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sexta-feira, setembro 26, 2008 

A queda do muro

Bem pode a ralé estrebuchar que o Bush ganhou finalmente juizo e rendeu-se à evidência.
Todo o paleio roto que meia blogosfera destilou durante quase uma década foi para o cano.
Fica como curiosidade. Histórias da carochinha para ler à lareira.
Será o fim da converseta sobre a "catástrofe" do estado social?
Pelo menos deixou de haver desculpas para não se perceber onde está a catástrofe.

Pois. Mas é cedo para dizer se vão mesmo pelo cano. O economista tipico é perito em ler os acontecimentos numa lógica que lhe atribui ´todo o crédito cientifico quando os acontecimentos ocorrem em linha com as suas previsões, e em culpar a conjuntura sempre que há desvios.Ainda aguardo para ver qual vai ser a desculpa desta vez, em que de novo a aura da economia como ciência exacta é sériamente posta em causa. Para já confesso que me confrange ver os "especialistas" a gaguejar explicações.

Depende do que se considera "ir pelo cano". Para o Jerónimo de Sousa e alguns entusiastas, é o "sistema capitalista", uma espécie de compensação moral pela debacle do comunismo.
Para outros é o sistema "tout court", é uma espécie de "fim do mundo" em que se misturam peak oil, efeito de estufa e bolhas do imobiliário e do crédito subprime.
Mais modestamente, julgo que é de facto o fim de um ciclo, o ciclo que se iniciou com a tenebrosa galinha Thacther e o alarve do Reagan e agora mostra os resultados esplendorosos de quase três décadas de esforços para dar sempre mais "liberdade" ao Mercado.
Numa demonstração de que as ideologias são por vezes meros padrões mais ou menos coloridos à superficie de certos processos mentais, para alguns o sistema falhou, tal como para outros ( nalguns casos os mesmos...olha o director do público) o comunismo falhara, porque "houve erros", nuns casos causados pelos "reguladores", noutros por "elementos das linhas anti-partido". Nunca pelas suas caracteristicas intrinsecas.
Nos últimos anos havia a percepção de que vinham graves problemas a caminho, mas surgia sempre um "especialista" qualquer com uma explicação do tipo coelho/cartola a ridicularizar os alarmismos. E o giro não é constatar o atrapalhamento de alguns, os infelizes que sucumbem ao peso de algum pudor, o giro é constatar que alguns desses "especialistas", continuam, depois disto, a manter o estatuto de especialistas.

Sim, sem dúvida! Até porque a capacidade do capitalismo e dos seus servidores em se metamorfosearem tem-se revelado infinita. Sempre à custa dos mesmos, mas infinita.

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