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quarta-feira, fevereiro 21, 2007 

A catástrofe tranquila

Enquanto alguns se atropelam à volta de Cavaco na esperança de levantar o "tabu" sobre a promulgação ou não da lei do aborto, um espectro silencioso chamado Nemátodo da Madeira do Pinheiro ameaça de destruição total uma vastíssima área florestal do nosso País.
Vinda dos Estados Unidos onde dá pelo nome de Pine Wilt Nematode, essa espécie de lombriga microscópica que se alimenta das vias circulatórias das plantas resinosas, em particular o pinheiro bravo, destruindo-as em pouco tempo, entrou na Europa com um carregamento de madeira contaminada chegado ao porto de Setúbal em 1998, nos bons tempos da Expo.
Propagada por um escaravelho de nome Monochamus galloprovincialis, tem-se espalhado silenciosamente no Distrito de Setúbal pelos concelhos de Alcácer, Grândola, Santiago do Cacém e Sines, transformando milhares de árvores em madeira morta e inaproveitável a não ser para queimar.
Para os proprietários é a ruína, e para o ambiente, uma catástrofe, mas como infelizmente o bicho não lança labaredas nem emite CO2 que se veja, e como quem passa de carro a caminho das praias não vê nenhum caruncho gigante a perturbar a bucólica paisagem do litoral alentejano, não se assiste a nenhum alarme dos "amigos do ambiente" ou dos meios de comunicação.
A procissão vai no adro mas em crescendo. Porém, como a tragédia ainda não é muito visível pois milhares de árvores mortas se mantêm ainda de pé e a paisagem não se encontra completamente desfigurada, as campanhas de sensibilização e os programas de circunscrição e combate até agora lançados pelo governo têm tido pouco eco e eficácia reduzida.
Antes o bicho deitasse fumo e fizesse labaredas...
Ou o Governo encara este "incêndio sem chamas" como uma catástrofe que realmente é, e todos os intervenientes se consciencializam da gravidade da situação, ou dentro de poucos anos grandes áreas de pinhais transformar-se-ão em deserto sem necessidade de urbanizações, alterações climáticas ou buracos do ozono, havendo o risco potencial de a praga se espalhar por outras zonas do país.
E se isso acontecer, os bombeiros podem ir de férias porque as florestas que escaparam ao fogo vão desaparecer por muito tempo, a não ser que os espanhóis ou a Europa imponham medidas drásticas de contenção.