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quarta-feira, janeiro 18, 2006 

Modelo a martelo

No a-sul, a propósito da polémica acerca dos empreendimentos na costa alentejana, o ponto verde diz que "Sem alterar a estrutura económica, a teia de interesses e a economia paralela não contabilizada no OGE ou no PIB não saímos desta triste sina, e hoje vêm notícias estatisticas que nos põem atrás da Republica Checa, o segundo dos ultimos países a aderir à UE a passar-nos à frente.Vêm por aí é certo projectos salvadores como a fábrica da IKEA... nós aqui pelo Sul o que parece é que continuamos a dar de barato aquilo que temos de único e de valor (ambiente e paisagem) não a projectos sustentáveis, mas ao insustentável xicoespertismo... é que pode até nem ser, mas na Dysney da Moita e nos projectos para a Costa Alentejana... pode ser que sim...mas...".
Ora o problema está aqui. A Republica Checa já era um país industrializado desde o princípio do século passado que pelos caprichos da história ficou paralizada no tempo durante quatro décadas enquanto Portugal sempre foi um país atrasado.
Como muito bem demonstra o exemplo da República checa, os "modelos" não se impõem por decreto. Por muito que se combatam as teias de interesses e as economias paralelas, e embora a administração pública e os governos tenham um papel importante a desempenhar nessas matérias, são as pessoas quem em última análise cria o "modelo".
Onde estão os investidores portugueses em áreas relacionadas com tecnologias de vanguarda?
Onde estão as empresas portuguesas a revolucionar as tecnologias relacionadas com as energias alternativas?
Bem podemos clamar contra o modelo, mas de que vale isso se não temos os meios materiais e humanos para executar planos de mudança?
Ou está-se à espera de capitalistas iluminados que interpretem os "nossos" anseios, abdicando do seu papel de capitalistas? Tipo eles têem o dinheiro e nós dizemos-lhes o que fazer... será isto "sustentável" intelectual, política e economicamente?
Quando o ponto verde pede projectos sustentáveis de que fala?
De umas casinhas de turismo rural?
Muitas?
Poucas?
Espalhadas na paisagem? Concentradas nalguma vila?
De lojinhas de artesanato rural?
De preferência que não impliquem a construção de novos espaços?
Que continuem a dar trabalho a baixo custo a uma população envelhecida e desqualificada?
Em que é que isto tem capacidade para como ele diz ( e bem) "alterar o tecido económico"?
O tom algo irónico com que digo isto não pretende hostilizar ou menosprezar o ponto verde que tem feito um trabalho fantástico no seu blog nem as pessoas que falam do desenvolvimento sustentável.
Bem pelo contrário, apenas acho que é bom que comecemos a explicar concretamente o que entendemos por esses conceitos.