A Greve
Na semana passada tivemos uma Greve Geral em Portugal, algo que há muito se não via.
Segundo os Sindicatos, cerca de três milhões de pessoas fizeram greve.
Na situação clássica de greve geral, estaríamos neste momento a atravessar uma convulsão social pré- revolucionária. Já para não falar no facto de as sondagens darem uns astronómicos vinte por cento de intenções de voto ao pacote PC/BE. A esquerda "revolucionária"...
Com greves gerais envolvendo quase metade da população e um quinto de intenções de votos, o que não faria um Lenine? Se praticamente sem ninguém desencadeou Outubro...
Na realidade, no dia seguinte, nada se passou nas ruas. Voltou tudo ao rame rame, incluindo as habituais contabilidades dos números certos de grevistas, matéria que apenas por ser assunto de minuciosas elaborações por parte de Governo e Sindicatos demonstra a absouta irrelevância de tudo isto.
Isto, é a Greve Geral e os seus objectivos.
Ok, é um legítimo direito dos trabalhadores, conquistado com sangue, é um direito fundamental da democracia.
Mas esta Greve Geral provou que há pelo menos três milhões de pessoas ( a acreditar nos Sindicatos) que estão lixadas com o Governo. E depois?
O que se alcançou? Que objectivos pretendia?
"Mostrar" o descontentamento?
Santa Paciência, será que algum dia vamos poder reflectir com honestidade sobre as prioridades políticas da actualidade a partir de uma análise da actualidade?
Ou vamos continuar na ilusão de que vivemos nos tempos heróicos do século dezanove?