Sobe sobe, balão sobe
Em debates sobre a arquitectura da cidade, para além de argumentos de ordem subjectiva, é frequente ouvir defender-se a vantagem da chamada "construção em altura" com o argumento de que assim se "concentraria a cidade" e se "pouparia espaço" que sobraria, claro está, para jardins e outras utilizações ecológicas e sustentáveis.
A consequência mais provável, porém, seria a explosão dos preços do terreno urbano e da especulação imobiliária, o que, complementando-se com outros factores contribuiria para degradar a qualidade de vida das nossas cidades.
A obsessão pela "vivenda" low budget em terrenos baratos porque desqualificados quer pela ausência de planeamento e deficientes infra-estruturas, manifestação de individualismo mesquinho e paroquial talvez enraizada no nosso imaginário (e origem) rural renitente a assumir plenamente uma civilização urbana e cosmopolita e responsável pela degradação urbanística ocorrida nos últimos trinta anos nos subúrbios das nossas cidades com particular incidência em Lisboa e no Porto, encontraria novo alento como resposta/fuga à desertificação do centro das grandes cidades, devido à explosão dos preços dos terrenos e da construção.
Para já não falar da forma como os valores paisagísticos de uma cidade como Lisboa, por exemplo, serão feridos de morte se essa tendência alastrar à zona ribeirinha ( o projecto de Norman Foster em Santos...).