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sábado, julho 29, 2006 

A caminho da Califórnia

O "estilo israelita" de resolução de problemas, tão idolatrado por aqueles que adoram o Dirty Harry e soluções expeditas, irá provavelmente conduzi-los de vitória em vitória à destruição final, arriscando-nos nós, já actualmente reféns de Israel por via da transformação do grupo que controla o poder político nos Estados Unidos em títere da chefia israelita, a ser arrastados na onda.
Até lá, os políticos tão ansiosos por uma intervenção europeia, habitualmente tão preocupados com déficites, vão ter de fazer bem as contas todas de uma estúpida presença militar no Médio Oriente.
Americanos e israelitas cozinharam esta situação, desprezam a ONU e a Europa, mas não descansarão enquanto nos não meterem também no atoleiro, porque já perceberam que sózinhos não vão a lado nenhum e uma Europa em paz não lhes traz beneficios nenhums, pelo contrário.
Espero sem muitas ilusões que mais uma vez prevaleça a "impotência europeia", a da "velha europa" que o sr Rumsfeld gosta de comparar com a Líbia, e a aventura se limite aos ingleses e polacos do costume, com o tempero provável de alguns alemães.
Em certa medida, esta revisitação dessas páginas muito negras, entende-se como uma tentativa de retribuição por feridas profundas que nunca foram cicatrizadas.
Como a memória das pessoas é extremamente curta, convém relembrar algumas semelhanças desta situação com a fase final do colonialismo.
Nessa altura, os poderes políticos de países como a França, Portugal e Estados Unidos, fiados numa muito superior capacidade militar, pensaram poder resolver as situações de revolta nas suas colónias, "com mão dura", deixando aos militares as mãos livres para acabar com "o terrorismo" com quem, por definição, não se negociava.
Os resultados trágicos estão bem documentados, salvo para alguns alucinados que persistem em manter que "os militares tinham a situação completamente controlada" e querem experimentar outra vez. As sequelas ainda estão aí, mas eles querem mais.
Não percebem que a tecnologia ainda não é capaz de domar com a força e a arrogância populações de milhões de pessoas dispostas a tudo.
Não percebem porque não lhes custa nada despejar bombas a la gardére sobre gente indefesa pensando que mais tarde ou mais cedo, alguma coisa lhes vai rebentar na mão, ou no autocarro, ou na escola, ou no metro. São eles os verdadeiros cobardes.
A única forma de controlar essas pessoas, a forma moderna que está à vista nas nossas sociedades em que a luta de classes e a contestação se reduziu a pouco mais do que zero, por muito estranho que isso pareça na situação actual, é pela persuasão.
Se se quiser usar uma linguagem crua, é pela "corrupção moral ou outra", pela "disseminação do consumismo" e pela "assimilação cultural", justamente as maiores vantagens do capitalismo, mas das quais, estranhamente os seus maiores defensores parecem duvidar.
Tal como a "solução militar", de resto, tudo isto custa tempo e dinheiro.
E algum espírito visionário.
Mas não é preciso pensar muito tempo para perceber qual solução oferece mais lucros imediatos à industria militar e às companhias petrolíferas.