Tal e Qual
No meio da excitação causada pela bofetada de luva branca dada pelo Santana aos media personificados pela atarantada Ana Lourenço, e não custando adivinhar que o gimmick "o País está doido" será matraqueado durante as próximas semanas até à náusea em miríades de crónicas, assistiu-se num dos últimos dias a um outro acontecimento pesado de significados.
Acabou o Tal & Qual.
Vi uma reportagem num noticiário televisivo qualquer.
Uma jornalista dizia para as câmaras com um ar resignado qualquer coisa como isto: os trabalhadores do jornal, incluindo os seus jornalistas ficaram "muito surpreendidos porque não estavam à espera ...".
Tal qual. Em casa de ferreiro, espeto de pau.
Os furibundos jornalistas que se prestam ao trabalho de dar a cara pela face mais odiosa dos media, os ferrabrazes que dão corpo ao temível "poder dos media" correndo como enxames, atropelando-se atrás de "casos" cujo "interesse público" se manifesta pela presença das suas hordas numa agitação que por um lado repugna mas por outro mete dó e faz vergonha, são afinal uma massa desgarrada que é mandada para o desemprego de um dia para o outro com um mínimo de justificações e sem qualquer reacção.
Não foi para eles, sequer, notícia de interesse o facto se alguém se preparar para os pôr na rua...
Não souberam de nada...
E bastou uma decisão de um concelho de administração.
Não está a "justificar" o investimento, fecha, é normal, papalvos para a rua.
Este sim, é que é o "poder dos media".
Ninguém protestou, ninguém disse nada. Os fundadores "tiveram pena" e contaram umas histórias curiosas dos primórdios, há quase três décadas atrás.
Ui! Se ao menos tivesse sido o Chavez a mandar encerrar o jornal com um pretexto qualquer...
Aí sim, ter-se-ia assistido a belas demonstrações declarando "sagrada" a liberdade de informação.
Assim, resta-nos perceber qual é o sentido com que normalmente se usam os conceitos de "liberdade" e "liberdade de informação".