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sábado, novembro 14, 2009 

Sem pachola

Um dos assuntos importantes do momento é a questão do "casamento dos homossexuais".
Há causas que nos movem mais, outras menos.
Esta é uma questão que compreendo e aceito mas que não me emociona particularmente.
Nunca concebi outra coisa que não seja viver, se se "vive" com alguém, em "união de facto", estando-me nas tintas para a necessidade de encontrar uma designação para "a relação", e ainda mais para a sua legalização. Quer perante Deus, criatura inexistente, quer perante os homens, pata que os pôs, metam-se na sua vidinha.
Aliás, estou-me nas tintas para o próprio conceito de "união de facto", que não passa de uma forma de normalizar e enquadrar algo que pertence ao reduto mais único e individualista de cada um de nós, pelo menos, de mim.
De forma que o facto de alguns homossexuais necessitarem de se casar, e outros, mesmo que não sintam essa necessidade, acharem que devem ter esse "direito" por "uma questão de princípios", é algo a que não posso nem quero de todo opôr-me, mas em que também não me interessa ter mais intervenção do que a que resulta de ter votado num partido que tem no seu programa de governo a resolução desse candente problema. E esse partido ganhou as eleições...
Que os oponentes do casamento homossexual me venham com as desculpas mais imbecis é que já me chateia um bocado.
Já me chateia um bocado aturar a hipocrisia do pessoal que se está nas tintas para o caso mas que se casa para dar o golpe do baú à lista de casamento ou para regularizar os impostos e me vem com conversas da treta sobre os "princípios" ou a "definição" de "casamento".
Já me chateia um bocado a conversa homofóbica e a cheirar a bafio de sacristia, ainda que nalguns casos a sacristia seja laica, perversamente preocupada com questões de merda que nada têm a ver com o caso, como o suposto "incentivo à pedofilia" e à "bestialidade", quiçá a abertura das portas à possibilidade, vejam lá, da concretização dos sonhos húmidos de tanto hipócrita como a poligamia e a poliandria.
Enfim, pretextos para a manipulação mórbida de assuntos pretensamente tabus, à custa dos homossexuais. Tirem-me desse filme.