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sábado, janeiro 24, 2009 

Recreio

Tenho seguido de forma algo superficial o debate político dos últimos dias.
Refiro propositadamente que tenho seguido de "forma superficial".
O debate político ou pseudo político chegou a um impasse.
A crise claramente que ultrapassa a capacidade de controle do Governo, assim como ultrapassa a da Oposição. Assim como ultrapassa a dos sábios que diariamente botam bitaites para os jornais. Na blogosfera também, mas a blogosfera é um lugar um pouco à parte, um lugar onde se pode "desabafar" sem excessivo dano.
Ora custa um pouco, é chato ouvir, aquele pessoal que ainda há poucos meses alertava das necessidades de "reformas estruturais" destinadas a aproximar" a "velha europa" da veloz concorrência dos Estados Unidos e da China (países com sistemas díspares, cujos regimes suscitam reflexões diversas aos níveis ético, político e económico, mas que comungam no fascínio mágico que exercem sobre a parolagem as "taxas de crescimento" dessa medida de coisa nenhuma que realmente interesse que é o PIB) grandes paquetes a navegar de vento em popa no mar infinito das "oportunidades" e do "crescimento", andar agora obcecado porque o nosso modesto governo não "previu" a hecatombe, não "alertou" os portugueses, e nos enganou a todos com um "discurso optimista".
Não existindo neste momento uma oposição política séria exceptuando a contestação dos professores e de mais meia dúzia de gatos pingados, a esmagadora maioria destes no café ou ao volante do táxi, resta a conversa de recreio sobre a "recessão".
Entrámos? Não entrámos? O Primeiro Ministro admite-o ou não?
Grande bronca, afinal temos "recessão". Mas como o prazer não está em descobrir a cárie, o prazer está em escarafunchar os dentes até doer, é preciso que o Governo se humilhe e o admita, caso contrário, nunca uma crise será uma crise satisfatória.
É a conversa dos telejornais: analistas, pivots e comentadores...
Claro está que sobre a crise, sobre a essência da coisa, não há uma palavra séria, uma discussão relevante, ninguém tem nada a dizer, ninguém sabe o que dizer.
E não admira, os gurus que o people andou a ler nos últimos quinze anos falharam, a Sonae do oráculo da gestão made in Portugal, o Engenheiro Belmiro de Azevedo a quem os pacóvios empregados bancários encaixotados em fatiotas cinzentas dos saudosos "Armazéns Maconde" se referiam como "O Belmiro" como quem fosse seu parceiro do snooker, está nas vascas do naufrágio com um titânico e inconcebível rombo de sessenta por cento no casco.
O escrutínio da sociedade civil parece exercer-se sobre as capacidades adivinhatórias do Governo, não sobre a confiança que transmite ou sobre a sua capacidade de liderança para superarmos a crise.