O Estado de Sítio
A exigência de retratação feita por um representante do PSD ao Ministro da Economia por se ter pronunciado sobre o caso das escutas, resume o presente estado de coisas:
O Primeiro Ministro é acusado nos jornais, isolada ou cumulativamente, de várias coisas:
- cumplicidade (se não mesmo ligação directa ) no caso Face Oculta;
- tráfico de influências;
- tentativa de conspiração relacionada com o controle de grupos de comunicação social;
Estas acusações são fundamentadas em escutas a telefonemas que um dos arguidos do caso Face Oculta terá tido com o Primeiro Ministro e cujo conteúdo, embora virtualmente em "segredo de justiça", foi, como habitualmente, passado para a imprensa, mesmo a mais séria, sem se notar qualquer reflexo dos recentes escrúpulos "éticos" ou outros acerca da divulgação de comunicações "privadas".
Sem se preocupar com um fenómeno recorrente, que é a ilegalidade do conteúdo de escutas supostamente em segredo de justiça ser sistematicamente passado para os jornais, o que por si só, já deveria há bastante tempo ter alertado os responsáveis pela justiça portuguesa para a leviandade com que o assunto é tratado por pessoas que manifestamente não têm credibilidade para lidar com "segredos", a líder do PSD, literalmente sem ideia do que há-de dizer sobre a vida política do País, "exige" que o Primeiro Ministro "clarifique" algo que não tem nada que justificar.
Mas quando alguém, comenta o caso sem ser para atacar o Primeiro Ministro, deverá ser, no entender da cabecinha pensadora do PSD, obrigado a retratar-se...
E porquê? Ora, é óbvio! Então não é que o processo está em "segredo de justiça"?
Pois...