segunda-feira, setembro 26, 2011 

OMO

O i publica hoje uma capa que descaradamente se insere na campanha branqueadora (ou de deslinchamento) do Dr. Jardim.
O título Carlos Moreno: "O buraco na Madeira é normal em todo o Estado", sugere que o antigo Juiz do Tribunal de Contas relativiza o buraco madeirense. Considera-o "normal".
Esta opinião tem particular relevo porque Carlos Moreno, com a autoridade e conhecimento de ter acompanhado esses projectos como Juiz do Tribunal de Contas, publicou ainda há pouco tempo o utilíssimo livro "Como o Estado Gasta o Nosso Dinheiro", em que explica como foram geridos de forma ruinosa diversos grandes projectos públicos das duas últimas décadas e o contributo que isso teve na situação actual.
E não o escreveu, certamente por achar esses casos "normais".
E esse livro, que curiosamente não analisa projectos desenvolvidos na Madeira, foi importante na consciencialização do grande público de algumas "anormalidades" graves na gestão desses projectos. 
E isso teve repercussões nas opções eleitorais dos portugueses.
A dívida pública portuguesa, pode ter explicações mais ou menos convincentes, ser alvo de críticas mais ou menos consistentes ou contundentes, mas não é, e não tem assim sido tratada  pelos meios de comunicação e em particular, o "i", "normal".
E alguém, e muito particularmente Carlos Moreno, classificar como "normal" em letras garrafais de primeira página, um grande buraco a nível relativo e um extraordinário buraco que diz respeito a uma região com uma área irrisória, cavado pela gestão absoluta  ao longo de mais de três décadas, do grupo liderado por Jardim, só pode ser uma afirmação muito descontextualizada, ou uma relativização que não é inocente e que nunca deveria ser feita por alguém com sincera preocupação com a gravidade do problema da dívida pública.

sábado, setembro 24, 2011 

Podium

Para a acabar com a leitura do Expresso de hoje: o João Garcia coloca o Passos Coelho no Alto dos seus Altos e Baixos...
Parece que Passos (pelo menos foi o que o João viu...), assumiu a ... ruptura (palavra fetiche, esta) com o Jardim.
Ok.

 

Sageza

No Expresso, ainda (aquilo hoje é um manancial de pérolas), o embaixador Cutileiro adverte contra o perigo de se brutalizar a social-democracia europeia.
Não é por nada, mas é que pode "dar ideias" ao pessoal...
Fora isso...

 

Trends

O nuclear continua de vento em popa.
Vão-se clarificando as tendências da indústria desenhadas após o desastre em curso em Fukushima.
A Siemens anunciou recentemente a sua retirada total da energia nuclear, mas a Indonésia quer fazer centrais, o que é tranquilizador dadas as características tectónicas da sua localização.
E se a Siemens sai, outra entra, com os mesmos pergaminhos tecnológicos, talvez o Kentucky Fried Chicken ou outra firma especializada, right?

 

Manobras de Outono

Corre já aí, possivelmente lançada por gente hábil em manobras de propaganda mas imediatamente engolida pelos espertos "que a topam toda", gente que "vê mais fundo e mais largo", habituais compradores do non sense do "são todos iguais", a ideia de que a culpa da situação da Madeira, não é só do Jardim, é de todos os governantes portugueses dos últimos trinta anos.
É a dica de que ele necessita para se escapar entre os pingos da chuva que é como quem diz, a sombra da multidão de responsáveis governamentais e perpetuar a sua impunidade.
Continuem. Arranjem-lhe cobertura no momento em que ele se encontra mais ou menos isolado.

 

Circunstâncias atenuantes

É com alívio que constato, ao ler o Expresso, que até o atento Mário Crespo nos traz palavras contemporizadoras para com Jardim.
Garante-nos o informado jornalista, antiga vítima das cruéis perseguições que a Inquisição socratista  moveu à liberdade de imprensa enquanto na Madeira florescia um regime de "amplas liberdades" que ainda ali perdura, que Jardim terá tido os seus descuidos, mas... fora isso, fez Obra.
Fez Obra...
Crespo é um jornalista perspicaz, mas aqui não dá nenhuma novidade porque a "Obra" de Jardim é mais ou menos o argumento conciliatório de quem sempre tolerou, por cumplicidade efectiva ou cobardia pura e simples, o truculento Kadhaffi da Macaronésia. Como outros o fazem, por exemplo, em relação ao regime angolano...
Aliás, quando acima refiro a cobardia, talvez antes devesse escrever, no caso de alguns dos governantes da República, "responsabilidade política" e "sentido de Estado". É que quem tiver estado minimamente atento à história de Portugal nos últimos 30 anos, sabe perfeitamente que a única forma, digamos "correcta", de lidar com o problema madeirense, seria com o envio de uma força policial. Acto vertical, sim, mas que poderia ter tido como consequência o desencadear de uma guerra civil.
Ao evitar a solução mais coerente, mas também mais arriscada, todos os governantes do país, incluindo aqueles de partidos cujos militantes são desde há décadas enxovalhados na Pérola, são agora encaixotados pelos Crespos e outros observadores imparciais e impolutos, para já não falar nos hipócritas apaniguados continentais do Coronel, na lista dos cúmplices, quiçá tão, ou mais, (de preferência, mais, é claro) culpados.
É que quem critica o seu despesismo, indigna-se Crespo, esquece que quando ele chegou ao Governo da Madeira, os madeirenses viviam em troglodíticas grutas, viviam escravizados, e tal.... como ainda vivem, depreendo eu, por exclusão de partes, os continentais, embora, conceda-se, com auto-estradas a mais... já que o despesismo continental, embora integrando o da Madeira, é imperdoável ...
Crespo esclarece, para quem tenha dúvidas, a real dimensão dos problemas:
Como é que quem aceitou a alteração da delimitação de uma Zona de Protecção Especial que tanto perturbou momentâneamente (diz ele...) uma série de pacatos flamingos na zona de Alcochete (uma ave e uma região pelas quais Crespo parece nutrir particular afeição), pode atrever-se agora a criticar um pequeno desvio de, sei lá, 1,5 ou 5,8 mil milhões de euros, mais coisa menos coisa, ou coisa do género?
Bah!
Quem tem a culpa disto, meus amigos, é o...
Passemos adiante.
Quem tem a culpa disto é o...
Então não foi lá enterrar uma brutalidade de dinheiro aquando das cheias da Madeira, cavando as profundezas do nosso déficite? Desgraçando o País?
Pois...
Para a maioria parlamentar de hoje, e para a opinião dominante nos jornais, o despesismo da Madeira é tolerável, enquanto exclusivamente insular. Quando os seus valores se incorporam no bolo do déficite total português, trasmutam-se num gigantesco "buraco" do qual o principal, o único responsável, já nem vale a pena nomeá-lo, toda a gente sabe quem é...

 

Busto de Napoleão

Nunca é bonito ver alguém ser crucificado, e é sempre agradável ver alguém sair galhardamente em sua defesa.
Assim fez o pundonoroso Morais Sarmento no Expresso de hoje, ao alertar para a injustiça (a injustiça e até o perigo, a imoralidade) de se lynchar ... Alberto João Jardim.
Sarmento considera e bem, que o PSD deveria assumir as suas responsabilidades no problema madeirense, embora sabiamente se abstenha de referir as formas de que se deveria revestir essa assunção de responsabilidades.... (para quê linchar o PSD?).
Para Morais Sarmento, no entanto, Jardim mereceria, quando muito, a "pena suspensa", neste caso.
Parafraseando Cesariny, quem mereceria mesmo a Pena Capital (e aqui duvido que ele esteja a usar uma liberdade poética...), seria outro...
Quem?
Mas será assim tão difícil adivinhar?
Quem tem a culpa de todos os problemas do País, e por consequência, da dívida da Madeira, quem merece a Pena Capital - eventualmente por linchamento?
É o... Sócrates, pois claro. Para esse, que não haja contemplações, linchem-no e tudo ficará mais tranquilo.

sábado, setembro 17, 2011 

Para onde?

Custa entender como é que alguns dos que acham que o modelo de desenvolvimento que tem dominado a nossa civilização está "todo errado" porque fundamentado na lógica de contínuo, obcecado e sôfrego crescimento alimentado pela exploração "desenfreada" dos recursos naturais e humanos do planeta, se preocupem com as políticas de contenção orçamental em curso impostas pelos grandes especuladores e pelos governos e instituições ao seu serviço, porque não promovem "crescimento".
A mim, isto parece-me uma boa oportunidade para uma pausa e uma reavaliação dos nossos próprios padrões consumistas de consumo, que poderá ou poderia contribuir para generalizar um comportamento colectivo mais responsável e sustentável. Não?
Não sei.
Não foi a explosão individualista dos anos sessenta/setenta, uma reacção contra a frugalidade dos nossos pais ainda fortemente marcados pela experiência traumática, ainda que em Portugal indirecta, da escassez vivida durante a segunda guerra mundial?

 

Madeira exótica

Honra lhe seja feita, o mítico Kadhaffi atlântico acaba de baralhar os ingredientes com que se enrola o menu relambido das análises políticas.
O monumental descontrolo orçamental num bantustão que possui sem qualquer espécie de restrição de origem local ou nacional, há quase quatro décadas quatro, destrói o ridículo e demagógico aprumo de bom aluno "fiscalmente responsável" ao partido do Governo e embaraça alguns dos que do Continente, perdoando-lhe com bonomia alguma truculência mais colorida e não tendo de o aturar directamente, o idolatram como ícone do anti-"politicamente correcto" e sólido bastião anti-socialista.
Mas ao ignorar os apelos de contenção orçamental e garantir a defesa dos postos de trabalho dos funcionários públicos madeirenses mandando às malvas a sinistra "solidariedade nos sacrifícios", defendendo o que nuns locais seria classificado como a sua "clientela", e noutros, os "direitos dos trabalhadores", encurrala os seus adversários na barricada da mesma "responsabilidade fiscal" que, no Continente, acham uma catástrofe imposta pelo neo-liberalismo, que "impede o crescimento" e arruina o País.

quinta-feira, setembro 15, 2011 

une arrière-salle de salon de thé

Mais um artigo do Nouvel Observateur sobre a situação em Fukushima.
Trata-se de uma entrevista a um técnico da central e revela uma realidade muito menos tranquilizadora do que sugerem os porta vozes da "normalização".
Os cuidados com a marcação da entrevista são os de uma reunião clandestina sob uma ditadura. O funcionário da central receia represálias, incluindo o despedimento, se a empresa souber que presta declarações à imprensa.
Mais do que a constatação da catástrofe e das suas consequências, impressiona o poder de intimidação e capacidade de bloqueio de informação do operador da central, certamente com a anuência (ou perante a impotência) das autoridades.
As consequências de uma utopia (um "futuro" nuclear) que espero nunca chegue cá.

quarta-feira, setembro 14, 2011 

Dizer que a situação é confusa e instável na Líbia é uma lapalissada irrelevante.
A recente afirmação do lider dos rebeldes, de que a futura constituição se baseará na Sharia, para além do  sentimento de cumprimento de self fulfilling prophecy que  criou nos detractores da revolta, é preocupante.
O que será, na prática, uma lei do país "baseada" na sharia? 
Terão os líbios uma polícia dos costumes nas ruas, e será adiada, ou mesmo combatida a emancipação da mulher, tal como no caso do Irão?
O que terão as mulheres líbias e os líbios em geral, a dizer disto?
Será, ou não, normal ou aceitável que num país de religião maioritariamente islâmica, a lei islâmica seja um fio condutor apesar das inequívocas tendências laicizantes que se têm apresentado na primeira linha das recentes revoltas árabes e serão a inevitável evolução futura?
Muita coisa em aberto.
Na Aljazeera, um artigo cautelosamente optimista de Larbi Sadiki que faz um enquadramento da evolução institucional do País.

domingo, setembro 11, 2011 

Esturro

A minha questão sobre esta história do ataque à embaixada israelita no Egipto, é esta, e não é só de agora:
Porque é que quando um governo israelita está em dificuldades internas e externas para vender a sua intransigência, surge sempre, vinda do nada e totalmente fora de contexto, uma provocação qualquer que repõe em poucos instantes o confortável cenário "resistente" em que a clique militar/religiosa no poder pretende perpetuar-se?

 

Comentários 2

Resposta ao comentário de João Paulo Fonseca no Facebook, ao post em que linkei um post do Vias de Facto.
João Paulo Fonseca
Um sofisma, ou uma invulgar incapacidade cognitiva do tal João Bernardo.
Justificar a classificação de fascista ao regime de Nasser, porque tentou recuperar valores da cultura arabe, revela um desconhecimento excessivo para que não ponderemos estar perante uma tentativa de manipulação.
A comparação com as intervenções militares no Cambodja (muito criticada pelas potencias ocidentais), ou da União Soviética em Espanha é estapafúrdia.
No primeiro caso porque se tratava de travar um genocídio.
No segundo caso pq se tratava do apoio a um governo legitimamente eleito.
Muito para além da verborreia, intervenção militar na Líbia levanta quatro questões essenciais:
1. Uma intervenção militar estrangeira num país soberano é justificável apenas porque esse país não é democrático? De outro modo: não considero Portugal, a Espanha ou os EUA como democracias. Isso deveria levar-me a apelar a uma intervenção militar estrangeira ?
2. Uma qualquer intervenção política, incluido uma intervenção militar, não deverá ser ponderada de acordo com as vantagens ou desvantagens para a população? Na Líbia, essas vantagens justificarão os 50.000 mortos?
3. Que tipo de governo, se prevê, substituirá Kadaffi? As potencias ocidentais não estarão a abrir o caminho para um regime islamita, humilhante e repressor para a maior parte da população?
4. Pq razão as intervenções da Nato, no médio-oriente se restringem a países não dominados pelos EUA, com petróleo?

Se tiver possibilidade indique-me "Aqueles que, na esquerda, usam o pretexto da intervenção da Nato para defenderem o regime de Kadafi ", como diz João Bernardo. Porque este foi um acontecimento que me escapou. Abraço.

João Paulo, o João Bernardo, para além de ser um activista de esquerda no activo, é historiador, e neste texto, escrito para um blog, apresenta sinteticamente um argumento que não me parece que possa ser resumido pela sua leitura simplista de que acusa o Nasser de fascismo por introduzir hipotéticos "valores da cultura árabe", o que quer que isso seja.
Quanto ao facto de a intervenção no Camboja ter sido muito criticada no ocidente, refere-se a quem?
Aos que diziam que as primeiras reportagens da Newsweek e outros órgãos de comunicação "burgueses" sobre o que se passava no Camboja eram "manobras da CIA" para descredibilizar um país e um governo verdadeiramente populares que tinham acabado de infligir aos americanos uma das suas mais humilhantes derrotas ou aos que diziam que a invasão era apenas o resultado do "hegemonismo social-fascista" soviético e que um filme como "Killing Fields" era um reles filme de propaganda?
Melhor ainda, o que lhe permite dizer que no Camboja houve "genocídio"?
Você esteve lá? Presenciou? Foram os vietnamitas que disseram? E se foram os vietnamitas que o disseram, explicaram-lhe que para além dessa intervenção militar que você implicitamente admite como "humanitária" havia também a sua necessidade de afirmar o seu papel como potência regional? Foram os americanos com dor de cotovelo por terem sido corridos a tiro? Foi a imprensa dominada pelo Rupert Murdoch ou os seus competidores, porventura menos exuberantes e mediáticos?
Como se forma a nossa percepção do que se passa em lugares remotos?
Como é que você admite que no Vietnam sim, mas na Líbia, não? O que é que você acha do nosso chocante alheamento do terror do Ruanda, ou da presente situação na Somália?
Como é que você, que certamente viu as imagens alucinantes dos snipers à volta de Sarajevo (admitindo que não as considera montagens dos serviços de informação americanos), ao cerco de uma cidade inteira e da sua população civil, reagiu ao bombardeamento desse cerco criminoso pela aviação da Nato?
Como é que você reagiu perante as imagens de Timor Leste e à ameaça feita por um Presidente americano -seguida de intervenção militar por um proxy americano na região - a um país integrante do movimento dos não alinhados do terceiro mundo?
Acha que a questão de fundo da Guerra Civil de Espanha foi a questão legalista do "governo legitimamente eleito"? Não será antes porque os países ocidentais demonstraram nesse caso a cobardia e mesmo complacência que encorajou o fascismo a envolver-se noutras aventuras?
Quanto às suas questões:
1. Questão que faz sentido no caso do Iraque e do Afeganistão mas desenquadrada aqui.
Aqui trata-se de apoiar consequentemente, isto é, por meios militares, o apelo feito à comunidade internacional, incluindo a ONU e a OUA, pelos rebeldes líbios que decidiram resistir pelas armas ao envio do exército líbio para pacificar uma onda de protestos.
Claro que agora convém dizer que a "ONU está ao serviço dos americanos". No caso do Iraque, quando a ONU fez frente a uma administração americana composta por falcões, ninguém reparou nessa evidência.
Para além disso, devo confessar-lhe que se eu pudesse, teriam havido intervenções internacionais mais firmes - admitindo capacidade para tal - em diversos locais, tais como no Ruanda (concordamos que foi um genocídio, não?), e neste exacto momento, em toda a região dos Grandes Lagos, no Sudão, na Somália...
2. Concordo. Quando você faz uma revolta deve fazer isso. Mas.. é possível? É possível prever até que ponto o adversário vai resistir? O facto de ser previsível que ele reaja é razão para a inacção?
Quem fez a revolução de Outubro mediu as consequências? E a Revolução chinesa?
E os 50.000 mortos? Quem os inventariou? São militares? Rebeldes? População civil? Se é generalizada a noção de que a situação é confusa no terreno, que os serviços hospitalares estão em estado mais ou menos caótico, quem é que fornece estes números? Os media? Mas então e a falta de credibilidade dos media?
Outras entidades? Os serviços do Kadhaffi? ONG?
As minhas perguntas são feitas em perfeita inocência, creia. Fascinam-me sempre estas estatísticas baseadas em estimativas feitas em situações extremamente fluidas mas chutadas para o ar com a maior das auto-confianças.
Parece que a imprensa vendeu, e a opinião pública comprou, esta dos 50.000 mortos. Podem ser 500.000, podem ser 5.000, mas o pessoal arrematou, mais rapidamente do que se consegue fazer a estatísticas dos mortos anuais nas estradas portuguesas. Talvez daqui a um ano ou dois, se a situação estabilizar, tenhamos números credíveis.
3. Bom. Eu poderia responder-lhe apenas de forma casuística, isto é: surpreende que você coloque essa questão num comentário em que uma das ideias fortes é a sua defesa da não ingerência nos assuntos internos de outros países.
Mas na realidade, a minha opinião é que não, pelas razões que tenho exposto em vários posts no meu blog e tenho visto defendidas em artigos que, subjectivamente, penso retratarem a situação dum ponto de vista que para mim faz sentido.
Não posso, porém, deixar de assinalar que essa preocupação é alimento da criticada cumplicidade dos nossos dirigentes corruptos com os ditadores úteis.
4. A sua questão sugere que no seu entender, apesar do distanciamento em relação aos assuntos internos dos vários países, poderá haver outros países cuja situação interna torna elegíveis como alvos militares e que só estão a salvo (quiçá injustamente) por ausência do ouro negro (que me diz da Síria?).
É claro que os Estados Unidos, e não só, pretendem pilhar petróleo e o petróleo não está alheio do apoio (que não é só americano, atenção) aos rebeldes líbios. Mas esperar-se-ia que os americanos e outros ocidentais apoiassem a revolta gratuitamente? É uma outra questão.
Lenine não obrigou, vencendo a relutância dos seus próprios homens, incluindo o Trotsky, à aceitação total e incondicional das exigências territoriais alemãs em Brest Litovsk, para liquidar, a qualquer preço, aquela frente de combate e poder salvar a revolução?

Quanto à sua última observação, recordo que o post do Vias de Facto aparece no contexto de uma discussão que tem decorrido ao longo dos últimos meses e que eu não tenho seguido a par e passo, pelo que não sei a que exemplos concretos ele se refere.
Numa perspectiva puramente pessoal, se tiver oportunidade para ler os posts e os comentários do 5Dias, estou certo que não ficará desapontado.
Isto é, se não ficar também baralhado.
Porque nesse blog há de tudo, entre autores e comentadores mais ou menos residentes. Já se fez a apologia da "resistência islâmica" ( e julgo perceber que não é a que se exprime em jogos florais) aos imperialistas americanos, e agora faz-se a defesa do Kadhaffi como último bastião contra os desígnios sinistros de uma torpe coligação (Americanos, sionistas, rebeldes, Al Jazeera, CNN) ao serviço da... AlQaeda.

 

Comentários 1

O link que fiz para um texto de João Bernardo no Vias de Facto suscitou alguns comentários no meu Facebook.
Na minha opinião estes comentários seriam mais apropriados no próprio Vias de Facto, onde o autor do texto pode ser directamente confrontado.
Mas uma vez que linkei o texto, e os comentários são feitos à minha linkagem, eis, em dois posts, o meu comentário aos comentários:

Alberto Castro Nunes
Ruizinho, este texto não passa de um sofisma, continuo a perguntar: então porque não apoiar tb a invasão do Iraque? o Saddam era melhor que o Kadhaffi? comparar o Kadhafi ao Hitler só para rir do ridículo da comparação e do comparador


Não percebo onde está o "sofisma". O que o texto refere é a crítica frequentemente feita às potencias ocidentais por fecharem os olhos e lavarem as mãos permitindo o esmagamento de revoltas contra regimes ditatoriais. Como foi o caso da Guerra Civil de Espanha, como é o caso hoje, na Síria.
As potências ocidentais não interviram aí, ok, cinismo, não lhes interessa ou não lhes interessou.
O que o João Bernardo diz é que as potencias têm sempre "interesses", e tudo o que se passa é lido por elas à luz desses interesses, mas não é isso que vai determinar a aceitação dos naturais de cada país pelas situações de opressão de que se sentem vítimas, e a eventual aceitação - ou recusa - de auxílio.
Quando pensamos no 25 de Abril, vale apena retomar, ou considerar como determinante, o tema do papel das superpotências no desmembramento do antigo império português, para julgar o carácter libertador da revolução? Vale a pena refectir sobre quem foram os "patriotas" que alertados para essa momentosa questão geoestratégica mantiveram uma guerra nas colónias e ainda hoje classificam a descolonização como "traição"?
Não intervieram as diversas potências por diversos meios (incluindo os militares se considerarmos o apoio que foi prestado aos movimentos de libertação) para destruir o império com o objectivo de o partilhar?
As diferenças entre o Iraque e a Líbia são evidentes.
No Iraque tratou-se de uma agressão pura e simples, devidamente montada e planeada, com total desprezo pelos órgãos de concertação internacionais e cujos limites orçamentais, quase ilimitados, foram apenas definidos pela irresponsabilidade técnica de alguns dos seus principais promotores.
Na Líbia tratou-se de uma intervenção tímida, uma resposta atabalhoada de um presidente em perda, acossado em termos políticos e orçamentais, a pressões internacionais no sentido de ajudar uma revolta em risco de esmagamento, no intuito de procurar manter algum contacto com a realidade de um Médio Oriente em mutação acelerada e cujo sentido lhe escapa entre os dedos.
Quanto à história da comparação entre o Kadhaffi e o Hitler, se é isso que te choca, enfim, ainda há muito pouco tempo se comparou o Bush ao Hitler e ninguém (tirando alguns neocons da praça) se escandalizou com o ridículo.

sábado, setembro 10, 2011 

Debate sobre a débacle

Corinne Lepage quer lançar o debate sobre o nuclear em França.
Tal como em Portugal, também em França, um paraíso do nuclear, mas onde nem por isso os custos energéticos fazem uma diferença significativa quando comparados com os restantes países europeus e onde não existe independência energética, há quem queira debater o tema.
E, ironia das ironias, também por razões económicas.
77%!
Mal agradecidos... Parece que ainda não perceberam as vantagens de serem um dos países mais nuclearizados do planeta.

 

Nobel


Chadwick a Tam Dalyell sobre Alan Nunn May , um cientista inglês que passou segredos nucleares à União Soviética na Segunda Guerra Mundial:
"I knew Alan extremely well. I do not support what he did. But he did it for good motives. And because of what he did, if may be that your generation will be spared an atomic war. None of us can know."
Referido no artigo de Eric Hobsbawm na LRB sobre o livro "Scientis spies: a Memoir of my three parents and the atomic bomb", Paul Broda, Troubador.

 

O fascismo e Kadhaffi - um texto do Vias de Facto

Sobre a questão líbia, e encontrando-me deficitário de legitimidades revolucionarescas e galões combatentes, aconselho os apressados, a lerem quem sabe.

 

Género

"Não poderemos pensar que a diferença sexual não é somente um facto biológico, mas o Real de um antagonismo que define a humanidade de tal modo que, se a diferença sexual for abolida, o ser humano se torna efectivamente impossível de distinguir da máquina?"
Slavoj Zizek, Viver no Fim dos Tempos, Relógio D'Água, pág. 83
Tradução de Miguel Serras Pereira
nota: o trabalho de tradutor de Miguel Serras Pereira é o de uma espécie de "Pequeno Polegar" que vai indicando um percurso intelectual de referência feito de pequenas grandes pedras que ganham relevância por serem por ele trabalhadas. Um caso raro (ocorre-me pensar, noutro registo, em Aníbal Fernandes) em que o nome do tradutor precede e cauciona a obra traduzida.

 

Game Over

Reagindo como um afinado diapasão às mais subtis vibrações da actualidade política, a industria de videojogos acaba de lançar Sócrates e Mário, um produto com um público alvo bem definido, destinado a capitalizar no debate interno em curso num dos mais sociáveis partidos políticos portugueses.
O sucesso é Seguro.

 

Ainda não acabou

A julgar pelo silêncio informativo que se abateu sobre Fukushima, já não se passa nada ali, está tudo normalizado.
 Corinne Lepage, uma deputada do Parlamento Europeu que foi Ministra do Ambiente em França, esteve lá recentemente e escreveu uma nota no Rue 89, intitulada "De retour de Fukushima, oú le silence et les mensonges tuent" de que transcrevo algumas passagens, com bolds a vermelho da minha responsabilidade:
"Des millions de mètres cube d'eau contaminée
Tout d'abord, les autorités japonaises - j'ai rencontré le secrétaire d'Etat à l'Environnement, le vice-ministre de l'Environnement et le vice-gouverneur de Fukushima - reconnaissent que la catastrophe est en cours et que rien n'est réglé. Les informations sont très rares.
Les autorités admettent que trois cœurs nucléaires ont fondu et que les cuves ont été transpercées. Cependant, ils ignorent ce qu'il se passe aujourd'hui, en particulier ce point vital de savoir si le radié a été percé par le corium ou non, ce qui signifierait, bien entendu, la pollution irréversible de la nappe phréatique.
Concernant le traitement de l'eau, Greenpeace considère qu'il vient à peine de débuter. Les autorités reconnaissent l'entassement de boues radioactives dont évidemment personne ne veut parler mais aussi les millions de mètres cube d'eau contaminée.
Les dosimètres encore bloqués à l'aéroport
En second lieu, et c'est tout aussi préoccupant, la situation des familles qui vivent dans la région de Fukushima est, au sens propre du terme, véritablement tragique. J'ai passé près de deux heures avec l'association, qui regroupe plusieurs centaines de familles et qui est animée par des femmes déterminées et révoltées.
On peut les comprendre. Ce qui leur est arrivé rappelle de très près ce que nous avons vécu avec Tchernobyl et la manière dont les choses se mettent en place nous renvoie au spectre du passé.
(...) aujourd'hui, ce sont 40 000 dosimètres qui restent bloqués par décision politique à l'aéroport de Tokyo. Les familles ne savent donc pas quel est le niveau de la radioactivité dans laquelle elles vivent.
Les médecins montent des réseaux parallèles
Les médecins n'ont plus le droit de parler et n'osent plus parler. Il semblerait qu'un réseau de pédiatres essaye de se mettre en place, que certains médecins, notamment dans les zones rurales, essayent d'organiser la population de manière à ce qu'elle se protège le mieux possible et qu'un suivi médical puisse être mis sur pied.
Mais tout ceci se fait par une voie citoyenne, par une voie parallèle, j'allais dire occulte, car de manière tout à fait évidente. Les autorités nucléaires ont décidé qu'il n'y aurait pas de connaissances fines et précises des effets épidémiologiques de cette catastrophe.
C'est contre ce mur de silence qu'il convient que, nous tous, nous nous révoltions car il s'agit d'enfants et les enfants de Fukushima pourraient être enfants de Fessenheim, du Bugey ou du Blayet. C'est notre responsabilité de parler, d'agir et d'aider les associations qui se battent avec les plus grandes difficultés sur place.
Chut, le Japon va sortir du nucléaire
En effet, il faut savoir, et cette information est soigneusement cachée en France pour des raisons que chacun peut comprendre, que le Japon a réduit de 28% sa consommation électrique depuis Fukushima et près de 40% dans la région de Tokyo. Il n'y a plus aujourd'hui que 14 réacteurs qui sont en activité sur 57.
Cette réduction massive a été obtenue par un éventail de mesures : par exemple, l'extinction des lumières dans les ministères pendant la journée, l'absence de climatisation (malgré les 38 degrés qu'il faisait à Kyoto voici quelques jours), l'extinction des grandes publicités dans Tokyo le soir ou une organisation différente du système de production industrielle qui travaille en roulement et qui a ainsi permis d'obtenir ce résultat remarquable.
Aussi, quand nous, Européens, nous demandons si nous arriverons à faire moins 20% d'ici 2020, il y a beaucoup à apprendre de nos amis japonais. Le nouveau Premier ministre l'a affirmé lors de sa campagne électorale : le Japon est décidé à ne plus construire de nouvelles centrales nucléaires, ce qui veut dire qu'il va sortir du nucléaire."

Deste texto importante, tiram-se várias conclusões:
1- O brutal poder de intimidação do lobby nuclear e a sua capacidade de controlar
a informação;
2- Os efeitos de Fukushima são muito mais graves do que a generalidade das pessoas tem consciência;
3- O impacto que esses efeitos têm e continuarão a ter sobre as centenas de milhares de desalojados;
4- Os sinais claros da decadência do nuclear no Japão;
5- Talvez o mais importante, a demonstração de que é possível, abdicando de algum "conforto", reduzir drasticamente os consumos energéticos, provavelmente o caminho mais lógico, sério, porventura o único possível, para, sem ilusões, se controlar a crise energética e as emissões de gases.









sexta-feira, setembro 09, 2011 

Junk Food, junkheads

Tempo de relembrar, aqui no Bidão, alguns dos verdadeiros "argumentos" dos que pretendem impôr, a bem ou a mal, os transgénicos na Europa.
Aparentemente, as pressões descritas acima "sensibilizaram" a EFSA para uma atitude mais complacente, como se tem visto em decisões recentes.

domingo, setembro 04, 2011 

Charming perspectives

A Mother Jones sintetiza em dois conjuntos de gráficos a dramática degradação das condições de vida dos trabalhadores americanos nas últimas duas décadas.
Saber que a seita do Tea Party não se dá por contente e que por cá, em Portugal, tal como na Europa, em total contraciclo com a brutalidade destas evidências, há cada vez mais gente a propor-nos uma visão ficcionada do "american way of life" como único modelo "sustentável" de vida em "liberdade", faz medo.

 

Estações

As transformações em curso no Médio Oriente, vulgarmente designadas como "Primavera Árabe", tinham forçosamente de ter impacto em Israel.
O que começou como um protesto "de baixo nível" político contra a dificuldade de arranjar habitação, parece assumir agora um carácter mais abrangente e progressista.
O impacto não é o previsto pelas várias leituras conservadoras aparentemente contraditórias da presente situação no mundo árabe, de que destaco:
- Os regimes árabes até aqui "amigos", vão tornar-se em regimes islâmicos agressivos, à semelhança do Irão de Khomeini;
- Os regimes árabes que resultarão das revoltas vão tornar-se "democracias" no sentido de regimes dóceis tutelados ideológica, cultural e militarmente pelo Ocidente, dominados por elites "ocidentalizadas" indiferentes à sorte das massas oprimidas, tal como no Irão do Xá, o modelo passadista que inspirava a "teoria do dominó" que sustentou a invasão do Iraque.
Ambas estas leituras concorrem na necessidade de reforçar o papel de Israel como pretenso baluarte civilizacional e vindicar o seu aberrante carácter racista.
Numa região tão vasta, é natural que as consequências da Primavera árabe sejam diversas, mas o inegável significado geral deste sobressalto, é que as massas árabes já não compram mais uma visão do mundo maniqueísta de que foram durante décadas vítimas privilegiadas.
As massas árabes já não compram a manutenção de regimes profundamente corruptos em nome de uma hipócrita e falsa posição de "não-alinhamento", conceito vago que apenas já servia de consolo a alguma esquerda europeia profundamente reaccionária, impotente para travar a real demolição das sociais democracias europeias (regimes que alguns desprezam furiosamente mas de que foram os principais beneficiários e cujo desmantelamento - em que colaboram com brio - os afectará profundamente), mas julgando, numa ilusão de contornos esquizofrénicos, ter alguma coisa a dizer sobre a vida dos árabes e da correcção das suas revoltas cívicas.
Tal como nos países do sul da Europa vivendo sob ditaduras nos idos anos sessenta e setenta, tal como nos países da Europa de Leste vivendo sob ditaduras até ao final dos anos 80 do século passado, as massas árabes querem apenas democracia e liberdade.
As conspirações, reais ou imaginárias, e dentre estas as mais ou menos delirantes, estarão, sem dúvida presentes, mas o verdadeiro motor, impossível de pôr em marcha por qualquer maquinação do "Grupo Bilderberg" ou da CIA, é o entusiasmo idealista de grandes camadas da população por novas ideias.
Que o elemento religioso está presente? Sem dúvida! Mas alguém imaginaria que pudesse não estar?
Mas não andaram alguns ( e eu incluo-me nesse grupo) a dizer que a religiosidade islâmica não se esgotava, nem podia ser, sequer, representada, pelo delírio assassino da AlQaeda, tal como pretendiam os criminosos da seita do Bush?
Alguém pode renegar o papel dos grupos de cristãos católicos na oposição ao regime anterior ao 25 de Abril?
Como é que agora se pretende pôr em causa a revolta árabe por muitos dos seus participantes serem religiosos e a religião vir a desempenhar inevitavelmente, segundo modelos adaptados àquele contexto, um papel idêntico ao que desempenha nos países europeus, com maior ou menor controvérsia mas sem que isso tenha impedido o estabelecimento de democracias?
A emergência de massas actuantes e com elevada consciência cívica na rua árabe, pressionando processos de democratização, ainda que mais ou menos titubeantes, cria inevitavelmente um novo cenário nas relações entre Israel e os seus vizinhos.
Em primeiro lugar, democracias árabes, embora potencialmente menos belicosas ao nível dos estados, desmantelam o mito da superior legitimidade moral israelita e, por definição, não pressupõem, antes pelo contrário, uma "pacificação" das relações com Israel e uma normalização da ocupação da Palestina e sua submissão a um regime de apartheid.
Em segundo lugar, essa emergência evidencia o logro em que vive a esmagadora maioria da sociedade israelita, refém do permanente estado de sítio em que a mantém de uma casta racista ultradireitista, militarista e fundamentalista religiosa.
É claro que é ainda muito cedo para se saber o que resultará do "Outono judaico" que começa a despontar.
A casta no Poder pode ser tentada a usar de forma mais ou menos subtil o formidável aparelho militar e sobretudo de espionagem do Estado de Israel, que controla, para quebrar a revolta já em curso.
Pode até invocar, tal como o seu vizinho sírio, o superior interesse nacional e a sobrevivência do estado, para desencadear uma acção mais musculada sobre a sua própria população, ou lançar mão do recurso habitual das ditaduras para reforçar os laços "patrióticos", na forma de provocações sobre os seus vizinhos.
E pode ainda, graças aos enormes recursos financeiros que controla directa ou indirectamente, tentar afogar a revolta em dinheiro à custa do contribuinte americano.
Porém, por paradoxal que pareça, dada a tendência contemporânea para o recrudescimento da conflitualidade, talvez seja este o início de um verdadeiro caminho para a Paz no Médio Oriente.

sábado, setembro 03, 2011 

Coronel Jardim

Por razões que não consigo descortinar, há pessoal que considera o Alberto João mais perigoso do que o Coronel Kadhaffi.
Conceda-se que pelo menos no que respeita à gestão da dívida pública das respectivas repúblicas das bananas, o é, com toda a certeza.

 

Baile dos Bombeiros

Aqui e ali, na imprensa "independente" e "de referência" que levou o PSD ao colo ao Poder, começam a ler-se os editoriais sobre os "exageros" do Governo quanto à carga fiscal.
Há até quem sugira que este Governo, afinal, é um bocadinho "liberal" a mais...
Questão:
DE QUE É QUE ESTES IDIOTAS ESTAVAM À ESPERA?
Claro que isto faz parte do habitual bailado "dialéctico": demolição do anterior governo, "esperança" numa "alternativa", "estado de graça" do novo Governo, e recomeço do ciclo com a lenta erosão, primeiro, espasmódica nos estádios finais... a dança, enfim, da "alternativa democrática".
Pelo meio, os jornais e televisões vão mantendo a "animação" necessária para assegurarem "cidadania" e lucros aos accionistas.
Até a chamada esquerda participa desta festa. Das coisas mais agoniantes dos últimos meses foram as declarações de dirigentes do BE ou dos Sindicatos manifestando-se "desapontados" ou "desiludidos" com as medidas propostas pelo actual Governo.

 

The writing is on the wall

Na Universidade de Verão do PSD, Vasco Graça Moura diz que o aumento de impostos é "ataque à classe média".
Marques Mendes diz que faltam agora as medidas para "relançar" a economia...
Ora sabendo-se que está fora de questão aumentar os impostos dos ultra-ricos (ah! o ultra moral argumento da "fuga" - como se esta não se tivesse já largamente concretizado...) e sabendo-se o que significam os deliciosos eufemismos do "relançamento", "dinamização" e "competividade", não restam grandes alternativas.