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domingo, setembro 11, 2011 

Comentários 1

O link que fiz para um texto de João Bernardo no Vias de Facto suscitou alguns comentários no meu Facebook.
Na minha opinião estes comentários seriam mais apropriados no próprio Vias de Facto, onde o autor do texto pode ser directamente confrontado.
Mas uma vez que linkei o texto, e os comentários são feitos à minha linkagem, eis, em dois posts, o meu comentário aos comentários:

Alberto Castro Nunes
Ruizinho, este texto não passa de um sofisma, continuo a perguntar: então porque não apoiar tb a invasão do Iraque? o Saddam era melhor que o Kadhaffi? comparar o Kadhafi ao Hitler só para rir do ridículo da comparação e do comparador


Não percebo onde está o "sofisma". O que o texto refere é a crítica frequentemente feita às potencias ocidentais por fecharem os olhos e lavarem as mãos permitindo o esmagamento de revoltas contra regimes ditatoriais. Como foi o caso da Guerra Civil de Espanha, como é o caso hoje, na Síria.
As potências ocidentais não interviram aí, ok, cinismo, não lhes interessa ou não lhes interessou.
O que o João Bernardo diz é que as potencias têm sempre "interesses", e tudo o que se passa é lido por elas à luz desses interesses, mas não é isso que vai determinar a aceitação dos naturais de cada país pelas situações de opressão de que se sentem vítimas, e a eventual aceitação - ou recusa - de auxílio.
Quando pensamos no 25 de Abril, vale apena retomar, ou considerar como determinante, o tema do papel das superpotências no desmembramento do antigo império português, para julgar o carácter libertador da revolução? Vale a pena refectir sobre quem foram os "patriotas" que alertados para essa momentosa questão geoestratégica mantiveram uma guerra nas colónias e ainda hoje classificam a descolonização como "traição"?
Não intervieram as diversas potências por diversos meios (incluindo os militares se considerarmos o apoio que foi prestado aos movimentos de libertação) para destruir o império com o objectivo de o partilhar?
As diferenças entre o Iraque e a Líbia são evidentes.
No Iraque tratou-se de uma agressão pura e simples, devidamente montada e planeada, com total desprezo pelos órgãos de concertação internacionais e cujos limites orçamentais, quase ilimitados, foram apenas definidos pela irresponsabilidade técnica de alguns dos seus principais promotores.
Na Líbia tratou-se de uma intervenção tímida, uma resposta atabalhoada de um presidente em perda, acossado em termos políticos e orçamentais, a pressões internacionais no sentido de ajudar uma revolta em risco de esmagamento, no intuito de procurar manter algum contacto com a realidade de um Médio Oriente em mutação acelerada e cujo sentido lhe escapa entre os dedos.
Quanto à história da comparação entre o Kadhaffi e o Hitler, se é isso que te choca, enfim, ainda há muito pouco tempo se comparou o Bush ao Hitler e ninguém (tirando alguns neocons da praça) se escandalizou com o ridículo.