O dilúvio
A Comissão Europeia solicitou recentemente esclarecimentos ao Governo Português sobre as condições em que teriam sido concedidos alvarás a uns projectos turísticos no litoral alentejano.
Isto foi motivo de festa para algumas pessoas.
A Europa, que quando dá jeito é perigosamente "neoliberal", representada neste caso por um grupo de pessoas não eleitas e circunstancialmente nomeadas para a Comissão, inquire o nosso Governo democraticamente eleito sobre o porquê da aprovação de projectos que representam a conclusão de processos analisados ao longo de anos durante várias legislaturas e avalizados por todas as instituições públicas e privadas com autoridade na matéria e as pessoas encaram isto com uma espécie de patética volúpia masoquista dando de barato que o Governo (este, porque é o mais recente, mas poderiam ser todos desde Cavaco a Sócrates passando por Guterres, Barroso (o actual presidente da comissão, não é ridículo?) e Lopes) que elegemos democraticamente e as instituições públicas que dele dependem ( com as autarquias que desde o início do processo tiveram executivos Ps e PC) são todas corruptas e tudo o que decidem é ilegal.
Esta questão irrita-me um bocado e não é por uma questão de patriotismo.
É porque significa que o pior da crise não é o aspecto material, é o estado de decadência mental e auto destrutiva de um País relativamente privilegiado que insiste em dar tiros no pé.