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domingo, março 23, 2008 

Odd

Há gente a quem enternece muito a "participação" popular nas eleições americanas.
Na Europa não, é tudo uma manipulação cozinhada "pelos Partidos", dizem alguns que até são dirigentes partidários, mas desgostosos do "sistema", pelo menos enquanto não tiverem hipótese de serem democraticamente eleitos.
Quando calha, os mesmos "admiradores da América" até lamentam que na Europa cada vez mais o debate político seja substituído por campanhas à ... americana, onde o que conta é o espalhafato que o dinheiro que se consegue angariar e gastar para depois pagar em favores garantida a eleição, permite assegurar.
A coisa parece tanto mais estranha quando num artigo recente de uma revista americana, se chamava a atenção para os níveis de participação nas recentes eleições espanholas, umas eleições que nos últimos anos têm causado azedume indisfarçado entre as hostes direitistas cá do burgo, quando comparadas com a participação nas eleições americanas que definem quem será ou não bombardeado com prodigalidade nos próximos anos.
Para mim o que me parece estranho é que seja "assunto" da campanha para a eleição do candidato democrático e por maioria de razão para a corrida à presidência, o facto de um candidato ser "negro" e um outro "mulher".
Por outro lado, o vício das sondagens, ou seja a obsessão "muito humana" de antecipar o futuro garantindo uma área lucrativa de negócios e influenciando os resultados, dá-nos conta da clivagem entre latinos e negros quanto a preferências eleitorais, uns pela Hillary, outros pelo Barack.
Obama, honra lhe seja feita, apresentou-se apenas como "candidato" como seria normal esperar, mas Clinton, num cálculo eleitoralista barato e de vistas muito curtas, não resistiu a chamar a si a condição de "mulher", pervertendo o significado da eleição do candidato do seu partido e minando a sua base de apoio para enfrentar o candidato da seita do Bush.
Oxalá que todo este frisson com os candidatos "fracturantes" não se torne em pesadelo na hora de eleger o novo Presidente.