Agarra-te ao e-mail que pode ser que flutues
Um aspecto secundário do caso das escutas, a divulgação de um e-mail interno de um jornal torna-se o aspecto principal da questão, esquecendo-se que o essencial é isto:
1 - Um assessor da Presidência da República manda investigar o Governo
2 - Um assessor da Presidência da República sugere linhas de investigação
3 - Incluindo que se fizesse crer que o início da investigação provinha da Madeira...
4 - O Público alinha no esquema sem sequer se lembrar que já poderia ser notícia o facto de um assessor da Presidência da República aparecer com dossiers sobre um personagem próximo do Governo, e querer atribuir ao Governo Regional da Madeira a responsabilidade por uma investigação.
5 - Esta atitude compaginava o comportamento de um órgão de comunicação "independente do Governo"...
4- Um jornalista percebe rapidamente que o esquema não tem pernas para andar
5- Passados quase dois anos, por insistência do mesmo personagem, o Público, sem quaisquer dados que permitissem corroborar dessas suspeitas, ocultando o facto de o seu jornalista que iniciara a investigação estar convencido da sua falta de fundamento
6 - Ninguém desmente estes factos, limitando-se o jornalista que inicialmente foi contactado e o director do Público a dar justificações atabalhoadas.
7 - Sendo assim parece provado que um assessor próximo do PR, literalmente encomendou uma notícia ao Público.
Perante isto, a imprensa mais sisuda prefere "guardar distância", até porque, a "intoxicação" até pode vir de São Bento....
Fica-se sem se perceber nesta fase do campeonato, porque é que a intoxicação "até" pode vir de São Bento, ou mesmo, porque é que, não vindo de Belém, SÓ pode vir de São Bento.
Porque não de outro lado qualquer?
É com esta cautela que tem procedido a imprensa sisuda relativamente a outros casos recentes que têm agitado a opinião pública?
E assim se chega ao paradoxo de meios de comunicação passarem da divulgação fácil de suposições, à recusa em tirar consequências dos factos conhecidos porque como hipótese teórica, não suportada por nenhum dado, o culpado "pode ser outro"...
A isto se chama isenção jornalística. Ou estupidez?