« Home | O partido do Povo » | Sublimações » | Os novos monstros » | Jogos infantis » | Impotência » | Reinvindicação » | O Buraco » | OK Corral » | Formação » | Com que então, o amigo ligou e eu não estava no tr... » 

sábado, novembro 25, 2006 

O regresso do filho do Nuclear

Foi de pé atrás que comecei a ler o livro Nuclear de Jorge Nascimento Rodrigues e Virgílio Azevedo editado pelo Centro Atlântico.
É que já começa a cheirar a esturro esta insistência em debater o nuclear.
Cheira a esturro porque o "debate" em que se tem insistido em Portugal nos últimos meses, mais não é na maior parte das vezes do que a tentativa de vender ao público um solução de central nuclear para Portugal, enquanto se faz pressão sobre o Governo .
Cheira a esturro porque parece ser consensual a opinião entre muitos dos especialistas com formação e autoridade no assunto que o nuclear "em si", não é sequer uma solução que se "debata", é um campo de investigação científica importantíssimo que poderá no futuro contribuir para reduzir parcialmente a nossa dependência dos combustíveis fósseis.
Cheira a esturro porque é consensual a opinião entre muitos dos especialistas com formação e autoridade no assunto que a solução proposta no princípio do ano por um grupo de investidores é pouco clara em vários aspectos e que essa solução concreta para a opção nuclear é prematura e merece reservas quanto à sua viabilidade técnica e financeira, sobretudo desde que sejam contabilizados todos os custos associados ao seu ciclo de vida completo.
Cheira a esturro porque desde há cerca de seis meses que se tem vindo a insistir na "necessidade" de "debater o nuclear", ignorando, como se fossem "transparentes" todos os debates entretanto levados a cabo e nesses debates os argumentos avassaladores contra a solução concreta de central nuclear em Portugal "agora" ou a muito curto prazo.
Embora eu não tenha até agora conseguido ler o livro na sua totalidade, (do capítulo "as opiniões que contam" ainda só li as entrevistas a Delgado Domingos e a Pedro Sampaio Nunes ) a impressão que tenho até ao momento é positiva.
Os autores e os seus convidados fizeram um levantamento bastante interessante quer dos argumentos pró e contra o nuclear quer em geral quer relativamente a uma solução "portuguesa" devidamente contextualizados com outras alternativas possíveis e os desafios que se colocam à humanidade no campo dos recursos energéticos.
Até ao momento, a maior surpresa foi a intervenção de Delgado Domingos.
Um veterano da investigação nuclear portuguesa, é habitualmente cilindrado nos debates que tenho visto na televisão pelo superior savoir faire e experiência mediática de Pedro Sampaio Nunes um defensor do projecto nuclear português, de tal forma que eu já pensava que o JJ era, por excessiva veterania, uma carta fora do baralho neste "debate".
Enganei-me. Longe das câmaras e das permanentes tácticas de interrupção cirúrgica de Sampaio Nunes, Delgado Domingos alinha uma série de argumentos arrasadores para o nuclear, quer em aspectos técnicos, de segurança e por consequência económicos.
À medida que for avançando na leitura do livro, que de acordo com o lema do blog é feita entre casa e o trabalho, darei mais opiniões.