Espinhas
Graças a tudo o que temos aprendido com o Pacheco conseguimos perceber como a crónica "Agora, espiões?" do Pulido Valente de hoje, no Público, é um penoso exercício de duplicidade.
O autor, "obrigado" a tratar um tema importante e actual, é compelido, com prejuízo da sua reconhecida elegância estilística, a um espectáculo de contorcionismo pouco conseguido, na tentativa fútil de resolver a fracturante contradição entre a leitura dos factos coerente com a visão do momento político do País que a ele e ao seu campo interessa propagandear e a mais elementar inteligência crítica e bom senso.
Pulido não é, felizmente, totalmente desprovido de escrúpulos intelectuais como o Pacheco.
Não consegue ser convicto enquanto distorce deliberadamente factos.
Infelizmente disso se ressente a coerência e fluidez da sua crónica.
Mais valeria ao seu estatuto intelectual que escrevera sobre futebol e concluísse com o já habitual apelo sumário à derrota de Sócrates.