Escolhas
No seu artigo de hoje no Público, Constança Cunha e Sá, faz-se eco de uma preocupação muito habitual:
"É verdade que a indignação perante a morte de "civis inocentes" é selectiva. Se estes tiverem o azar de viver na Tchetchénia, no Ruanda ou na Somália podem morrer aos milhões perante a indiferença da comunidade internacional. Se, em contrapartida, forem atingidos por tropas israelitas ou americanas, o caso muda de figura e o horror pela "destruição cega e gratuita" atinge proporções universais", escreve.
Há nesta versão do célebre chavão dos "dois pesos e duas medidas", vinda de quem detesta o "políticamente correcto" algo que não bate bem:
É que a aplicação do princípio da "guerra como continuação da política por outros meios" que justifica as acções israelitas, ( objecto do artigo de Constança), tem igual cabimento no caso da Tchetchénia, por exemplo, onde a Rússia cumprindo o seu papel na "Guerra ao terror" global, actua com total impunidade e barbárie.
Quererá isto então dizer que os criminosos de guerra de Moscovo deveriam ser mais denunciados? E porquê? Por fazerem a política por outros meios?
Para que os americanos vetassem quaisquer críticas em nome da sacrossanta guerra ao terror?
Ou será que no caso dos massacres russos no Cáucaso, por qualquer misteriosa razão Constança já vai em telenovelas e supõe que os americanos ou outros teriam legitimidade ou razões para condenar os russos?
Resumindo: o que é que se ganharia com isso?