A fava da história
O que aconteceu à Sérvia nos últimos vinte anos faz pensar como na vida dos países há azares comparáveis às tragédias que por vezes se abatem sobre a vida das pessoas.
Por vezes apenas por causa de um "pecado original", uma configuração de situações propícia ao precipitar da desgraça.
No caso da Sérvia, esse pecado foi ter num determinado momento histórico uma liderança que a ligava a uma potência caída em desgraça o que potenciou o ressurgimento de querelas antigas com velhos inimigos que teve de enfrentar numa situação de grande fragilidade militar e política.
Pensemos na controvérsia que ainda hoje rodeia o fim do Império Português em África, e imaginemos o que será para um País numa zona da Europa em que o nacionalismo é quase uma segunda pele dos habitantes, perder, não regiões remotas, mas partes integrantes do seu território, centrais para a sua identidade.
O processo foi tão rápido que não houve tempo para um aggiornamento ideológico que colocasse o país ao abrigo das convulsões que se seguiram. O contrapé em que se encontrou permitiu a falácia da "intervenção humanitária" que tudo legitimou perante a opinião pública dos países civilizados.
Tivesse a clique de Milosevic tido tempo para fazer o necessário golpe de rins que fizeram outros países do Leste da Europa a tempo de se declarar o mais seguro aliado americano nos balcãs e o panorama da região talvez fosse hoje completamente diferente.