Too much ado
Afinal também para o Presidente da República há coisas mais importantes do que o problema das escutas. Porquê? Porque certamente não tem qualquer indicação séria sobre a existência delas.
Ou seja, os partidos, o governo, a população, têm mais do que fazer do que preocupar-se com verdadeiros "disparates de Verão", como muito bem disse o Primeiro Ministro.
A única diferença é que Sócrates respondeu na hora e liquidou uma falsa questão e Cavaco Silva deixou, de forma pouco responsável, alimentar o "tabu" por mais de uma semana.
Durante essa semana, apenas o Primeiro Ministro minimizou a questão, única forma de não ter de a tratar como uma questão institucional de extrema gravidade e dando oportunidade ao Presidente da República de seguir o mesmo caminho, o que, paradoxalmente, foi interpretado pelos paranóicos anti-Sócrates-sobre-tudo-e-a-qualquer-preço, como "falta de seriedade".
Se a Direita, em geral, fez, como a habitual coerência, o que lhe competia e a mais não era obrigada, particularmente mal estiveram os partidos à esquerda do PS ao classificarem o caso como "arrufos", não distinguindo entre a gravidade da acusação e a necessidade de lhe responder. Um caso a arquivar como exemplo de falta de ética política.
Quem também sai mal na fotografia é o Público. Seria até interessante que divulgasse agora a transcrição da entrevista com o tal assessor fantasma. Não é de descartar que toda esta situação tenha sido gerada por utilização abusiva de uma frase fora do contexto e irresponsavelmente promovida a "notícia" por critérios jornalísticos "Deus-saberá-quais".