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sexta-feira, novembro 05, 2010 

A cabeça fria, vale tudo menos tirar olhos para vender papel, ou : quem é que ganha com isto?

Recebi hoje de manhã, com pânico, as notícias veiculadas por vários meios de comunicação de que o FMI diz que a falência de Portugal é quase certa.
Verifiquei depois que a notícia se baseou num artigo ontem publicado no i-online, intitulado "FMI lamenta falência "quase certa" de Portugal".
O artigo seria baseado num relatório do FMI intitulado "Fiscal Monitor"  recentemente publicado (também em pdf que pode descarregar-se, livremente, da net).
Como já sei do que o "nosso" "jornalismo" gasta, fui à procura do tal relatório do FMI, por me parecer absurdo que o FMI, por muito tenebrosa que seja a sua imagem, declarasse assim a "falência" de Portugal, pelo simples facto de a anunciar na presente conjuntura.
Eis  o excerto da página 30 do tal relatório, que inspirou a notícia:

"Market views on fiscal developments, as reflected in bond yields and spreads, are becoming more polarized. Yields have declined in countries regarded as safe, or at least safer, havens, while they have increased (and spreads have widened) for a few countries that are considered to be more at risk. This increased polarization does not seem to reflect changes in fiscal fundamentals, but rather a global shift in market sentiment. In the case of emerging markets, strong fundamentals, combined with search for returns, have continued to support buoyant capital inflows, leading to declines in sovereign bond yields.

Increased pessimism has affected some euro area countries. Sentiment stabilized in May–June in countries under market pressure (Greece, Ireland, Portugal) with the creation of the European Financial Stability Facility (EFSF), actions by the European Central Bank (ECB) under the Securities Markets Program (SMP), and the launch of Greece’s program supported by EU-IMF financing. However, investor concerns have reemerged more recently (Figure 2.7a). This is despite the fiscal outlook in Greece and Portugal improving at a faster-than-expected rate. Indeed, some market analysis regards a credit event in some advanced countries as almost certain "

Uma coisa é estarmos habituados à linguagem eufemistica do FMI que esconde geralmente perspectivas sinistras sob palavras mansas, muito bem ponderadas.
Outra é tirarmos conclusões sensacionalistas que não sendo sequer rigorosamente objectivas, mas sim ilações abusivas, não se atinge que espécie de propósito podem servir para além de ajudarem a lançar pânicos e boatos, e, talvez, vender (a muito curto prazo) jornais e audiências. Há ainda a hipótese, bastante plausível, de o jornalista que assina o artigo, e os que o copiaram, não perceberem bem o que estavam a ler e acharam que "não interessa, é parecido"...
Tentando uma leitura objectiva, o que se diz é que a situação em Portugal e a Grécia está a melhorar a um ritmo superior ao antecipado, mas ALGUMAS análises de mercado vêem como certo o que designam como "credit event", isto é, uma situação de incumprimento da dívida num dos "países avançados". Sem especificar Portugal, embora seja perceptível, dados os "eventos" dos últimos dias, que Portugal seja um dos alvos dessas "análises".
Por outro lado, não vi rigorosamente nenhum "lamento" do FMI.

rui não escrevas tanto foda-se quando é que vamos visitar o cid?

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