« Home | Elementos de Estudo (IV) » | 26 já era » | O nosso futuro biotecnológico » | Elementos de Estudo (III) » | Elementos de Estudo (II) » | Elementos de estudo (I) » | Credibilidade ao pacote » | Um tirano é um tirano é um tirano » | Revista » | Bravos Polacos » 

sábado, setembro 29, 2007 

Rentrée

O especialista do espectáculo deu espectáculo ao subverter as regras da informação/ espectáculo.
Tanto bastou para que o País se solidarizasse com ele, correndo o risco de o iludir com perspectivas de um "renascimento".

Na realidade, Santana Lopes interpretou o sentimento de parte da população farta da grosseria e dos abusos dos media. Saltou-lhe e muito bem, a tampa, para gáudio instantâneo e generalizado de muitos dos que não imaginam e menos querem saber que espécie de opiniões ele terá quanto ao problema PSD ou outros.
São, convenhamos, uma ínfima minoria no universo dos espectadores de televisão, mas não gostaram de ver o programa interrompido com um fait divers sem interesse nenhum.
Mesmo que a combinação Santana/problemas do PSD seja tão irrelevante quanto a chegada do Mourinho ou outra qualquer pessoa ao aeroporto, e mesmo sabendo a que ponto se chegou na espectacularização ( num sentido literal) da informação, de que é indício nauseante o estilo gráfico d'o "jornal de referência" sobrecarregado de ruído visual emulando toscamente o dinamismo histérico da linguagem televisiva, não custa admitir que "é demais" e que Santana interpretou a "Voz do Povo".

Intrigante, só o apoio dado a esta pequena "revolta" por pessoas que persistentemente têm teorizado ao longo dos últimos anos sobre os "direitos soberanos" da "liberdade de informação" e dos "direitos dos consumidores", significando com isto que deve ser "o mercado" a determinar o conteúdo da informação, e não o que classificam como meia dúzia de "iluminados".

Para essas pessoas, quem questiona essa realidade, seja por moralismo lamecha e retrógrado, seja por uma noção centralista e manipulatória da "cultura", revela um desejo de "controle" ilegítimo e de raiz vanguardista e totalitária.

Se as pessoas estão ávidas por saber detalhes do Mourinho, em nome de quem e de que princípios é que uma televisão as pode "privar" dessa "informação" quando isso se reflecte nas audiências e nas performances exigidas pelos anunciantes, apenas porque meia dúzia de "intelectuais" "bem pensantes" dos verberados numa patética crónica de glorificação ao Mourinho publicada recentemente, se obstina por dever profissional ou mania em assistir a uma conversa ininteligível?

Dizem que a direcção de informação da Sic Notícias "não percebeu nada", mas é ao contrário, percebeu muito bem, a indignação que essas pessoas agora exibem é apenas o cuspo que atiraram para o ar a bater-lhes na cara.