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domingo, maio 18, 2008 

Roleta

Há dias, alguém procedeu a um pequeno acto de desobidiência civil na Freguesia da Pena, roubando um sinal de estacionamento proibido no topo da Calçada de Santana.
Quando a Polícia Municipal veio com o reboque, não tinha legitimidade para actuar e teve de voltar para trás ir buscar outro sinal.
O problema do estacionamento em Lisboa tornou-se irresolúvel e a actuação da Policia Municipal tornou-se numa total arbitrariedade.
O pretexto é o combate ao estacionamento selvagem, mas a acção da polícia não é uma acção programada. É uma lotaria que decorre diariamente sem qualquer objectivo confessável. Hoje rebocamos aqui, amanhã rebocamos acolá.
Há ruas onde durante anos estacionam carros sem incomodar ninguém, apesar dos sinais de proibição, eles próprios em muitos casos distribuidos arbitrariamente e totalmente desajustados às condições actuais onde cabem abusos como estacionamentos em cima de passadeiras de peões, em cima de passeios, bloqueando saídas de prédios, em segunda fila.
Um dia vem o reboque e leva dezenas de carros, independentemente do prejuízo objectivo que estejam a causar à fluidez do trânsito ou à mobilidade dos peões.
Passadas algumas horas, rebocado o último carro, novos carros ocuparão de novo o local. É como nada se tivesse passado. Tudo se "normalizará" até que daqui a uns meses ou anos, de acordo com umas quaisquer regras esotéricas, o reboque regressará.
Os critérios de actuação, dada a dimensão do estacionamento em locais assinalados como proibidos, poderiam ao menos ter em conta a fluidez do tráfego automóvel ou dos peões.
Mas por vezes parece que ao contrário. Procuram-se sim os locais onde é mais fácil "trabalhar", isto é, locais que não chateiam ninguém e que o bom senso diria que se deviria permitir estacionar, mas porque não incomodam ninguém e a largura da via facilita a manobra do reboque
Não existe nenhum plano, há apenas um objectivo, e esse é inconfessável. Fazer receitas de acordo com quotas de "produtividade". Não tendo directamente que ver com a polícia, o recente episódio da ASAE é revelador sobre a forma como são geridos estes organismos.
Com este sistema a polícia que se queixa do "desprestígio" perante o cidadão comum abdica de exercer qualquer papel de referência na aplicação das leis, torna-se sim, mais um factor de assédio. Porventura mais benigno do que o aconteceria se a actividade de fiscalização do trânsito na cidade fosse privatizada, mas ainda assim um factor de assédio.

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Amanhã envio-te umas fotos que ilustram este post perfeitamente.

38°46'23.60"N
9° 5'52.96"W

Os carros a oeste são rebocados de mês em mês (operação limpa e fácil). Os a leste, que estão sempre a empatar mais o transito, destruir passeios, etc. nunca são rebocados. De vez em quando há um maluco que lhes esvazia os pneus.

O pior é que é típico cá em Portugal as grandes operações, um bocado aleatórias, onde é mais fácil fazê-las. é assim o combate ao tráfico de droga, mas também é assim a programação cultural (grandes eventos versus programação continuada e constante). Até na estrada somos assim, 200 à hora de semáforo a semáforo e depois 5 minutos parados à espera que fique verde, depois 200 à hora até ao lugar e 20 minutos parados à procura de estacionamento.

vivemos aos soluços

vivemos aos soluços. aí está uma frase com força e que sintetiza muita coisa.
Fico à espera das fotos

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