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domingo, maio 28, 2006 

Aos papéis

A propósito de um seu projecto, um conhecido arquitecto criticava há pouco na televisão o horror que são as casas com varandas, caixilhos, e beirados "tradicionais".
É uma luta antiga deste arquitecto, que já o levou em tempos a defender a "criatividade" presente na aberração urbanística que são os arredores das grandes cidades.
Houvem-se estes discursos e preparamo-nos para a eventualidade de o arquitecto (este e os que perfilham deste tipo de "abordagem") nos começar a explicar como descobriu algo de radicalmente novo na arte de criar espaços habitáveis.
Algo que desafie a lei da gravidade, uma casa em que se ande em plano inclinado e onde seja possível passear pelo tecto sem as coisas cairem, algo diferente, em suma, do atroz maneirismo pseudo vanguardista em que as fachadas das casas, resultado de exercícios pueris e egotistas de arquitectos ansiosos por proclamarem ao mundo a sua recente descoberta dos princípios básicos da geometria descritiva, "fingem" que estas são tortas por dentro.
Adiantou então o arquitecto, que uma casa que projectou recentemente é redonda porque desde a anriguidade que o homem vive ( alguns homens certamente, eu francamente nunca vivi em nenhuma, e não conheço ninguém – tirando talvez o referido arquitecto- que tenha passado por essa experiência) em casas redondas, ainda hoje o faz em regiões remotas do planeta.
Rejeitando modelos que resultaram de uma evolução histórica de muitos séculos, o arquitecto, em nome da modernidade, recupera assim um modelo ainda mais antigo, ou no mínimo associado à precaridade de meios e ao isolamento geográfico, só que, desta vez, em betão e vidro.
Resta esclarecer o que é que isto tem de moderno, para além desta mania contemporânea de cada um arranjar explicações e teorias trinca na pêra possiveis de serem apresentadas como factos comprovados numa passagem de vinte segundos num programa de televisão .

tu não me digas que não sabias que o Graça tinha sido moleiro...

";O)

beijoca

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