« Home | Os defraudados » | Oásis » | Panaceia » | Alô, alô » | O silêncio dos indecentes » | Debaixo da ponte » | Sudoeste » | Gigantes » | Serra (1) » | Na toca do lobo » 

sábado, setembro 08, 2007 

Entrismo

Há uma geração de direita que chegou tarde ao mercado da política.
Vítima da moda ultraliberal que pegou sobretudo nos Estados Unidos nos últimos 20 anos, esta rapaziada cheia de estudos e ideias criativas encontrou o caminho para o estrelato barrado por uma geração que nunca mais morre de ex-esquerdistas que ocupam os lugares mais mediáticos, ainda por cima com o discurso reciclado e a papaguear com credibilidade q.b. o politicamente correcto neocon da moda. Como ainda não teve a capacidade necessária para criar um partido, anda por aí aos caídos a tentar encontrar um ninho que os acolha.
Umas vezes é o CDS.
Outras, como no momento presente, é o PSD.
O grande partido populista vegeta como uma grande carcaça vazia à deriva com a grossa pele tatuada de simbolos alaranjados.
Abandonado de surpresa por um lider que consciente da forma perfeitamente fortuita como foi disparado sem saber ler nem escrever para primeiro ministro de Portugal soube aproveitar uma oportunidade única na vida para se pôr a milhas desta confusão, o partido vê-se obrigado à tortura de fazer "oposição" a um Governo que em traços gerais aplica um programa consensual entre os ideólogos dos chamados "partidos do regime", mas com natural desiquilibrio na proporção do exercício do poder e acesso às benesses inerentes.
Talvez em homenagem às tácticas entristas aprendidas pelos seus mentores ideológicos neocons de quem se murmura que terão frequentado na juventude exóticos grupúsculos de inspiração trotskista, a seita que meteu na cabeça a ideia aberrante de que um sistema político democrático em Portugal ou em qualquer buraco nas Ilhas Fidji, para existir, terá de tentar macaquear a grande nação americana incluindo na devoção sem limites pelas alucinações mais inverosíveis do Grande Pai Branco de Washington, parece achar que o cadáver está pronto para ser ocupado, comido por dentro, cheio articialmente. É talvez esta a razão pela qual no número de Setembro da revista Atlântico se encontra tanta gente cheia de ideias concretas para insuflar nova vida no velho partido.