Separar águas
É confrangedora a opinião de Miguel Sousa Tavares sobre as novas formas de convivialidade, debate e expressão de ideias propiciadas pelas tecnologias de comunicação.
MST não se interessa, não sabe, ou sabe pouco e dispara sem hesitar uma rajada de ignorância no tom peremptório do costume.
É uma questão de estilo pessoal e ele tem as suas limitações e preconceitos como qualquer um de nós. Também é natural que alguém importante no mundo dos media convencionais ache tudo isto uma estupidez, sobretudo quando reage a quente depois de sofrer um ataque.
Que me lembre, dos monstros sagrados da nossa imprensa, apenas Pulido Valente e Constança Cunha e Sá tiveram uma atitude normal durante a sua infelizmente curta actividade bloguista. Interventivos e polémicos, mas sem os tiques e as arrogâncias de primadonas tão comuns em personagens de terceira ordem de visibilidade ou relevância na vida "lá fora" perante a manada dos anónimos de segunda categoria .
Áqueles que se sentem suficientemente indignados para alinhar na reacção corporativista habitual na blogosfera quando bloggers de todos os quadrantes se "unem" para enfrentar uma "ameaça comum", basta lembrar que estas diatribes de MST acerca dos anonimatos não são diferentes dos ataques feitos aos anónimos dentro da blogosfera, motivados pela mania de consagrar num meio essencialmente igualitário e nivelador, formas artificiais de hierarquização.
Sendo um caso típico, o Pacheco Pereira é apenas a face visível do iceberg; segue a quantidade de gente, mais ou menos conhecida na blogosfera politizada ( uma percentagem ínfima de blogs ), transversal a todo o espectro dos posicionamentos políticos, que quais sapos blogosféricos tentando passar por bois mediáticos, despreza os comentadores anónimos, para não dizer mesmo todos os comentadores, como seres de segunda ordem neste universo.
Uma coisa é clara para mim.
Prefiro sem qualquer hesitação o MST e as suas bacoradas sobre a blogosfera e os chats, mas capaz de escrever tudo o que ele tem escrito sobre a guerra do Iraque, a "cosmopolitas" atentíssimos ao papel dos novos meios de comunicação que só disseram ( e continuam a dizer) asneiras graves e criminosas sobre essa questão crucial.