De um trago
Na voz da menina de rosto resplandecente o nome do sítio sugeria mistérios e encantos prodigiosos, o que me levou a aceitar acompanhar o meu Pai naquela viagem de trabalho.
Talvez na esperança secreta de ver a menina.
Talvez o querer estar nos sítios por onde ela passava.
O meu Pai chamou-me para dentro do edifício.
No átrio, ele próprio e mais dois homens, o cabo do mar e outro, certamente o faroleiro, esperavam-me com um ar cerimonioso.
Em cima de uma pequena mesa, pousados sobre um naperon branco, uma garrafa e um belo cálice meio cheio de um líquido com um tom entre o âmbar e o siena.
Indescritível, será mais apropriado.
A porta ficou aberta.
O meu Pai disse-me :
"angelika, bebe".
Foi rápido. Levei o cálice meio cheio do líquido precioso e dulcíssimo à boca e com a minha subtileza habitual emborquei-o de um trago.
Quando pousei o copo, gerou-se um silêncio constrangido.
Um brilho divertido nos olhos do meu Pai, traíu o tom entre o reprovador e o perplexo com que se me dirigiu:
Bebeste-a toda.