« Home | A catástrofe tranquila » | Lapalissadas estéreis » | Ainda o referendo... » | Longa Vida » | Sapo (dos gordos) » | A Bítima do sistema » | Seca » | Marte, Vénus » | Fatal » | Sabedoria popular » 

quarta-feira, fevereiro 21, 2007 

Uma praga nunca vem só.

Um dos musts da saison tem sido o lugar comum:
"é preciso debater o nuclear".
Curiosamente, e apesar de toda a gente poder debater o nuclear e tudo o resto a qualquer momento do ano ou da década, o "debate" do nuclear tem os seus timings próprios.
O ano passado o empresário Patrick Monteiro de Barros apareceu com uma proposta de uma refinaria e de uma central nuclear.
Coincidência ou não, calhou que para além das conversas de bastidores - sempre as mais importantes e acerca das quais nada sabemos- se seguissem uma série de debates nas rádios, nas televisões, nos jornais, nos blogs.
Tudo culminou num mega debate promovido pela Ordem dos Engenheiros com a presença de reputados especialistas mundiais em que se exibiu mesmo, vindo do Jardim Zoológico, um ecologista francês pró-nuclear.
Depois duns meses de debates, o resultado foi que ficaram por demonstrar as vantagens mirambolantes do nuclear e ficaram à vista alguns dos problemas graves que lhe estão associados. Nem se quer se chegou a esboçar uma ideia de localização para a central.
O debate acalmou por uns meses mas "eis senão quando", Patrick Monteiro de Barros volta à carga propondo numa extensa entrevista à revista Prémio, agora não já uma, mas duas centrais, duas. É o toque a rebate, e regressam (por coincidência) as vozes pedindo um debate "apaixonado mas sem fundamentalismos". Uma frase com muita mensagem...
Debates, debates, debates... a primeira questão que se põe, uma questão leve, é o que tem andado a fazer pelo menos de há um ano para cá pelos media o sócio de Patrick Monteiro de Barros, Pedro de Sampaio Nunes?
Não foi a debater o nuclear? Então foi a fazer o quê?
Ficamos com ideia do que é "o debate" quando nos apercebemos que já houve uma aldeia gaulesa onde se debateu o nuclear "comme il faut": no CDS/PP, que aprovou incondicionalmente a teoria das vantagens do nuclear.
"É a Quercus que manda no País, e por isso é que o poder político tem medo de optar pelo nuclear", declarou Pedro Sampaio Nunes numa reunião do simpático partido do qual é, aliás, vice-Presidente. Uma frase nitidamente para inflamar a assistência "popular", recheada de ecologistas "verdadeiros", mas cadê o debate?