais votantes no Partido Socialista onde, quer queira ou não, e suponho que quer, está o fulcro da sua base eleitoral.

 

Alegrem-se

Alegrem-se os neocons da praça, sai o Wolfowitz para se dedicar às suas vocações filantrópicas, mas o Bush encarregar-se-á de arranjar um pior.

quinta-feira, maio 17, 2007 

Transgénicos fora

Falando de nuclear, não posso deixar de lembrar outra aplicação criativa da tecnologia, altamente perniciosa para o meio ambiente e para a nossa qualidade de vida, e também ela apresentada nalguns meios pretensamente "visionários" ou, o que é pior, "realistas", como a resposta técnica do futuro a problemas como a fome e a rentabilidade das explorações agrícolas.
Trata-se da manipulação genética de organismos para exploração industrial, em particular na agricultura e na pecuária, com incidência directa na nossa alimentação e também em outras áreas potencialmente destruidoras como a recente panaceia dos chamados "bio-combustíveis".
Fui sensibilizado para este problema há uns anos atrás pela leitura de um livro de publicitação discreta, de formato pequeno e compacto, de Margarida Silva, Alimentos Transgénicos – Um Guia para consumidores cautelosos editado pela Universidade Católica, que encontrei por acaso numa Feira do Livro e que considero de leitura obrigatória.
Trata-se de um levantamento exaustivo das implicações cientificas, económicas, políticas e até criminais dos transgénicos e alertou-me acerca de um assunto para o qual eu não estava minimamente sensibilizado e por temperamento tendia a considerar como tendo implicações positivas.
Para quem não o encontrar, ou como seu complemento, aconselho a visita à página da "Plataforma Transgénicos Fora!" coordenada por Margarida Silva e onde se faz um acompanhamento sistemático das notícias relacionadas com este tema e são disponibilizados documentos importantes para a sua compreensão.
Transgénicos Fora!

 

Uf...

Depois de nos habituarmos a ver no CDS/PP um foco de disparate, a notícia de que esse partido, por iniciativa de Paulo Portas, vai rever a posição tomada há uns meses atrás de apoio ao nuclear, a confirmar-se, é uma injecção de razoabilidade e bom senso na vida política portuguesa.
O reconhecimento da importância desta posição do Paulo Portas, posição que até do ponto de vista político estrito é inteligente, pois visa combater o monopólio da esquerda nas questões ambientais, confirmando o que é habitualmente negado ou depreciado, faz por outro lado aumentar a curiosidade sobre como reagirão os "ambientalistas verdadeiros" pró-nuclear da Direita. Embora a obtusidade obstinada seja a regra nessa área política, vamos provavelmente assistir nos próximos tempos às deliciosas cambalhotas de alguns protagonistas para se manterem "au pair".

domingo, maio 13, 2007 

Grandes vidas

Literalmente de casa para o trabalho lá consegui acabar as Memórias de um nómada do Paul Bowles, editado recentemente pela Assírio & Alvim.
Como há pouco mais de 50 anos um jovem da classe média americana podia passar a vida em perpétuo movimento e na passagem conhecer muitos dos intelectuais americanos e europeus que marcaram a segunda metade do século vinte.
Que inveja, que vidão...
Eu, que por razões que não sei explicar desde há muito que procuro ler tudo do Paul Bowles que me passa perto do nariz, fiquei surpreendido por saber que aquele que sempre me pareceu o arquétipo de escritor "apolítico", pertenceu ao Partido Comunista americano e a sua ocupação principal não era a de escritor, era a de músico que privou e aprendeu com Aaron Copland.

 

Blogs açoreanos

Neste período em que descurei mais uma vez actualizações regulares do Bidão, não deixei de passear por algumas zonas mais periféricas da blogosfera.
Deu-me prazer descobrir a força do movimento blogger açoreano, em todas as ilhas.
O sítio ideal para "entrar" é o Fôguetabraze, construído a partir de Ponta Delgada, São Miguel, cidade onde vivi um ano bem vivido há demasiados anos.
Apesar de ser um blog muito (cada vez mais) direitista, o Fôguetabraze presta o serviço público de apresentar uma lista de links de blogs açoreanos organizada por ilhas.
Foi assim, graças ao Fôguetabraze que descobri os blogs do Pico, em particular os das Lajes do Pico, um local que será inútil resistir a classificar como "encantador", onde passei dos momentos mais fantásticos da minha adolescência com pessoas com quem privei por demasiado pouco tempo e que nunca mais tive oportunidade de visitar.
Sim, é verdade, quase que poderia dizer que vejo a minha adolescência como a travessia de um mar cinzento onde brilharam como dois pontos luminosos e coloridos as minhas férias grandes de 67 e 68 passadas nas Lajes do Pico.
Da lista de blogs lajenses, destaco três que passei a seguir com regularidade:
O excelente Castelete Sempre, cujo autor, segundo julgo perceber, não vive em permanência na Ilha mas que desde o grafismo às fotos passando pelos textos, lhe imprime um "estilo" sensível e nostálgico que não sei definir de outro modo senão como "puramente açoreano", pelo menos pela imagem que em mim ficou dos Açores.
O Lepratecoma tem óptimas fotografias das Lajes e envolvência, onde o protagonismo é assumido pela silhueta da fantástica montanha vulcânica que se ergue do mar até ao ponto mais alto do nosso país.
O Almalajense, um sítio interessante para se seguir a evolução urbanística de uma pequena localidade e tem também boas fotografias e comentários à situação local.
Fora estes, de actualização regular, há ainda a destacar entre vários outros, o Pico e os Aviões, um blog apaixonado pelos aviões no Pico, onde, procurando, se podem encontrar espectaculares fotografias de snowboard na montanha do Pico... de cortar a respiração.

 

A candidatura de Helena Roseta

Politicamente, a única hipótese de fazer sair Lisboa da crise que atravessa seria uma lista única de esquerda que englobasse o PS, o PC e o BE, sob a direcção de uma personalidade independente abrangente e motivadora.
Essa hipótese apenas seria viável se a personalidade em questão tivesse o apoio inequívoco dos partidos e algo que faltou a Carmona, a sageza política necessária para entender o significado de "independente" no contexto de uma aliança que depende do eleitorado indiferenciado mas TAMBÉM dos partidos que a suportam com as suas máquinas partidárias englobando meios anímicos materiais e humanos fundamentais .
À esquerda, apenas vejo neste momento e nestas eleições Helena Roseta com essa capacidade e com perfil galvanizador capaz de fazer o pleno da esquerda e conquistar votos de eleitores não alinhados politicamente.
Os primeiros sinais não são positivos.
O PS apresenta mais uma hipótese absurda, uma personalidade politica de peso mas que não tem qualquer curriculo prévio nas autarquias.
É a partidarite mais acabada que poderá até ser sentida pelo eleitorado como provocação.
O PS já deveria ter percebido que o eleitorado não vota de cruz pelo partido independentemente do prato que lhe queiram servir.
Melhor, neste momento politico , deveria perceber que o eleitorado não tolera este tipo de jogos em que o partido se tem recreado desde a maioria absoluta apenas para recolher derrotas desnecessárias, como por exemplo nas anteriores eleições autárquicas em Lisboa.
O PC apresenta um candidato competente mas que não tem qualquer hipótese. Pode ser bom para o PC apresentar um candidato puro e duro, mas o eleitorado apenas voltará a acreditar em candidatos do PC puro e duro quando as galinhas tiverem dentes, a tendência natural é o esvaziamento do partido, o caminho francês, apenas adiado por epifenómenos como a "simpatia" do seu actual secretário geral, que se tornou queque gabar da Direita à Esquerda e que apenas reflecte a sua crescente irrelevância.
A máxima de que o PC é bom a gerir autarquias funciona em Juntas de freguesia, aldeolas e uma ou outra cidade da periferia ou da província mas não funciona de todo na maior autarquia do País. Não porque o candidato não seja capaz, mas porque POLITICAMENTE é inaceitável para os eleitores.
O BE apresenta um candidato que não tem nem nunca terá qualquer hipóteses de vencer sobretudo depois da recente queimadela (embora parcialmente injusta) que representou o claro sucesso da abertura do túnel do Marquês junto da chamada "classe média", a população suburbana que se desloca de carro diariamente para Lisboa e que tem um peso significativo na formação da opinião pública.
É bom que a esquerda perceba que a persistir a pulverização que se esboça, independentemente de se poder prever igual fenómeno à direita, terá tempo e espaço para propagandear altos princípios, mas o que realmente importa, a gestão da cidade, pode ir parar às mãos de qualquer um, as eleições tornar-se-ão num totoloto que até o candidato do PSD ou uma avantesma do tipo Ferreira Leite, Carmona, ou Nogueira Pinto pode ganhar e depois é só fazer as alianças "naturais" independentemente das "diferenças" e rupturas pessoais.
É claro que o principal responsável por uma solução unitária aqui será o PS, cabendo apenas aos restantes partidos pressionarem no sentido da unidade. Eles e Lisboa ganhariam com isso.
Caso os diferentes partidos de esquerda persistam em agarrar-se cada um aos seus candidatos, cada um pelo seu lado a remoer protestos de "unidade", penso que Helena Roseta deverá desde logo abandonar a corrida e deixar os cães a morder no cadáver.
Uma vitória nessas condições, ainda que teoricamente possivel, seria terrível pois significaria apenas o prolongar do caos - olhem para o livro aberto que é caso Carmona - e para queimar sem qualquer beneficio de ninguém as suas possibilidades de futura candidata presidencial.

 

A cruz de cada um

A crítica ao "anti-americanismo" tornou-se na versão direitista do complexo da "culpa do homem branco".

quinta-feira, maio 10, 2007 

O que tem de ser tem muita força

Numa edição do Choque Ideológico em que Rui Tavares e Pedro Lomba debatiam as eleições francesas, surpreendeu-me ver o segundo falar do "anti-americanismo" como se a catástrofe em que redundou a intervenção americana no Iraque não tivesse existido.
Antes, ainda vá lá, a ignorância ainda desculpa algumas coisas. Mas depois, ou, pior, durante, só mesmo o fanatismo as justifica.
Pior porém, é ter de constatar que é o mais típico fanatismo.

 

Na droga

Há uns dias atrás houve uma manif pela legalização da cannabis.
É uma reinvindicação estúpida.
Há décadas que só não fuma marijuana quem não quer mesmo, apesar das proibições.
A solução deveria há muito ter sido ditada pelo bom senso a Governos e polícias que ao que se diz se debatem com falta de recursos, quanto à manutenção obstinada de um "combate" a uma substância que qualquer um pode comprovar ser, em termos práticos, inofensiva.
Se, por outro lado, a polícia e o Governo cumprem o papel que lhes cabe, isto é, serem estúpidos e conservadores como lhes compete, e consumir essa droga leve passa por ser um acto de rebeldia, é um absurdo procurar a sua legalização. Há que assumir, com os devidos cuidados.
Mesmo assim surpreendeu-me que num telejornal qualquer, tenha sido chamado a comentar a tal manif, não um dos seus proponentes, mas um Dr. Pinto Coelho.
O Dr. exibiu um artigo publicado na prestigiada Lancet que é um requisitório concludente contra o consumo da "erva".
Disse que o princípio activo da marijuana é hoje "20 vezes" mais potente do que há vinte anos, o que tornaria o consumo dessa droga perigosíssimo, herdando o estatuto de causador dos maleficios que há uns séculos se atribuiam à masturbação. Esquizofrenia garantida, talvez cegueira, impotência, claro, aqueles defeitos que se sabe...
Admitindo que o peso da Lancet possa fazer alguns reflectirem, ocorreu-me perguntar duas coisas:
1- Porque é que o tal princípio activo aumentou de potênciaem vinte anos? Manipulação ou mutação genética?
2- O que pensava do assunto há 20 anos, quando o princípio era menos activo, o Dr. Coelho?

 

Surpeendam-me

A necessidade aguça o engenho e a Atlantic tenta manter aceso o entusiasmo dos seus leitores dissertando sobre as subtis diferenças ideológicas e temperamentais que poderão fazer com que Condolezza Rice faça sair do pântano a politica externa americana e do ocidente no Médio Oriente.
É só vender peixe.
Condi está metida até ao pescoço na alhada, é uma empregada dos israelitas .
O mais provável é que continue como um robot a papaguear as bojardas neoconservadoras dos últimos anos enquanto a situação se agudiza.
Mas enfim... não foi Sharon quem enfrentou o seu partido e retirou de Gaza?
Tenhamos (sempre) (alguma) esperança.