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sexta-feira, setembro 25, 2009 

A grande investigação

Isto até é fácil.
Não estando ainda o povo e a dignidade profissional dos jornalistas, saciados bastante da trapalhada das "fontes" do Público, o resultado de uma semana de investigação do "jornalismo sizudo", com recurso a mais "fontes" (que nada garante que não seja o mesmo fontanário que abasteceu o Público) cheias de "impressões", assombra pela sua patética boçalidade, nulidade e irresponsabilidade.
Não percebem estes mentecaptos que com estes "trabalhinhos" se estão a tornar meros megafones ao serviço de personagens comprometidas ?
Se quiserem investigar, investiguem, agradecemos-lhes, mas queremos factos, porra, factos, o resto é conversa.
É só.

Este comentário foi removido pelo autor.

Caro Rui, antes de mais, parabens pelo bog e concordo plenamente com o que escreves sobre o trabalho de investigação jornalistica. No entanto, não concordo com a ideia de ter certeza que é "encomenda" de personagens comprometidas, aqui é uma questão de crenças, mas estás no direito de acreditares. Não o dês é como uma verdade absoluta.

Deixo-te a minha resposta a um comentário que deixaste no meu blog, pois considero que interpretaste mal o meu post. Nunca me referi se acredito ou não no que é escrito, mas tiveste essa interpretação. O post é uma crítica à forma como este caso tem sido lidado pelos media. Fica a resposta:

Caro Rui, se fores ler com atenção o meu post, eu não afirmo que acredito ou deixo de acreditar. Afirmo que este caso tem ocupado o lugar mediático que realmente importa discutir neste momento: os programas de governo.

A frase "afinal sempre havia escutas" é irónica. Não sobre o haver ou não escutas, mas sobre o que se escreve sobre o mesmo. Acho que se leres bem o texto o entendes. Não pretendo discutir crenças, essas são para cada um.

Nuno, obrigado pelos comentários, já respondi parcialmente no teu blog. Em resumo posso dizer que me escapou a ironia da tua frase e que acho que tens razão quanto ao papel de distracção que representou.
Quanto às "encomendas": penso que isto não tem a ver com crenças. Apenas revela que décadas de promiscuidade entre imprensa, assessores e políticos criou esta misturada em que provavelmente já se fazem estas coisas sem "notar".
Dizem os tipos do público e do expresso: o facto de determinadas fontes acreditarem em x é, em si mesmo, notícia. Mas se um tipo qualquer que é assessor resolver dizer uma mentira? Isto só não parece óbvio porque as pessoas estão já intoxicadas por uma campanha de degradação do governo. Já ninguém acha que é necessário verificar se a afirmação tem algum suporte. Se o sr. X diz em privado ao jornalista que "acha" que há escutas, o jornalista parte do princípio de que é verdade. Repara que ao pôr estas hipóteses, estou a ser brando para com os jornalistas, estou a chamar-lhes idiotas manipuláveis. Nem sequer estou a entrar por uma linha de acção mais dura e que também é legitima. Houve aí grande charivari contra o João Marcelino, só porque o sócrates o elogiou. Então e o JMFernandes? Não passa a via a positivamente engraxar o seu patrão Belmiro que detesta o Sócrates? Não é amigo pessoal de décadas do Pacheco e do Espada? Não é simpatizante óbvio do Cavaco e do PSD?
E os gajos do EXpresso? Não são empregados do Balsemão, lider do PSD?
Ao tratar os jornalistas do Público e do EXpresso de ineptos, estou a poupar de lhes chamar uma seita de corruptos e vendidos que participaram numa conspiração deliberada para prejudicar o Governo, no fundo a pergunta que fez o Joaquim Vieira.

Rui, está a meter em causa a independência dos jornalistas do expresso? Não sabe que a direcção de um órgão de comunicação não pode interferir no seu conteúdo editorial? Como pode dizer que as coisas são escritas, num jornal conceituado, a mando? Olhe que conheço jornalistas de vários jornais (incluindo o expresso) e posso-lhe dizer que não sofrem pressões desse tipo. Seguindo a sua linha de pensamento, iria por em causa a imparcialidade dos jornalistas do canal 1? Não alimente teorias da conspiração, nem de um lado nem de outro.

Sobre o caso das escutas em belém, eu tenho a minha crença, mas não irei fazer juízos de valor até a situação ser esclarecida. Tudo o que se falar neste momento é pura especulação, de um lado e de outro. Não vou alimentar esse tipo de "novelas", baseadas em meia verdade e percepções.

Como lhe respondi, no meu blog, todos os juízos que se façam do caso são apenas crenças e percepção, não são verdades absolutas. Sou da opinião que não devemos julgar o caso neste momento, pois ainda não temos elementos importantes para o fazermos. Sou também da opinião que este caso tem afastado as atenções o que realmente nos interessa: os programas de governo.

Respeito as percepções que as pessoas possam ter, mas não são verdades e temos de ter isso em conta. Nem tudo o que parece é e neste caso pode ir para qualquer um dos lados, não o sabemos.

Mas é bom que continuemos a escrever sobre os assuntos, é sinal que estamos atentos. Mais pessoas deviam de o fazer. A nossa participação é necessária.


Fica a resposta que lhe dei no meu blog:

Estimado Rui, todos temos as nossas cores partidárias, as nossas crenças e as nossas ideologias. Não pretendo escrever um blog de propaganda política, mas um blog imparcial e sem entrar em disputas partidárias, que apenas turvam o pensamento.

Se o senhor acredita que não houveram escutas, está no seu direito. Mas isso é apenas a sua percepção, não é uma realidade, por isso não a dê como certa, nem a tente impor no meu blog. Não quero um blog especulativo, mas apenas reflexivo.

Nuno, eu apenas tento reflectir sobre as informações de que disponho. Não sendo muitas, são as que a imprensa tem veiculado, rigorosamente mais nenhumas.
Não faço processos aos jornalistas do expresso ou a outros.
Mas julgo que estás deslocado na tua recusa em aceitares a possibilidade de os jornalistas andarem a mando. Tornou-se vulgar nos últimos tempos a convicção de que alguns meios de comunicação andam a mando. Quais? Sobretudo aqueles que têm tido uma abordagem mais cautelosa relativamente ao longo historial de acusações ao Primeiro Ministro. Basta ler e ouvir as declarações de notáveis do PSD que coincidem com a de muitos bloggers das várias esquerdas e de personagens como Manuela Moura Guedes e Eduardo Cintra Torres, nalguns casos, precisamente sobre a RTP1... e não vi nenhum movimento de solidariedade de jornalistas indignados com as acusações aos seus colegas ou contra faltas de deontologia... vi, quando muito, elogios pela "frontalidade"...
Relativamente ao caso em apreço, eu não digo em lado nenhum que alguém "manda" os jornalistas fazerem determinadas notícias no sentido estrito de alguém chegar ao pé de um jornalista e dar uma ordem.
O que eu digo é que a promiscuidade jornalistas, assessores (que geralmente são ou foram jornalistas) e políticos propicia o aparecimento de determinadas notícias.
No caso do público, o processo foi descrito de uma forma muito detalhada pelo Provedor dos leitores. No caso do expresso, o meu choque resulta de insistirem na tecla das "fontes", dão destaque a uma matéria sobre a qual não dispõem aparentemente de dados novos e lançam mais achas para a fogueira de forma que seria meramente gratuita se não estivessemos no momento em que estamos. O que é patente que o expresso foi fazer, foi perguntar aos seus contactos, não foi vasculhar documentos, não arranjou nenhuma "cacha", não diz nada que se possa considerar como informação independente. É mera opinião ou repetição de opiniões. Na realidade, o expresso, sem acrescentar nada ao que já se sabe, que em Belém se acredita que "alguém" fez escutas mas aparentemente não apresenta provas disso, apenas veio repetir insinuações para a primeira página sem acrescentar nada de novo. EStamos em pleno domínio das teorias à Octávio e do seu célebre "vocês sabem de quem eu falo". As ilações que tiro destes factos são obviamente falíveis, não as quero impor a ninguém como verdades.
Quem alimenta teorias da conspiração é quem divulga insinuações e "impressões" como factos. Podem ser considerados factos, sim, o que sucede é que o tratamento jornalistico que tem havido é muito fraco.
Ainda sobre a independência, e sem querer beliscar os jornalistas e já que conheces bastantes jornalistas, pergunta-lhes a justificação do ponto de vista da independência da prática dos artigos elogiosos para determinadas empresas apresentados como investigação jornalistica independente sem menção de se trata de publicidade, a troco de páginas de publicidade.

for the record, deixo também aqui o comentário que deixei no teu blog em resposta ao que reproduziste no final do teu último comentário aqui:
Nuno, eu não tento impor nada no teu blog. apenas posso dar opiniões e na medida em que a caixa de comentários esteja aberta.
Se queres reflectir sobre o tema, e não especular, não me parece correcto transportares a questão para o domínio da crença. Eu não acredito nem deixo de acreditar que há escutas. avalio os dados que me são fornecidos. e os dados que me são fornecidos não me permitem (julgo que não permitem a ninguém, mas isso é que já é opinião minha...) concluir da existência de escutas ou da (hipotética, ou teórica) ausência delas. Os dados de que disponho, provenientes da leitura dos jornais, apenas me permitem concluir que há pessoas ligadas à presidência da república que "acreditam" que há escutas. Nada mais.

Rui, a relação próxima entre jornalistas e as suas fontes (neste caso assessores de imprensa) é perfeitamente normal. Não se trata de fazer favores, tratam-se de relações de confiança, que nenhuma das partes se interessa em por em causa, pois beneficiam da mesma no longo prazo. Não é por haver confiança com os assessores que pode meter em causa a credibilidade do jornalista. Até porque as manipulações mediáticas não são feitas no que é dito, mas na forma como é dito: o conteúdo está lá, mas é dado relevo e um determina tom ao artigo. É muito interessante fazer uma análise de conteúdo sobre duas notícias sobre o mesmo tema, pois chegamos a conclusões muito interessantes.

Resumindo, não considero a relação assessor/jornalista algo "mau", porque se a relação passar os limites das boas práticas relacionais, no longo prazo irá ser prejudicial para ambos.

Concordo que o tratamento jornalístico tem sido fraco. Não por transformar insinuações em factos, mas pelo mau timming sobre o assunto. Quando um jornal levanta as questões que foram levantadas, nada melhor do que um esclarecimento do intervenientes sobre o caso (neste caso Cavaco Silva). Enquanto isso não acontecer, boatos, teorias e crenças continuaram a prevalecer, podendo alterar gravemente o decorrer das eleições.

O melhor teria sido os jornais não alimentarem o caso até às eleições, deixando a população concentrar-se nos programas. Não tendo isso acontecido, o melhor seria acabar com isto através de um esclarecimento. Não tendo acontecido, resta a posição que pretendi expor no meu blog, que é a de que este assunto está a ocupar o espaço que devia ser usado para analisar os programas de governo, para se escolher um programa de governo e não se escolher fofocas, crenças ou teorias.

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resposta do meu blog:

Rui, como disse anteriormente não transportei nada para o domínio da crença. O post original foi uma ironia sobre a agenda mediática.

Quanto ao caso, o melhor é esperar que Cavaco Silva fale sobre o tema. Até lá, não existem certezas, apenas crenças e teorias da conspiração, que eu considero não ser de bom tom alimentar-se, num momento em que o país deve estar mobilizado para o voto e reflexão sobre os programas de governo. O resto são distracções.

Caro Nuno, a relação entre os vários intervenientes não é, por definição, má. Mas é uma linha muito estreita de onde se pode escorregar com muita facilidade, como parece ser este caso.
O facto de se transformarem insinuações em factos não será grave na imprensa desportiva ou na cor de rosa. No chamado jornalismo de referência, parece-me grave.
Também não concordo que os jornais devessem ter esperado pelo fim das eleições caso tivessem factos.
Como o jornal que iniciou o processo em Agosto não os tinha, deveria ter esperado até obter dados concretos. Porque é que escolheu esse timing?
Só eles poderão responder. A questão é que o Sócrates tentou minimizar a questão, mas, na altura, como vem sendo hábito, isto foi tomado como fraqueza e quase se tentou forçar o PM a "desmentir" ou a provar "que não"...
E o que dizer da última capa do circunspecto Expresso? "Inocente"? "Independente"? Bom, aqui estamos no dominio do subjectivo. Aceite-se. Não se pode é, dada a génese e evolução deste caso, pretender ser "imparcial" ao tentar assacar o mesmo nivel de responsabilização a todos os envolvidos (por acção, ou por serem visados) pelo facto de o caso ter secundarizado outros temas em campanha. Quem é que lançou este caso em Agosto e tentou animá-lo? Esse quem é que é o responsável. Não misturemos as coisas numa avaliação "pseudo salomónica".
Neste momento só vejo uma fofoca:
a pretensa notícia de que o presidente acredita que há escutas
Uma crença: há escutas
Uma teoria: as escutas foram ordenadas pelo governo no âmbito de uma campanha negra de acabar com a liberdade de expressão.
Parece-me que as bolas saem todas do mesmo saco. Todo o sistema, fofoca-crença-teoria está desmontado como tal enquanto não for apresentado um facto. Ora eu acho incompreensível que quem lança uma fofoca, afirma uma crença e espalhe uma teoria em campanha eleitoral, seja incapaz de apresentar UM facto, a pretexto de nos encontrarmos em campanha.

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