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domingo, janeiro 13, 2008 

O fássismo a sério

É precisa uma certa dose de lata.
Afinal, tanta ironia sobre o fássismo, e agora é que parece que ele chegou. Em força.
Aquilo dantes não era nada, era conservadorismo autoritário, tudo o que se queira, mas não era a coisa a sério, agora é que sim, o fascismo.
O que é bizarro é que nos aproximamos afinal da distopia de um País ordeiro, civilizado, nórdico, helvético ou saxónico, onde as leis "são para cumprir", pela qual alguns persistentes arautos andaram anos a carpir.
Infelizmente tiveram azar: em vez do iluminado que destrói o estado "em seis meses" enviando para o desemprego milhares de pessoas de uma penada, o que seria um grande acto patriótico e democrático, chegou o funcionário que atende à reinvindicação antiga de fazer cumprir a lei.
Eu também acho irritante a nova Lei do Tabaco, mas...
Será que a lei do tabaco só é aplicada em Portugal?
Será que só é aplicada na Europa?
Será que só é aplicada em países com governos socialistas?
Seriam visões as imagens com quase vinte anos de grupos de empregados americanos a fumarem em cubículos por força não dos ditames do racionalismo económico do Estado Providência "controlador da vida das pessoas" mas dos ditames do racionalismo económico ainda mais impiedoso das companhias de seguros privadas?
Claro que todas as leis "são para se cumprir", mas, curiosamente alguns descobrem agora que "depende da forma como são interpretadas".
O costume.
Tudo muito rigoroso desde que lhes não caia na rifa. Nesse caso reclamam mais "civilização". Quando lhes cai na rifa? Aqui d'El - Rei que vem o fascismo!
Parece-me que a crónica de hoje do Rui Tavares no Público encerra este assunto da nova vaga de temas "fracturantes" da direita.
Talvez isto mostre finalmente às pessoas que a nossa bandalheira, a nossa relativa ineficiência É UM BEM precioso, é afinal a nossa versão dos famosos "checks and balances" com que passam a vida a moer-nos a cabeça.