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sábado, dezembro 29, 2007 

Pessimismo

Se há quem veja "o mercado" como uma gigantesca ágora onde os cidadãos interagem e "votam" em tempo real, a notícia do Público da passada 4.ª feira de que o aumento de volume de compras dos portugueses até ao dia 25 de Dezembro em relação ao ano passado foi de 5,6 por cento é esclarecedora.
Bem podem estatísticas duvidosas garantir que o "índice de confiança" dos portugueses é dos mais baixos da Europa e que somos os mais pessimistas mas os dados objectivos dizem o contrário. Os portugueses acima da fasquia da miséria estão felizes e optimistas. Ou então são doidos. Mas... não dizem os políticos que o "povo tem sempre razão"?
Quem, por qualquer motivo, passou por algum dos inúmeros centros comerciais e assistiu ao espectáculo da sofreguidão consumista, pode ter intuitivamente a percepção do que é o tal "pessimismo".
A minha dúvida é se são "os portugueses" pessimistas ou a minoria visível relativamente significativa com direito a um nível de vida razoável e a uma opinião que está vedada à multidão de excluídos inexistentes politicamente que apenas abandona a penumbra mediática quando sobre parte dela incide a luz fosca de alguma iniciativa paternalista promovida por uma televisão ou um mecenas decidido a abater uns dinheiros em impostos.