« Home | Em conserva » | Grão a grão » | Circense » | Odd » | A fava da história » | Uns e os outros » | 22 Mars » | Ao abandono » | Autismo » | On Off » 

quinta-feira, março 27, 2008 

Autoridade?

A crónica de Rui Tavares sobre o "caso do telemóvel" traduz a dificuldade que à Esquerda temos em lidar com os problemas da "autoridade" em geral e da "autoridade na escola" em particular.

Uma aluna protagonizou um episódio de indisciplina grave a pretexto de um telemóvel?
Não nos interessa o que fazer com o caso concreto, o que interessa é encontrar os meios de combater a malaise que grassa na escola, olhar para mais longe, porque não turmas do ensino público com menos alunos, porque não vencer os alunos pelo aborrecimento?

A argumentação até faz sentido quando desmonta os argumentos dos que anseiam por medidas "impopulares".
No entanto, no que respeita à resolução do problema concreto, não há sugestões.
Pune-se a aluna? Como?
Como reabilitar psicologicamente a professora e restaurar o respeito que lhe é devido?
Demite-se a Ministra como preferirão alguns dos comentadores mais irresponsáveis relembrando num despropósito a raiar a idiocia, o caso da ponte de Entre-os-Rios?
Rui Tavares abstém-se.
E se a aluna tivesse dado um tiro na professora?
Todos sabemos que estas coisas têm sempre origem no "social", há que dar familias estáveis e lares com desafogo a todos antes de impor qualquer medida disciplinar.
E todos sabemos o que é fugir com o rabo à seringa e que isso é mau para uma perspectiva de esquerda numa discussão honesta.
Helena Matos relembra oportunamente na mesma edição do Público um caso com alguns anos que não motivou exigências de demissões de Ministros nem de outras autoridades. E algumas até deveriam ter tido o minimo de decência de se demitirem.
O caso de um Professor da Universidade de Évora, Carlos Cupeto, agredido à luz do dia à porta da universidade por um aluno que lhe fez um assédio brutal e humilhante ao longo de cerca de dois anos perante a passividade geral.
Num caso de cobardia colectiva sem precedentes, o Reitor, o Conselho Directivo e por maioria de razão os corpos docente e discente daquela universidade fecharam os olhos a um acto de violência. Refugiaram-se, ao que parece, numa interpretação da Lei.
E isto foi o caso de um aluno a agredir um professor, que faria se fossem agentes da Pide com mandatos mais ou menos legais a levá-lo para parte incerta...
Que me conste, não era esta a Ministra da Educação na altura. Mas pelo sim pelo não... demitam-na na mesma.