« Home | Back in the U.S., Back in the U.S.S.R. » | Chota » | a (little) star is born » | Teoria do vandalismo perdido » | Casa, carro e família » | É a economia, precisamente... » | Pág. 8 » | Pág. 7 » | Pág. 6 » | Já chega! » 

segunda-feira, agosto 11, 2008 

O grande jogo

Quando o fumo assentar talvez se perceba melhor o que motivou a acção disparatada do Presidente Georgiano Saakashvili. Bombardeiam uma pequena cidade de dez mil habitantes, matam mais de mil civis e depois pedem um cessar fogo quando percebem que se enganaram nas contas e que a história não fica por aqui.

Cheney e Bush podem rosnar, McCain pôr-se em bicos dos pés, alguma imprensa pode pedir ridículas "respostas firmes", podem alguns doentes sugerir paralelos entre a tibieza face a Hitler e uma hipotética tibieza face a Putin, pode vir mais tarde Saakashvili apresentar-se como o cavaleiro Ajax da última barricada na defesa da democracia, mas só em delírios devem pensar que depois do Iraque, depois do avacalhamento da ONU, depois do Kosovo, depois do impacto do 11 de Setembro em que morreu um numero idêntico de pessoas inocentes, depois do festim geral que foi o desmembramento da URSS, a Rússia iria deixar passar em claro um pretexto tão oportuno para começar a acertar umas contas. Ainda por cima quando o único argumento moral do "ocidente", "para que lado fogem as pessoas?" lhe é desta vez claramente favorável.

E note-se que a Geórgia, que tem feito os possíveis e os impossíveis para provocar a Rússia, faz fronteira com ela, não estamos a falar de um Afeganistão ocupado pelo "ocidente" do outro lado do planeta, ou do Iraque, primeira vítima da crise energética e do "interesse nacional" dos Estados Unidos.

Como refere Bruce Anderson no Independent, se a UE e os EUA queriam levar até ao fim a estratégia de curto-circuitar a Rússia no que respeita às fontes de energia da Ásia Central, estratégia perigosa mas que parecia viável através de um País posto à sua disposição por um Presidente no mínimo controverso, deveriam ao menos ter feito o mínimo, que era pôr algum senso na cabeça da sua liderança.

Agora, resta esperar que os russos retirem para as fronteiras da Abkhazia e da Ossétia do Sul depois de se acharem suficientemente compensados com a destruição de parte da Geórgia.

Vamos ver...