Jogada de mestre
O Congresso do Partido Socialista foi um relativo êxito dados os condicionalismos que neste momento afectam a situação política em Portugal e o partido do governo.
Muito se fala da "central de informação" do PS, mas tornou-se evidente que os seus estrategas de comunicação apenas jogam com a forma estereotipada como os media tratam dos eventos políticos em Portugal.
Ao ignorar o seu principal adversário, o PSD, e focalizando críticas no Bloco de Esquerda, Sócrates criou artificialmente um "facto político relevante" e enviou uma imprensa totalmente a reboque e cujo modelo de procedimento é o estilo coscuvilheiro da imprensa desportiva, obter as "reacções" de Louçã, dando a este minutos de fama aproveitados com avidez e mal disfarçada vaidade e reduzindo o tempo de antena dos partidos de direita.
Os cronistas mais à direita esqueceram as habituais eleições apoteóticas e unânimes dos lideres do PSD e do PP e realçaram com impotência e talvez inveja o facto de o PS apoiar Sócrates com uma unanimidade "ceausesquiana".
No entanto ninguém conseguiu explicar o porquê da ausência de notórios críticos internos, como é o caso evidente de Manuel Alegre.
Ora se a crítica interna não se manifesta e não existem indícios de pressões ilegítimas sobre os seus protagonistas que admiração pode causar que o Partido pareça unido, se exceptuarmos o episódio anedótico do congressista anti casamentos homossexuais?
Quanto ao caso Freeport, metido a destempo pela outra "central" e que já só sobrevoa a paisagem politica portuguesa por mera inércia e através de "réplicas" atrozmente ridículas como a história de o Ministério Público ir investigar os tais projectos da pré-história do Sócrates e a "investigação" do Público aos preços de comercialização de um determinado prédio na esquina da Rua Castilho com a Braancamp, cujo único mérito foi o de merecer um comentário idiota do Marcelo, não teve qualquer papel no Congresso.
Porém, o factor negativo, e porventura o mais decisivo, foi a evidência da impossibilidade de uma nova maioria absoluta.
Uma coisa é o eleitorado perceber que o PS é neste momento um mal menor.
Outra coisa é esse eleitorado mobilizar-se em força para votar num partido cuja governação se até agora mereceu elogios foi da Direita pelo seu ímpeto "reformista". Ao olhar para o estado em que se encontram as economias dos países até há pouco apontados como "modelos" de reformismo, já o eleitorado percebeu bem o sentido e o fim das "reformas".
As próximas eleições vão ser bastante marcadas pela abstenção e tanto o PS como os restantes partidos não vão poder contar com mais do que os seus "núcleos duros", o que não vai permitir a ninguém conquistar maiorias absolutas.