Os "denizens" intelectuais
Encavada até ao osso pelos últimos desenvolvimentos da economia e da política americana e mundial, a seita "liberal" portuguesa não esquece que a lealdade é devida acima de tudo ao comandante-em-chefe.
Em geral, preferiam o McCain para presidente, mas não sendo este possível, não lhes repugna venerar o "outro", a quem os apoiantes de McCain apelidaram de "terrorista", tudo serve, interessa é que seja o Presidente Americano, o comandante-em-chefe.
Embora sem qualquer legitimidade, ridicularizam com alguma razão a esquerda europeia pela sua ilusão em relação a Obama, avançando já com uma série de explicações trôpegas destinadas a fazer os pacóvios entender como o "terrorista" é, afinal, um bushista dos quatro costados, ainda que para ser eleito tenha capitalizado na repulsa sentida pela maioria do eleitorado americano (exclusivamente americano, para evitar equívocos) pelo seu dilecto "Grande Pai Branco de Washinton", tal qual, oh vergonha, como milhões de "anti-americanos" espalhados pelo planeta.
Lendo-os, percebe-se que lhes importa menos que a esquerda tenha apoiado de forma bastante irreflectida um candidato americano que venceu as eleições americanas, algo que do seu ponto de vista até poderia ser positivo, uma legião de esquerdistas anti-americanos convertidos ao americanismo. O que os preocupa é que estando a esquerda enganada ou iludida, disso tire alguma satisfação, ainda que momentânea.
Daí que tentem ilustrar os esquerdistas com o discurso "olhem que não, olhem que estão enganados, o homem é o Bush tal e qual", que na boca de alguém do Bloco ou do PC, seria prova clara de "cegueira".
Um bom pró-americano primata fica ciumento se imaginar que a sua adesão total a uma interpretação particular dos valores americanos pode ser de algum modo partilhada por alguém exterior à seita.