segunda-feira, agosto 31, 2009 

A surpresa do mês é este artigo da Foreign Affairs, aconselhando a Administração Obama a não se deixar distrair com o "problema iraniano" se o objectivo é dar passos significativos na resolução do problema do Médio Oriente.
Vindo de onde vem é surpreendente e talvez contribua para iluminar os cronistas portugueses que habitualmente se pronunciam sobre estas questões e acabam em geral a defender as tácticas do governo israelita do momento. Isto para falar apenas dos bem intencionados e deixando de fora os representantes oficiosos de Israel na imprensa portuguesa.

sábado, agosto 29, 2009 

Too much ado

Afinal também para o Presidente da República há coisas mais importantes do que o problema das escutas. Porquê? Porque certamente não tem qualquer indicação séria sobre a existência delas.
Ou seja, os partidos, o governo, a população, têm mais do que fazer do que preocupar-se com verdadeiros "disparates de Verão", como muito bem disse o Primeiro Ministro.
A única diferença é que Sócrates respondeu na hora e liquidou uma falsa questão e Cavaco Silva deixou, de forma pouco responsável, alimentar o "tabu" por mais de uma semana.
Durante essa semana, apenas o Primeiro Ministro minimizou a questão, única forma de não ter de a tratar como uma questão institucional de extrema gravidade e dando oportunidade ao Presidente da República de seguir o mesmo caminho, o que, paradoxalmente, foi interpretado pelos paranóicos anti-Sócrates-sobre-tudo-e-a-qualquer-preço, como "falta de seriedade".
Se a Direita, em geral, fez, como a habitual coerência, o que lhe competia e a mais não era obrigada, particularmente mal estiveram os partidos à esquerda do PS ao classificarem o caso como "arrufos", não distinguindo entre a gravidade da acusação e a necessidade de lhe responder. Um caso a arquivar como exemplo de falta de ética política.
Quem também sai mal na fotografia é o Público. Seria até interessante que divulgasse agora a transcrição da entrevista com o tal assessor fantasma. Não é de descartar que toda esta situação tenha sido gerada por utilização abusiva de uma frase fora do contexto e irresponsavelmente promovida a "notícia" por critérios jornalísticos "Deus-saberá-quais".

quarta-feira, agosto 26, 2009 

Príncipes e Princesas

Dia em cheio para a Causa Monárquica.
Algures numa sala mal iluminada, como convém a "conjuras" e ambientes românticos, uns patuscos juntaram-se para jantar "em homenagem" a uns distribuidores de bandeiras monárquicas que assolaram recentemente a região de Lisboa.
Como pretexto para uma jantarada já se viu pior.
Foi também uma jogada com brilho aristocrático, já que o número dos presentes dava para perceber que os homenageados eram mesmo, mais coisa menos coisa, os promotores da homenagem.
É isto o bom da Monarquia.
Panache, homenagens por dá cá aquela palha, tudo em família e alegria autocongratulatória. Isto é que seria um regime em cheio para o povoléu.
Num mundo desprovido de notícias, cumpriu-se um outro "mistério" de alto significado simbólico: um jantar com literalmente meia dúzia de patuscos folclóricos ter honras de noticiário nacional.
E ainda se queixam os monárquicos da cruel "discriminação" republicana. Eu não sei o que há-de a República fazer mais para lhes dar alguma notoriedade.
Não longe dali, a Festa era outra e a PSP deparava-se com uma girândola de fogo de artifício bem apropriada ao Bairro da Princesa.

 

Inversão de afinidades

Acho bizarro que algumas pessoas de esquerda alinhem na teoria geral do PSD sobre o "condicionamento brutal da opinião pública" imposto por um Governo PS ao qual atribuem, no desvario da discussão política, um carácter quase totalitário (um manifestante do 1.º de Maio, aquando do episódio Vital Moreira, referiu-se ao Sócrates como "um Pinochet"), enquanto tentam demonstrar que PS e PSD são, neste momento, "a mesma coisa" e minimizam o que classificam como uma tentativa de o PS "diabolizar" o PSD para apelar ao voto útil.
Há aqui uma espécie de inversão de afinidades:
se o PSD (na prática “o mesmo” que um PS “vendido à direita”) acusa o PS de “totalitarismo”, essa esquerda está de acordo com o PSD.
Se o PS (na prática “o mesmo” que o PSD) alerta para o autoritarismo que marcará inevitavelmente um hipotético futuro governo do PSD ou PSD/CDS (uma experiência de que há memória recente, mas agora potenciada pela “crise”), a mesma esquerda minimiza esse perigo e acusa o PS de “diabolizar” Manuela Ferreira Leite... Dá para entender?

 

Baralhado

Fico confuso com a discussão das "uniões de facto".
"União de Facto" é já uma fórmula incómoda e redutora.
Para mim uma "união de facto" é uma expressão que caricatura e deforma uma união entre duas pessoas adultas que se estão nas tintas para as leis de Deus e dos Homens, de igual forma.
É uma coisa que apenas diz respeito a essas duas pessoas.
Transcende qualquer espécie de legislação.

terça-feira, agosto 25, 2009 

O regresso do D'Artacão

Num post do blog da Action Française Étudiante, um "pensamento" que poderia ter sido copiado aos "jovens" monárquicos portugueses: Comment glorifier un régime politique, né dans un bain de sang, qui ne cesse de conduire la France à sa perte ?
Desde a abolição da monarquia que a França, à semelhança de Portugal, é só desgraças. E se no caso de Portugal, uma República mais recente, o País tem vindo a decair há cem anos, imagine-se o que se passará com a França...bon Dieu?

 

Despiste

O maior paradoxo deste caso das escutas foi assinalado num artigo de Ana Sá Lopes no i de 19 de Agosto.
As suspeitas foram geradas pelas acusações de elementos do PS de envolvimento de assessores do PR na elaboração do programa eleitoral do PSD. Aparentemente só com recurso a escutas se poderia saber desse facto. Mas..."O que a direcção do PSD desmentiu em termos muito duros foi que algum assessor do Presidente da República tenha colaborado no programa de governo que o PSD vai apresentar no dia 27".
Pelos vistos o PS ouviu, mas ouviu mal. É o que dá andar a escutar mudos.
Para o PSD e para a oposição, a análise do caso é simples: o Governo e o PS são criminosos porque obtêm informações à conta de escutas ilegais e mentirosos porque as declarações proferidas com base nessas escutas são falsas.

 

Insiders

A indignação da Direita com o caso talvez seja o verdadeiro indício de que o Cavaco não é alheio a esta congeminação. Realmente, classificar como disparate uma história em que o Presidente da República está envolvido não lembra a um careca, e provavelmente eles estão, como mais ninguém, conscientes disso. Nessa perspectiva justifica-se a indignação.
Todo este imbróglio seria fácil de resolver... ordenando Cavaco uma investigação ou desautorizando o anónimo assessor...
Como não fez nem uma nem outra coisa, só se enterra, ou deixa que a sua entourage o enterre, o que vem dar ao mesmo.

 

Escutas

O Primeiro Ministro classificou a história de fonte anónima acolhida pelo Público (olha se fossem os blogues "anónimos" a aparecerem com ela...) sobre as escutas em Belém, como "disparates de Verão", o que foi suficiente para que as luminárias da Direita se indignassem.
Se calhar também queriam que o PM "provasse", como noutros casos, o absurdo da acusação.
Não percebem que esta foi mesmo a única forma séria e responsável de tratar do tema.

 

Social

Uma entrevista de Laurinda Alves no i dá-nos uma ideia do que será a evolução "natural" das chamadas "redes sociais". Tecnologias apenas acessíveis para já a uns quantos, em breve disseminadas pela generalidade das pessoas. Vamos talvez assistir em breve à explosão das verdadeiras relações sociais desmaterializadas.
Já estou a ver o Miguel Sousa Tavares que nem um pacheco..."Vá, venham, caiam-me todos em cima. Estou aqui para dar o peito às balas dos 'amigos'"...

 

Boca do Inferno

Pelos vistos a solução para os problemas de segurança do acesso dos veraneantes às praias passa pela demolição das falésias. Custa-me crer.
Parece que a "opinião pública" é uma criança que necessita de vingança a qualquer preço mesmo que seja contra objectos inanimados: a falésia bateu no menino, o Papá deita a falésia má abaixo.
Numa época em que a preservação das falésias como espaços naturais é defendida no limite da histeria, encontra-se na hora, para acalmar a outra psicose do momento, a do securitismo a qualquer preço e "mostrar trabalho", uma solução radicalmente oposta, brutalmente atentatória da qualidade da paisagem e da natureza. Nem quero sequer imaginar o que seriam os meandros de um processo administrativo em que qualquer entidade (por exemplo, uma unidade hoteleira) solicitasse à Câmara, à CCDR, à ARH ou ao ICNB (para não falar da Capitania) a demolição de parte de uma falésia por pôr em risco os utentes de determinada praia...
Para um comentador do artigo do Público, o problema é simples: "as Autoridades deviam e devem vigiar as falésias,as ribas ou barreiras da costa e verificar se elas oferecem perigo de desabamento,e nêste caso deviam ser cortadas a prumo e fazer como que um paredão,eliminando as cavernas,os buracões.A terra escavada poderia ser espalhada e calcada em rampa ao longo da praia". Sugestão boa... para resolver a crise da construção civil e para se perceber a ilimitada variedade de loucuras que podem passar pelas mentes criativas.
Alguns factos que podem estar correlacionados com este caso:
- entre as vítimas não havia turistas estrangeiros.
- em Sesimbra a praia foi interditada por rotura num colector. Um banhista afirmou na televisão que a interdição é "mariquice" porque o Tejo e o Sado estão muito mais poluidos e toda a gente toma banho sem problema nenhum.

domingo, agosto 23, 2009 

Errância

Nas duas últimas semanas instalei-me por locais que exprimem conceitos radicalmente diferentes do turismo.
Primeiro, num cenário de lindíssimo "pastiche" de arquitectura vernacular rodeado de jardins.
Um microcosmos verde onde num raio de 100 metros se encontra tudo o que é necessário a uma relativa reclusão: supermercado, café, piscina, casa de amigos para lautos jantares, trajecto rectilíneo entre a porta de uns e a minha cama alinhada com a porta do apartamento, apenas sujeito aos erros de trajectória introduzidos no meu sistema de navegação pelo consumo excessivo de líquidos com teor alcoólico.
Depois, numa casa tradicional localizada numa posição dominante em relação à EN 125, tendo como vizinhança uma exploração agrícola, o silvar do vento como música de fundo e os campos ressequidos e plantações de turbinas eólicas no horizonte como paisagem.

 

Acordar

A audição de Acorda!, um apanhado de música portuguesa de 2006, para além de revelar uma mão cheia de excelentes músicos pode constituir um curioso passatempo: adivinhar as influências de cada grupo.
Nalguns casos trata-se de uma atitude assumida.
Exemplo: uma faixa lembrava-me o Blue Camel. Fui ler o título da música da Tora Tora Big Band e, na mouche: Rabih

 

Definições

Muitos quilómetros de estrada. Quase todos percorridos ao som do mega álbum "Acorda!" que em boa hora fui buscar à estante.
Cento e vinte faixas, várias horas de música, na sua maioria bastante audíveis, a companhia ideal para quem experimente conduzir a velocidades inferiores ao limite permitido na auto-estrada (que percentagem de condutores cumpre os caracólicos 120km/h em autoestrada?), ganhando tempo para apreciar a paisagem a metade do preço em combustível.

 

Decadência

1 crash catastrófico do risco dígido deu conta de uma série de imagens que eu preparara para ilustrar posts, deixou-me sem programa de edição de imagens... eis o Bidão reduzido aos meios esquálidos próprios da crise, condenado a breves textos e a pouco mais...

 

Resíduos

Apesar de totalmente negligenciado o Bidão desde há semanas o sitemeter ainda dá conta de cerca de 50 visitas semanais. Misteriosos os caminhos da net.

quinta-feira, agosto 06, 2009 

1 Ano

In full flight