Favorite corner
Passo frequentemente por aqui a pé, a caminho do trabalho, por vezes congeminando posts brilhantes e arrasadores e definitivos no blog que corre permanentemente pela minha cabeça, com multimédia variegada e comentários e tudo.
O sítio não tem aparentemente nada de especial, prédios de "pato bravo" decadentes num trecho de rua estreita, quase permanentemente na sombra a partir dos primeiros alvores, insinuam-se o abandono e a ruína, escorrem humidades pelas paredes, cresce, nalguns sítios, o musgo...
Excepto que dele emana uma certa densidade psicogeográfica que me atrai e faz dele, não sei bem porquê, um dos meus conjuntos favoritos da cidade.
Um dia destes, dispensando petições da Ordem dos Arquitectos, será irremediavelmente siderado para dar lugar a um mamarracho ao estilo dos actuais prémios Valmor, aberrações forradas a granito rosa capazes de ressuscitar o próprio Visconde, para que ele se possa suicidar honradamente e em paz como reparação simbólica das barbaridades que se têm homenageado em seu nome e que literalmente o comeram por dentro, apenas deixando uma carcaça desfigurada, metáfora cruel das "reabilitações" costumeiras naquela zona.