Trabalhar de borla
O caso que motivou Karl Marx a escrever "Herr Vogt" é um antecedente histórico emblemático de um fenómeno recorrente na actualidade:
Há opinion makers, bloggers e jornalistas que só por uma grande estupidez da sua parte não estão no "pay roll" de certas organizações de espiões.
Outros certamente que o estarão.
O servilismo mascarado com uma pose de arrogância e erudição de vendedores de máquinas de lavar roupa com que repetem argumentos nauseabundos embrulhados em protestos de "independência" e objectividade baseadas "rigorosamente" em "factos" apresentam a sua verdadeira face quando, normalmente passado algum tempo, se começam a conhecer os meandros de determinados "factos políticos".
Vem isto a propósito de um artigo do Economist sobre um livro recentemente publicado por um antigo dirigente do Mossad.
Entre outras histórias, conta-se a do lançamento por essa organização da ideia do "Arafat impróprio para consumo", "sem credibilidade", "incapaz de representar os palestinianos" e a precisar de ser substituído por um dirigente mais capaz.
Eis uma interessante passagem do artigo :
Em resumo, o estupendo bastião do jornalismo que é o Economist, indefectível apoiante da barbárie desde que seja praticada pelos israelitas, achou boa a ideia de correr com o Arafat apesar de o discurso do Bush "parecer" ter sido escrito pelo Sharon.
Agora reconhece, sem qualquer sombra de problema de consciência aliás, que foi uma orquestração do Mossad.
Mas para as correias de transmissão que nas colunas de opinião e nos blogs papaguearam durante meses entusiasticamente esta teoria, quem tivesse dito que Bush estava a fazer um frete ao ocupante israelita era "anti-americano".
Isto claro, são factos passados... mais para a frente saber-se-ão mais aventuras dignificantes da boa colaboração entre israel e os americanos no presente para edificação dos seus diligentes propagandistas.
Conhecer estes factos é no entanto pouco mais do que curiosidade diletante.
Um pouco de bom senso indica-nos que não podemos esperar que do "antes" os tais propagandistas (falo dos ingénuos, porque os funcionários a soldo têem o seu papel a desempenhar como bons profissionais) tirem as devidas ilações para analisarem o "agora" ou o "depois".