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domingo, outubro 01, 2006 

Nem oito nem oitenta

Tenho andado tão a leste das notícias que me passou ao lado a decisão da directora da ópera de Berlim de cancelar a apresentação de uma ópera de Mozart.
O que se passou foi-me descrito pelos meus amigos como mais um preocupante exemplo da "auto-censura" imposta pela ameaça fundamentalista islâmica.
Se a desculpa apresentada, a mais apelativa para o clima de guerra de civilizações que inexoravelmente se vai instalando, corresponder ao que exactamente se passou, é um caso que não pode tolerar-se.
E tal como vi depois a história apresentada nos highlights da imprensa, é de um sujeito começar logo aos saltos de indignação.
No entanto, a versão do incidente postada no Diário Ateísta, dá conta de algumas nuances significativas:
1- a exclusiva responsável pelo cancelamento foi a directora da Ópera de Berlim, que a justificou com uma ameaça anónima. Dito assim, parece mesmo que quem precisava de uma desculpa era a senhora Kirstin Harms.
3- O encenador opõe-se à decisão.
4- A senhora Merkel criticou a decisão.
6- A ópera em causa tem antecedentes polémicos, nomeadamente com desacatos levados a cabo por fundamentalistas cristãos.

leste o Benard da Costa hoje no Público? vale a pena.

A "ópera em causa" é uam treta adulterada que só esteve em cena uma vez. Uma provocação tosca que em 2003 até teve algumas reacções contra.

Agora parece que aquilo anda sem dinheiro, já esteve para fechar mais de uma vez e vá de fazer este golpe de propaganda.

Mas isso até nem é nada com o que fazem os que vão à boleia. Esses sim, andam agora histéricos e aproveitam ficções de futuros atentados para justificarem os verdadeiros que apoaiam nos intervencionismos belicistas.

Quanto ao resto, ando sem pachorra para estas lides. Acredita.

Desde que vi aquela maratona no Aspirina B na venda do Abrupto como uma boa alternativa de valor cultural a quem ainda lê os jornais...

Por mim, quem vier que feche a porta. É que já nem precisamos de Pereiras Coutinhos a insultar os espíritos ligeiramente críticos. A acomodação passou a lei e deve ser beatificada.

Quanto a esta treta bastava lembrar-lhes o que escreveram aquando da Paixão de Cristo do Mel Gibson. Não é por nada. Ou comem todos ou temos intocáveis.

Mas há coisas mais estúpidas nisto tudo.

Eu não gosto de contradições. Pronto. Sou assim. Prefiro um gajo lixado coerente a um salta-pocinhas.

E salta-pocinhas é que não faltam.

Então vamos lá a ver:

O Papa, deixa de ser Papa e é transformado em político laico, impodo-lhe todo o tacto de actuação internacional que lhe impediria de fazer uma palestra teórica onde defendia, por exemplos filosóficos e eruditos, a supremacia da razão a que as religiões deveriam obedecer, contra a imposição da fé de formas belicistas.

Isto, sem ser da janela do Vaticano. Numa palestra longa, com exemplos eruditos e na qualidade de chefe de uma igreja.

O que é responderam uns tantos?

Que era um provocação barata (aquele anormal do Boaventura escreveu isto à letra) que devia ter em conta a menoridade intelectual dos outros chefes religiosos que não eram capazes de defender de modo tão erudito as suas religiões e se limitavam a usar os meios toscos ocidentais da propaganda distorcida de rua.

Foi isto que disseram ainda que o não dissessem.

Os outros, os tansos noe-cons da supremacia dos "valores do ocidente" também não fizeram por menos.

Neste caso compararam a intervenção do Papa a uma grosseria provocatória de uns cartoonistas e resumiram tudo à famosa "liberdade de expressão".

Expressem-se uns com provocações, bote o gajo faladura que isto é mesmo assim entre gente evoluída.

É claro que, já quando foi dos cartoons nunca se esquecem dos seus bezerros de ouro e das suas vacas sagradas. Na altura eram as bandeiras- aquele pedaço de pano simbólico que pode dar direito de prisão- porque representa coisas muito profundas. Muito mais profundas do que um deus, claro, que isto de simbologias laicas ainda é mais sagrado e científico.

E também se enxofraram muito por causa de umas pedradas a embaixadas. Outro símbolo laico, intocável. Porque isto de liberdade de expressão, como eles diziam, só com advogados e letra de forma em papel timbrado.

A rua árabe ou a alamenda ocidental são assim equiparadas a caricaturas de reacções mais ou menos boçais sem se lhes querer entender os motivos presentes para tanta crispação.

Não. Isso não importa. Os motivos são auto-reerenciais. São eles que são assim e sempre foram assim (como a Gabriela) mas só agora é que demos por isso. Por acaso, porque sim. Porque sei lá.

E é aqui que a contradição dos farruscos (como lhes chamava o outro que agora também se arrependeu) se encontra.

Exigem tacto em questões que não passam de natural expressão dos valores espirituais. Sem nada de discurso político. porque, quando o há, o Papa até é mais livre que todos os políticos e tem criticado tudo- incluindo o que os outros defendem- as tais provocações de cartoons e os intervencionismos bélicos.

E, ao exigirem este "tacto" nem se dão conta que nehum chefe de outra igreja respeitaria chefe contrário que se vendesse a este ponto. Nenhum. Nunca. Isso era para tratar a ponta-pé. Mesmo sem o Papa de agachar eles bem que defendem as "jihads" e afirmam-no sem pudores.

Então qual o motivo para que uma religião que não faz o mesmo os tratar como deficientes mentais? aos muftis? qual? qual a não ser o paternalismo de confundir muftis com boçalidade manipulada de rua e agirem como idênticos boçais manipulados por efeito dos mesmos altifalentas dos media?

isto, seja os anti-papa seja os que vão à boleia.
A menoridade deles é idêntica- respondem por efeito das reacções primárias, presentes ou fururas. E confundem o que é legítimo e honroso com o que ´provocatório. Porque liberdade de expressão não é dizer-se apenas coisas agradáveis nem apenas insultos. É reagir a eles. Umas vezes de forma mais sensata, de outras de forma mais provocatória. O resto são casos de polícia.
Que, como tu bem mostras neste post, não podem existir por relatório minoritário de "guerra preventiva".

desculpa os erros mas escrevi em directo e nem reli.

esquecia-me do principal: beijocas!

";O)

Ena, isto é que é speedar.
Não li o texto do Benard da Costa. Tens por aí? Se tiveres e-maila-me por favor que fiquei com curiosidade.
beijinhos para ti também.

já seguiu

beijinho

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