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quinta-feira, março 26, 2009 

Varíola

Tem-me apetecido postar sobre aquela história da demolição da casa do Arquitecto António Varela, mas não tenho tido tempo nem paciência.
As opiniões dividem-se: de um lado os mais ferozes defensores da modernidade a quererem defender "património" por se tratar de uma obra que consideram "emblemática". Do outro os tradicionalistas que querem pura e simplesmente arrumar com a questão, isto é, implodir o caixotinho que ao que parece nunca chegou a ser habitado.
Eu, sempre sensivel às causas perdidas lá assinei a petição para não deitarem a coisa abaixo, em grande parte porque fui convencido pelas fotografias do Paulo Cintra evidenciando a extensão do trabalho do Almada Negreiros (gajos que foram tantas vezes como eu à casa e percebem mais ou menos o que eu de desenho dizem que os painéis do Almada "são fracos", como se houvesse a possibilidade de haverem painéis do Almada que não sejam brilhantes, mas isso é outra história).
Para além da discussão estética/ética, este caso assinala duas coisas:
1- a inveja mais mesquinha de quem viu aquela porcaria a degradar-se durante décadas e nunca mexeu uma palha e só agora se abespinha porque o infeliz proprietário ou descendente pretendia fazer umas massas neste tempo de crise. Dantes podia apodrecer, agora é património da humanidade.
2- a fantástica incompetência dos ladrões deste país que tiveram os painéis do Almada à mercê durante anos sem nunca terem descoberto o filão. Palhaços, andavam entretidos a dar cabo de igrejas e palácios setecentistas abandonados. Pode ser que agora, quando as coisas acalmarem, alguém garantir que o proprietário fica entalado e este for procurar fortuna para outra freguesia, surjam outras oportunidades... é assim que estas coisas sempre terminam não é?