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sábado, outubro 31, 2009 

O estranho caso de António Vilarigues

Leio, poucos meses depois do abalo de "The whisperers" de Orlando Figues, e fico um bocadinho perplexo:
1 - Parece que a natureza “profundamente conservadora” de Zemskov garante a fiabilidade do estudo (deste, pelo menos...).
2 - Porque é que esta versão dos factos é inequivocamente superior às anteriores?
3 - Apenas 4 milhões de vítimas garante que as coisas, afinal, "não eram assim tão más"? Que se vivia mesmo num quase paraíso?
4 - “reprimidos” entre aspas significa o quê? E “apenas” 800 mil fuzilados?
5 - Quantos ocupantes houve no Tarrafal (1) ? E fuzilados? São números que resgatam o fascismo do seu carácter asqueroso? Ou teria bastado um de cada para o confirmar?
6 - Em que é que esta versão alterou a visão que o autor já tinha do caso? Quero dizer, quais os limites inferiores do “detonador” da “bomba atómica”?
7- António Vilarigues esperaria que a imprensa se deveria interessar por este caso de revisão para baixo do número de vítimas estimadas do Gulag para DIZER BEM de um regime que "apenas" terá fuzilado 800 mil presos políticos?
7 - Bomba atómica ou nem tanto. Haver no séc.XXI quem nos alerte para os “horrores” do sistema actual e se sinta aliviado por hipoteticamente terem havido “apenas” 4 milhões de ocupantes do Gulag.
Chocante.

(1) Quanto à mortalidade do Tarrafal, também altíssima, atingiu 10% (32 ou 33) dos 333 prisioneiros que ali foram encarcerados, entre 1936 e 1954. Excerto de Irene Pimentel "Alguns dados sobre o campo de concentração do Tarrafal (1) no blog Caminhos da Memória. Nenhum foi, ao que parece, fuzilado.
nota : Com algumas adaptações este foi o comentário que deixei no artigo do Público.
O comentário surgiu, por qualquer razão técnica assinado como "anónimo". Fiz um segundo comentário a corrigir isso mas por qualquer razão técnica não foi publicado.