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terça-feira, janeiro 24, 2006 

A vingança de Zeca Afonso

O apoio do Presidente da Câmara de Grândola a Cavaco fez furor na campanha eleitoral, por se tratar de um independente eleito nas listas do PS.
Chegou-se às raias do sururu quando num dos momentos mais discutidos da campanha eleitoral, o dinâmico autarca conseguiu pôr o hirto professor a fazer um atroz karaoke do "Grândola vila morena" para chock and awe de alguns melómanos mais sensíveis.
Como a política já não é o que foi, a expressiva independência do autarca foi recompensada pelo governo PS a uma semana das eleições, com a presença do Primeiro Ministro, os ministros do ambiente e da economia e o Secretário de Estado do Turismo numa herdade em Melides, para apresentação de dois projectos turísticos para a zona.
O Presidente da Câmara fez então as honras da casa e recebeu rasgados elogios do líder do PS.
Tendo Carlos Beato conquistado com facilidade o segundo mandato autárquico, apoiado em pleno pelo PS e com uma oposição do PSD do tipo "quem cala consente", dir-se-ia que Cavaco tinha assegurada uma vitória tranquila em Grândola.

Se o próprio Presidente da Câmara se virava para ele, que outro indício mais forte se esperaria da vontade do eleitorado em "castigar o governo"? Era só malhar enquanto o ferro estava quente.
Por outro lado, o Presidente da Câmara, ao apostar no cavalo certo enquanto deixava que se afundassem os candidatos da área do partido que o apoiou nas autárquicas, sairia reforçado e livre de impor mais condições ao escolher o sponsor de uma futura recandidatura.
Tiraram-se lições inolvidáveis:
Atingido por um pontapé nos tomates pelo fantasma do Zeca, Cavaco teve em Grândola uma das suas poucas derrotas e Jerónimo e o PC tiveram a satisfação de vencer na vila morena.
Carlos ficou certamente encavacado ao perceber que o PS é de longe a força mais forte no concelho, com Beato ou sem Beato.